sexta-feira, dezembro 31, 2004

Anyway, the wind blows

Último post do ano. Amanhã vou viajar, logo estou de volta.

Feliz ano novo para vocês.

Para mim, este ano que se abre tem algo de diferente. Pela primeira vez, não fiz planos para ele. Não o idealizei. Tenho uma ou outra meta esparsa, mas nada de extraordinário. Nada de promessas que não posso cumprir, nem promessas que não quero cumprir.

Sobre o ano que passou, ainda é cedo para avaliar. Tive os melhores dias da minha vida, sem dúvida. E alguns dos piores.

Só sei que passou muito rápido. Sequer acredito...

É isto. Por enquanto, nada de "ano novo, vida nova".
Apenas ... ano novo.

O resto, como sempre, terei que pagar pra ver.

terça-feira, dezembro 28, 2004

Apenas mais uma de amor

Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder
Deixo assim ficar subentendido
Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Eu acho tão bonito isto de ser abstrato baby
A beleza é mesmo tão fugaz
É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de convencer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza, então
A alegria que me dá isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber.
-- Lulu Santos, Apenas mais uma de amor

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Above and Beyond

Há sempre um certo limite, o qual em dado instante, não podemos ultrapassar.

Onde não importa o quanto queiramos, nossas forças, naquele momento, não são suficientes para transpor tal ou qual obstáculo.

Assim sendo, não somos inteiramente livres. De certa forma, somos escravos.
Alguns de nós somos escravos das condições do mundo. E é muito difícil superar as condições do mundo, aqui incluidas as barreiras sócio-culturais de ordem mais ampla ou familiar. É claro que a escravidão aqui é relativa, pois há sempre a possibilidade de lutar até o limite das próprias forças, e ainda aí, meios de buscar multiplicar estas forças.

Alguns outros de nós somos escravos de limitações de nossos próprios corpos, que não possibilitam que nos expressemos como de outra forma poderíamos. É o caso das deficiências físicas e mentais.

Mas há ainda um outro nosso grupo. Há os que voluntariamente tornam-se escravos. Escravos do apego, escravos das paixões, escravos de si mesmos, escravos voluntários dos outros.

Somos condenados a sermos livres, e somos livres para escolhermos estarmos presos.

E estar-se preso é uma opção, não se pode negar. A questão é: preso a que, e por quê?

Por vezes confundimos dependência inútil com renúncia.
A renúncia é nobre. Tão nobre que raras vezes é vista na face desta terra, terra ainda de horrores e do espetáculo sangrento.

A dependência, no entanto, é pesada bigorna presa a nosso pés, que nos impede de voar.
E ela causa exatamente o oposto do que busca o dependente: solidão.

De que temos tanto medo, afinal?
Sei o medo, e o respeito. Mas não o entendo.

"Sozinhos vamos mais rápido. Juntos, vamos mais longe"

Traduzir-se (Fagner?)

Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguem, fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão

Uma parte de mim pesa, pondera
Outra parte delira
Uma parte de mim
Almoça e janta
Outra parte se espanta

Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte linguagem

Traduzir uma parte na outra parte
Que é uma questão de vida e morte

Será arte?

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Hoje / Renato Russo & Leila Pinheiro

Se nunca ouviu, vale a pena :-)

Deixa de lado essa pobreza
De quem insiste em julgar e explicar

Não vou poder calar meu coração
E essa saudade vem mansinha
Querendo me avisar
Acho que a gente é que é feliz

Deixa que falem
Eles não sabem
Não falo pelos outros
Só falo por mim

Ninguém vai me dizer o que sentir
Acho que a gente é que é feliz

Queria ter a carta natal do universo
E ver se entendia alguma coisa
O que espero da minha vida
O que quero da minha vida

Bom tempo
Muito tempo
Acho que a gente é que é feliz

domingo, dezembro 19, 2004

Pés no chão

"The only thing necessary for the triumph of evil is for good men to do nothing" -- Edmund Burke

"A única coisa necessária para o triunfo do mal é que os homens de bem não façam nada".

Não é necessário roubar, matar, violentar. Basta cruzar os braços. Basta ser cúmplice. Basta fingir que não vemos. Permitir os abusos.

Não é preciso ser o gerador da corrupção, o que se convencionou chamar por corrupto ativo. Basta tirar proveito da corrupção, ou se calar sobre a sua existência. Não é preciso deixar de seguir a regra, basta abrir uma excessão, do mesmo modo como para vazar uma caixa d'agua não é preciso quebrá-la, basta abrir uma pequena rachadura.

Onde, o homem de bem em mim? Se não tenho sido senão egoísta? Desde que a condição se tornou desfavorável a mim, só tenho feito revoltar-me. Meus espinhos afloraram, e, uma vez mais, afastei e afastei-me daqueles que me são caros. Como se eu tivesse o direito de passar meus problemas adiante, sob qualquer justificativa.

Onde, o homem de bem, se a todo testemunho que sou chamado a dar, só tenho unhas e dentes? Se ao amor que me devotam, não respondo senão com mágoa e decepção?

Agora conheço, em parte, a causa de meus tormentos. Olhei mais além no espelho, e tenho vergonha do que vejo.
Muito tempo será necessário para reparar o mau que causei, mais pela minha negligência do que por ação ostensiva.

Nem todos os erros são facilmente corrigíveis. Alguns deixam cicatrizes.
Muitas pessoas desejariam ver o que eu vejo, sentir o que sinto, saber o que sei, e muito possivelmente saberiam melhor do que eu o que fazer com isto tudo. Eu, ingrato, renego as bençãos que recebo, e as trato fossem maldições, quando na verdade, só as são se eu assim quiser. Se bem que querer não é bem o termo, mas é o começo.

Tenho muito por fazer. Levará tempo. Mas já sei onde chegar, e como.

Só lamento não ter sido justo. Dia virá em que todas as injustiças que cometi serão reparadas. Ao menos, viverei, e se necessário for, morrerei tentando.

E isto levará muito tempo. Mas eu prevejo o futuro. E se num primeiro momento não acreditei, e depois me desesperei, agora vejo mais claramente. Não há o que temer. Não há por que ser assustador, quando se tem um pouco de confiança na vida.

Ainda isto por vezes me falta: um pouco de confiança na vida. No caso, em se tratando de mim, que sou pé atrás com quase tudo, é "um pouco muito", mas tudo tem jeito, não?

Espero que sim. Pois as vezes em que ousei confiar, a vida não me decepcionou. Foi quando duvidei, que os problemas começaram. Aposto que tem gente que trocaria de lugar comigo sem pensar duas vezes. E eu maldigo minha vida!?

Ah, a ingratidão! Me envergonho!

Mas não me rendo: Agora que sei as regras da batalha, lutarei com meu melhor. Humildemente espero vencer. Digo humildemente por que tenho sido arrogante, incrivelmente arrogante e grosseiro. Não sei a troco de quê.

Um dia ainda descubro por que fazemos as coisas pelo avesso, quando seria mais fácil ir direto ao ponto. Orgulho? Provavelmente...

Sei que já disse isso, e quando disse isso, falhei, mas insisto: eu hei de vencer. Não tem outro jeito :-)

Por enquanto, me calo. Palavras são só palavras. É necessário que os atos que lhes seguem as dignifiquem, para que valham alguma coisa.

P.S..: Quando eu faltar com a humildade, autorizo qualquer um a me cutucar. Se eu retrucar, diga que eu autorizei. Saberei me calar :-)

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Broken promisses

Imagine um agricultor, imensamente feliz pois seu filho pretende cursar agronomia na cidade grande, para mais tarde, voltar e cuidar da fazenda da família. Imagine ainda que esta felicidade é uma grata surpresa, por que antes, o filho nunca havia demonstrado nenhum interesse em nada.

Então, o pai banca os estudos, livros, moradia, lhe oferece um carro, e tudo mais. O filho retorna apenas para as férias, mas parece insatisfeito. Não para muito tempo em casa, vai as cidades vizinhas e só volta no dia seguinte, para dormir até tarde.

O pai pensa que seja muito justo, pois afinal, são as férias, e seu primogenito tem mais é que se divertir, aproveitar a vida, pois passa o ano com a cara nos livros.

Um dia, no inicio do ano que deveria ser o seu ano de graduação, vêm a notícia de que o seu filho morreu de overdose. Dirige-se a cidade, e toma as providências para retirada do seu corpo, e fica sabendo, através de colegas e professores, que o seu filho nunca havia sido um bom aluno. Faltava aulas, só pensava em festas, e, eventualmente, acabou tomando gosto pela droga, um caminho do qual jamais voltou.

O que passa na cabeça deste pai, eu não sei. Em seu coração, menos ainda.

Só sei que, metaforicamente, e mantidas as devidas proporções, este filho sou eu.
E não hei de morrer por overdose.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Lições da semana

- Quem cala, consente.
- Estar certo costuma ser bom, mas as vezes seria preferível estar errado.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Saudades

Há tantas coisas que eu gostaria de dizer.
Mas sequer consigo coordenar as idéias, tampouco colocar em palavras.

Queria me fazer compreendido. Mas não posso. E com isto, só me resta ser julgado. Pelos preconceitos, pelo "eu acho", pelo "eu suponho".

Não desejo a ninguém que experimente o descompasso pelo qual passei. Mas, quem quiser saber como me sinto, e o que me afeta, provavelmente terá que passar pela mesma situação. Pois não há nada que palavras expressem.

E se fosse só uma ou outra coisa, mas é muita coisa ao mesmo tempo. Uma luta para tentar coordenar as idéias, que parecem se perder, ver algumas das pessoas que mais amo se afastarem, por vezes eu mesmo ter de me afastar para evitar magoá-las, e talvez com isto mesmo, já as magoando.

As vezes sentir-se como um cachorro vadio, enxotado a ponta-pés.

Descobrir que aquele olhar que te enche de luz, de paz, de esperança, aquele olhar que te faz sentir o coração disparar, talvez nunca mais olhe para você do mesmo jeito.

E, acima de tudo, nunca, jamais, em hipótese alguma, perder a esperança. Isto requer toda a força, não importa se a temos em sobra ou em falta.

E se ao invés de falar, falar, me dissessem para dizer apenas uma palavra, seria: saudades.

Saudades que a vida me pede que enterre.
E eu, por mais que me doa, tentarei.
As vezes, não temos mais escolha. É onde acaba nossa liberdade.

Boa semana :-)

Eu sei / Legião

Sexo verbal não faz meu estilo
Palavras são erros, e os erros são seus
Não quero lembrar que eu erro também

Um dia pretendo tentar descobrir
Porque é mais forte quem sabe mentir
Não quero lembrar que eu minto também

Eu sei...

Feche a porta do seu quarto
Porque se toca o telefone pode ser alguém
Com quem você quer falar
Por horas e horas e horas

A noite acabou, talvez tenhamos que fugir sem você
Mas não, não vá agora, quero honras e promessas
Lembranças e histórias
Somos pássaro novo longe do ninho

Eu sei...

sábado, dezembro 11, 2004

Rápidas da semana que se finda

- Apesar de ter me visto em uma situação onde pareci ter sido tratado como lixo e descartado, não me sinto como tal.
- Tomei dois banhos de chuva no mesmo dia, perdi um compromisso e cheguei atrasado em outro, e ainda assim, me sentia feliz. Se fosse um dia antes, eu teria tido um infarto. Como é importante estar bem e preparado para o que der e vier! Pena que falar é fácil. Aliás, é o grande problema. Fala-se de mais e se faz muito pouco.
- Me decidi a tentar o anti-depressivo. Mas ainda não o fiz :-)
- A coragem não consiste na ausência do medo, mas em fazer o que deve ser feito, apesar dele.
- Tudo tem um preço e um valor. Poucas coisas valem o que custam. E as vezes são justamente destas coisas que abrimos mão. Mas cada um de nós sabe o que faz, ou acabamos descobrindo, eventualmente.
- O tempo ajuda, mas não trabalha sozinho.
- Tentar parecer forte cansa. Não o sou.
- Há várias formas de se dizer a mesma coisa. É importante escolher a forma certa. O problema é que nunca sabemos qual é :-)
- É preciso fazer por merecer. Não tenho feito.
- Liberdade, bendita liberdade, como é bom poder controlar os próprios pensamentos (ainda que não 100%) :-)
- Por que, quando tudo parece perdido, ainda assim a esperança não me abandona? [Se a condição para obter a resposta é perder a esperança, prefiro ficar sem saber :-)]

sexta-feira, dezembro 10, 2004

E eu ...

Nem sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar
Você marcou na minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão que em minha porta bate
E eu gostava tanto de você
Gostava tanto de você
Eu corro fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você
E eu gostava tanto de você

Gostava Tanto De Você (Tim Maia)

Esta música pode não parecer a primeira vista, mas foi escrita por um pai que perdeu a filha.

N'alma ua só ferida (Camões)

(Mote)
Se a alma ver-se não pode
Onde pensamentos ferem,
Que farei pera me crerem?



N'alma ua só ferida
Faz na vida mil sinais;
Tanto se descobre mais
Quanto é mais escondida.
Se esta dor tão conhecida
Me não vêem porque não querem,
Que farei pera me crerem?

Se se soubesse bem ver
Quanto calo e quanto sento,
Despois de tanto tormento
Cuidaria alegre ser.
Mas se não me querem crer
Olhos, que tão mal me ferem
Que farei pera me crerem?

quinta-feira, dezembro 09, 2004

O sonho

Hoje eu não estava me sentindo nada bem, mas estava cansado de lutar contra isto tudo, afinal, pensei, estou lutando contra o desconhecido, e seria inútil insistir.

Então deitei a cabeça no travesseiro, e pensei em dormir um pouco, para ver se esqueço de tudo o que está acontecendo. Digo de tudo, por que se até um tempo atrás eu achava que estava com um ou outro problema, as vezes parece que não consigo identificar nada que esteja indo perfeitamente bem. Por vezes acho que a esta altura"caguei com tudo".

Mas aí, uma sensação estranha me envolveu. De repente, meu travesseiro parecia aconchegante, e meus pensamentos se tornaram mais leves. Eu lembro de ter respirado fundo, com calma, como se de repente mais nada houvesse a fazer, e logo após adormeci.

Acordei com reminescências do que parecia ser um sonho. Eu estava na beira de uma praia, ao entardecer, já quase noite, e eu parecia algo mais velho. Eu sorria, despreocupado, e conversava com alguém, sobre a vida, algo meio banal provavelmente, por que não lembro o teor da conversa. Mas intimamente lembrava do passado e de tudo que vivera até então, e respirava fundo, em paz, com a mesma calma de instantes antes de adormecer.

Isto já aconteceu, e acho que já escrevi sobre isto, mas antes não tinha dado importância.

E depois disso, tudo o que estou passando parece tão pequeno, tão, não sei, como se ficasse para trás. Eu quero aceitar a minha condição e parar de lutar contra. Meu estado já passou do ponto onde me machuco, e já faz tempo que estou machucando as pessoas a minha volta.

Uma pena que para sair do poço eu tenha que ir até o fundo dele antes. Mas talvez eu não tenha.

Perdão. Sei que é inútil pedir perdão, como inúteis são muitas das coisas que dizemos e que nos dizem, cujos atos desmentem. Aos que não nutrem mais nenhuma fé em mim, sinto muito. Aos que ainda tem esperança, agradeço, e peço paciência. Mágica não é bem meu forte. Mas desistir também não. Exceto nos casos em que desistem de mim, por que, aí, eu nada ou muito pouco posso fazer.

Tenham uma boa semana, ou o que sobrou dela :-)

Sem limites

Começa quando se quer o possível
E daqui a pouco já se tenta o impossível
E se vai muito além, e quanto mais anda, mais se afunda
E quem tudo quer, tudo ganha, e tudo perde.


"Não esconda tristeza de mim
Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho, força e cuidado

Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia de nossos amores" - -- Legião / O Livro dos Dias

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Vivendo e aprendendo...

... e se dando mal, por vezes.

Engraçado como a gente pensa que sabe das coisas mas acaba descobrindo que não sabe nada.

Por exemplo, sempre pensei que me acertava melhor com as pessoas que falam pouco. Por que as pessoas que falam muito costumam entrar nos detalhes e exagerar sua descrição, e minha mente, que julgo (provavelmente de forma errônea) como prática não gosta de perder tempo em coisas que não são necessárias ao entendimento da questão sob análise. Minha mãe por exemplo tem o hábito de descrever as cores das coisas, e suas manchas e outros detalhes que normalmente não tem nada a ver com o objetivo da conversa que ela mesma iniciou. Implicancia minha, eu sei, mas não tenho paciência.

Pois bem. Hoje me caiu a ficha, assim do nada, que eu tenho mais problemas com pessoas que, como eu (eu acho que sou assim, e devo estar enganado de novo), falam de menos.

Por que acontecem situações assim. A pessoa não se abre, não diz o que pensa. Aí um dia do nada ela resolve resumir tudo numa frase e solta a bomba. Se parar para pensar, fica evidente que tem zilhões de interpretações possíveis para aquela frase, mas como não há prévio diálogo e fica impossível saber o que levou a pessoa a chegar à aquela conclusão, você conclui pelos próprios meios e reage diante da colocação como a entende, o que não necessariamente é o que a pessoa quis dizer. Aí, como não há diálogo entre duas pessoas fechadas, você dá a sua resposta ou contra-argumento e novamente se inicia o ciclo, a pessoa fica encucada tentando entender por que diabos você respondeu daquela forma e o interpreta o que você quis dizer da forma que lhe é mais própria, etc, etc.

Eu acho que não sei ouvir. Cheguei a esta conclusão hoje. Talvez eu saiba quando convém, ou seja, quando estou em paz (o que é raro hj em dia), quando as fases da lua ajudam, sei lá. Mas acho que realmente não sei ouvir, de forma constante.

Mas uma coisa é certa: eu não sei se magoei se não disser, eu não sei se não magoei, se não disser. Eu não tenho bola de cristal, e já acho um saco ter que entender o que se passa pela linguagem dos mudos em pessoas que tem a faculdade da fala intacta. Ainda mais quando não se dispõe a me ouvir e tiram suas próprias conclusões, aí a coisa fica tão divertida quanto aquela brincadeira tosca de vendar os olhos e tentar colocar o rabo de pano com um alfinete no traseiro de um burro de pano, se é que é isso.

Assim sendo, eu vou ali me inscrever para marciano, que como terraqueo a coisa está difícil pacas.

Rápidas

- Saca só:

? Pontos obtidos pelo candidato na prova de Conhecimentos Gerais: 55
? Maior pontuação do(s) candidato(s) classificado(s) para a segunda fase no curso: 73
? Menor pontuação do(s) candidato(s) classificado(s) para a segunda fase no curso: 35

Menos do que eu esperava, mas ainda que fosse 35 eu tava feliz. Afinal, eu sequer posso dizer que estudei.


- É preferível ser sincero desde o começo, a sê-lo tarde demais. Mas é preferivel ainda o ser tarde demais, do que nunca sê-lo de fato.

- O orgulho é um sentimento enganoso. Parece ser a única defesa que temos as vezes, mas na verdade, é o principal responsável pelos nossos maiores erros. E é muito fácil esquecer disto, infelizmente.

- Pra frente e avante.

terça-feira, dezembro 07, 2004

Had I ... (reeditada)

"Tivesse eu os panejamentos bordados dos céus,
Envoltos em luz de ouro e prata,
Os mantos azuis, sombrios e obscuros
Da noite, da luz e da meia-luz,
Eu estenderia esses mantos a teus pés.

Mas eu, sendo pobre, tenho apenas sonhos;
E estendi meus sonhos a teus pés;
Pisa com delicadeza,
pois está pisando em meus sonhos."


"HAD I the heavens' embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half-light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams."

(William Butler Yeats - He wishes for the cloths of heaven)

segunda-feira, dezembro 06, 2004

De olhos fechados não me vejo

Me vi ali, sentado, no cume da mais alta montanha.
Olhava para baixo, para longe, e acompanhava com os olhos o burburinho dos dias e noites, das paixões, da grandiosidade e da miséria humana, sem entender exatamente o que se passava.

Não entendia como as vidas se interligam e interagem, como, diante do que se me afigurava um imenso caos, as coisas ainda assim podiam fazer sentido.

E lá, do alto da montanha, a visão é privilegiada, pois o tempo meio que desaparece. Enquanto grupos se deslocam de um lugar a outro, sem saber o que vai acontecer quando aportarem no seu destino, eu, que vejo de cima, já posso antever o resultado, ou as probabilidades, que, por enquanto, os atores deste cenário ignoram eles próprios.

Porém, eis que já não estou no cume de monte algum. Estou aqui, nas lides do povo. Estou na feira, no trânsito, no ir e vir sem fim e rotineiro.

Cá estou eu com as misérias e riquezas humanas, de novo, e de novo. E não consigo perceber que aqui, e nenhum outro, é meu lugar. É só aqui que encontro, dia a dia, a simultânea fonte de meu sofrer e meu querer viver cada vez mais.

Eis o palco de minha vida. Os ensaios e a peça ficam a meu critério. As limitações são vencíveis, se assim eu o desejar.
Me perco e me encontro. Me liberto e me vejo escravo.

E aguardo pelo momento em que conhecerei como sou conhecido, que se me afigura por vezes tão distante, mas eis que agora me parece que basta estender a mão e dizer: "- Estou aqui!".

Antes me parecia impossível. Por breves instantes, pela primeira vez na vida, estive livre. E agora me vejo enclausurado novamente. Porém, nada jamais será como antes. Por que se experimenta a liberdade, tem medo dela, mas se fica nela por tempo suficiente para desejá-la e vê-la como parte integrante, fundamental, e deveras possível de sua vida, então atingí-la passa a ser seu objetivo primário na vida.

E não importa que agora me seja dez vezes mais difícil do que era antes, eu sei, que de alguma forma, eu tenho cem vezes mais forças, forças que ainda estão descompassadas, ainda passo pela peneira, pela prova, pela arte de descobrir de que metal sou forjado.

E a maravilha, o bom de ser humano é que sempre resta a opção de trocarmos o material de que somos feitos. Aos poucos, de forma consistente, ainda que, por vezes, pareça impossível.

Sou escravo da armadura forte que me enclausura, desta vez, de difícil libertação. Mas sei que, com o nível adequado de concentração e preparo, com o instrumento certo e a força certa, qualquer metal vira manteiga.

E qualquer carne e osso vira plumagem de anjo, ainda que cinza e pálida.

Por que, sei que tenho falhado ao demonstrar, mas ainda, sempre, e apesar de tudo, somos quem podemos ser, enquanto houver... esperança.

domingo, dezembro 05, 2004

On the turning away (Pink Floyd)

On the turning away
From the pale and downtrodden
And the words they say
Which we won't understand

"Don't accept that what's happening
Is just a case of others' suffering
Or you'll find that you're joining in
The turning away"

It's a sin that somehow
Light is changing to shadow
And casting it's shroud
Over all we have known
Unaware how the ranks have grown
Driven on by a heart of stone
We could find that we're all alone
In the dream of the proud

On the wings of the night
As the daytime is stirring
Where the speechless unite
In a silent accord
Using words you will find are strange
And mesmerised as they light the flame
Feel the new wind of change
On the wings of the night

No more turning away
From the weak and the weary
No more turning away
From the coldness inside
Just a world that we all must share
It's not enough just to stand and stare
Is it only a dream that there'll be
No more turning away?

(Quem sabe?)

Frase da semana

"Somos vítimas de um destino: nascemos para perseguir a borboleta de asas de fogo. Se não a pegamos, seremos infelizes e se a pegamos, lá se nos queimam as mãos" -- Monteiro Lobato

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Levanta-te!

O medo cumpre sua função. É a de evitar que se atire irrefletida ou sorrateiramente a algo que possa te ferir. Porém, há um limite para o medo, onde ele passa a ser chamado de pavor.

E o pavor produz a falta contrária: te impede de agir. E isto é tão danoso quanto agir e quebrar a cara. Por que quebra a cara sem quebrá-la, se me permite o paradoxo. É sobreviver sem viver, é morrer sem tentar.

Tua paralisia e covardia te impedem de fazer o que quer ou deve fazer, e com isto, tu mesmo torna reais os teus medos.

Quando for tarde demais, talvez só re reste perguntar: que foi que eu fiz para impedir que meus medos virassem realidade? Que foi que eu fiz por minha própria felicidade?

O tempo passa, e com ele, as oportunidades. Vive!

terça-feira, novembro 30, 2004

Head on (Pixies)

As soon as I get my head around you
I come around catching sparks off you
I get an electric shock from you
This secondhand living just won't do
And the way I feel tonight
I could die and I wouldn't mind
And there's something going on inside
Makes you wanna feel
Makes you wanna try
Makes you wanna blow the stars from the sky
And I can't stand up
I can't cool down
I can't get my head off the ground
As soon as I get my head around you
I come around catching sparks off you
And all I ever got from you
Was all I ever took from you
Yeah, the world could die in pain
And I wouldn't feel no shame
And there's nothing holding me to blame
Makes you wanna feel
Makes you wanna try
Makes you wanna blow the stars from the sky
And I'm taking myself to a dirty part of town
Where all my troubles can't be found
I said yeah yeah yeah yeah yeah
And I'm taking myself to a dirty part of town
Where all my troubles can't be found
Makes you wanna feel
Makes you wanna try
Makes you wanna blow the stars from the sky

segunda-feira, novembro 29, 2004

Metal against the clouds

Não sou escravo de ninguém
Ninguém senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor eu tenho e temo o que agora se desfaz
...
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais

Eu sou metal
Raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal
E eu sou o ouro em seu brasão
...

Reconheço o meu pesar
Quando tudo é traição
E o que venho a encontrar
É a virtude em outras mãos
...

Quase acreditei na tua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha cela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa

Quase acreditei
Quase acreditei!
...
Que por honra
Se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo
...

É a verdade o que assombra
O descaso o que condena
A estupidez o que destrói

Eu vejo tudo o que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentindos já dormentes
O corpo quer, e a alma entende
...

Não me entrego sem lutar
Tenho ainda coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então!
...

Tudo passa, tudo passará!
...
E nossa história não estará
Pelo avesso assim, sem final feliz
Teremos coisas bonitas pra contar

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer

Não olhe pra trás
Apenas começamos
O mundo começa agora

Apenas começamos!

(Metal contra as nuvens sem a encheção de linguiça)

quarta-feira, novembro 24, 2004

Do cume da montanha

A excessão, talvez, dos que sofrem de algum tipo de masoquismo patologico, ninguém em sã consciencia gosta de sofrer. Alguns com uma visão algo distorcida podem ver no sofrimento solução para algum complexo de culpa, ou algum tipo de mérito ou beleza mórbida e romântica.

Basta lembrar dos religiosos de várias épocas que, por alguma aberração do entendimento, se impunham o auto-flagelamento, como se isto aproveitasse em algum bem para quem quer que fosse; eis aí, aliás, a chave da inutilidade de certas medidas: não aproveitam em nada para ninguém, e além disso, causam mal para si e para os que se importam consigo.

Um vez isto que isto esteja bem claro, que não sou do time masoquista, posso dizer que me sinto feliz diante do que tem ocorrido comigo. É óbvio que eu não diria isto se me sentisse como me sentia digamos até ontém cedo, mas agora, que tenho momentos de paz, observo que coisas interessantes aconteceram.

Em primeiro lugar, me vejo forçado a admitir que não vinha prestando suficiente atenção nas coisas. Em alguns aspectos, me preocupava mais com os acontecimentos negativos do que com a miríade de coisas positivas que me tem acontecido, diariamente. E, naturalmente, esta postura não ajuda a enfrentar certas condições. Hoje vejo que não tenho aproveitado e dado valor a cada pequena benção que faz possivel levar cada dia, desde o nascer do sol, até a gentileza e o cuidado que as pessoas, mesmo algumas estranhas, dispensam para comigo, sendo que, por vezes, me vejo fazendo o contrário, sendo rude até.

Em segundo lugar, o medo. Está certo que a depressão, ou seja lá o que isso for, amplifica e distorce as sensações, mas o medo tem sido algo até mesmo a nível consciente. Não consigo entender onde começo a alimentá-lo, mas o fato é que o faço, e a verdade é que não tenho por que me sentir inseguro com relação as minhas idéias, meus pensamentos. Não posso esquecer que elas são o fruto de tudo que passei até aqui, e por frágeis que sejam algumas delas, ainda assim não sou exatamente um perdido no mundo, afinal, eu tive razões e experiências suficientes para construir um mínimo de fé na vida e auto-confiança. Não acredito em mim, e não tenho minha visão de vida, por convicção ideológica pura e simples, cético que o sou, mas por que passei por situações que, indubitavelmente, me mostraram que as coisas são e/ou podem ser da forma que imagino serem. É claro que frequentemente descubro que interpretei errado, que exagerei ou faltei em alguma observação, mas a essência já foi posta a prova, diariamente, e não é necessário caia o céu sobre a minha cabeça para que eu perceba isto (ao menos, espero que não mais).

Por último, mas não por menor importancia, não creio ter autoridade para dar conselhos, mas deixo um, de metido mesmo: Cuidado com a vontade. A vontade é um atributo com potêncial criador, mas como toda ferramenta, pode ser usada para construir, ou destruir; de modo equilibrado ou não, e como tal, muita atenção se faz necessária quanto ao seu uso.

Quando a euforia te dominar, cuidado: usa a razão. Contrabalança. Não se empolgue com quimeras. Quando o desânimo te visitar, cuidado: tenta parar e respirar, buscar inspiração, mas de forma equilibrada.

Uma pessoa sem vontade nada faz, uma pessoa com a vontade mal direcionada gera desequilibrio, em si e nos outros.

Se sozinho não conseguir por o vagão de volta aos trilhos, não espere para pedir ajuda, não tenha medo, vergonha ou orgulho; Quando perceber que não dá conta sozinho pelo cansaço, pode ser tarde demais, e muito pior.

Se não tenho autoridade para dar conselhos, então ficam estes como lembretes para mim mesmo, para os tombos que ainda levarei, para os testes em que ainda falharei.

Já foi dito (agora não lembro por quem e se a frase é exatamente essa): O mérito não está na vitória propriamente dita, mas na tentativa, na busca.

A felicidade é atributo indispensável para percorrer o caminho de nossas vidas, a felicidade não se encontra no final de nenhuma estrada que a esta conduza, e sim dentro de nós mesmos.

Se recordo bem do mito da caixa de pandora, quando aberta, libertaria todos os males do mundo, mas igualmente, as virtudes necessarias para vencê-los.

Não nos enganemos: Não existe realização que possa ser encontrada em prateleira de supermercados, ou gratuíta; Devemos construir a nossa própria, e ninguém pode fazê-lo por nós.

Gratuita foi a vida que recebemos, um milagre, seja analisada sobre qualquer óptica.
E a única coisa que a vida nos pede em troca, não por bem dela, mas antes por nós mesmos, é que façamos o nosso melhor.

Raramente somos quem poderíamos ser, mas somos, sempre e ainda, quem hoje podemos ser.


Libertas quae sera tamem - Liberdade, ainda que tardia :-)

terça-feira, novembro 23, 2004

Música da situação

Só por hoje
Eu não quero mais chorar

Só por hoje
Eu espero conseguir
Aceitar o que passou e o que virá

E só por hoje vou me lembrar
Que sou feliz

Hoje eu já sei que sou tudo que preciso ser
Não preciso me desculpar
E nem te convencer
O mundo é radical

Não sei onde estou indo
Só sei que não estou perdido
Aprendi a viver um dia de cada vez
(quisera!)

Só por hoje eu não vou me machucar
Só por hoje eu não quero me esquecer
Que há algumas pouco 24 horas
Quase joguei minha vida inteira fora

Não, não, não, não!
Viver é uma dádiva fatal
No fim das contas
Ninguém sai vivo daqui

Mas vamos com calma!

Só por hoje
Eu não quero mais chorar
Só por hoje eu não vou me destruir

Posso até
Ficar triste se eu quiser
É só por hoje
Ao menos isso eu aprendi
Yeah!

(Ah, quisera eu...)

Só por hoje - Legião Urbana - O Descobrimento do Brasil

Socorro

Me pergunto se irei conseguir.

Eu, sempre cheio de mim, me achando o máximo.
Sou forçado a admitir a fragilidade das coisas.
E minhas próprias limitações.

Vou tentar expressar como me sinto. Não conseguirei, não há palavras que descrevam as sensações.

Parece que estou sendo esmagado. Uma dor suave percorre cada músculo do corpo. A impressão é que vou ser virado do avesso a qualquer instante. As mãos tremem.

Na cabeça, uma confusão só. Numa hora, tudo parece engraçado, noutra hora parece tudo triste. Uma sensação de vazio, como se eu estivesse sozinho no deserto, como se houvesse perdido, em definitivo, todos aqueles que amo. Como se soubesse que jamais os verei novamente. Como se ninguém se importasse, ainda que eu saiba, se importam.

Não importa muito onde estou, se numa sala de aula ou trancado no meu quarto, a sensação é a mesma: vazio. Imensa solidão.

E sinto raiva. De mim mesmo, por não conseguir controlar isto. Por me permitir carregar tanto lixo mental e agora não conseguir se desfazer dele.

Nos momentos onde isto se acalma, tenho esperança. Algo me diz que talvez este processo seja necessário para drenar o pântano que há em mim.

Não sou um homem bom. Procuro ser justo, e talvez neste processo, acabe abrindo mão de coisas demais. Talvez se eu impusesse minha vontade com mais força conseguisse algo bom, talvez conseguisse destruição. Mas já não sinto minha vontade. Só o vazio, e medo do vazio.

Mas não, não sou um homem bom.

Este mundo é engraçado. Quando você está se afundando no pântano, ninguém parece se importar. Especialmente os que voluntariamente se afundam, também. Agora, tente mudar de idéia e dizer:
- chega. De agora em diante, farei tudo diferente. Darei o meu melhor.

O que acontece? De repente você é notado. Deixa de ser apenas mais um suicida inconsciente e começam as cobranças. Do dia pra noite querem que seja santo, querem que seja perfeito. Que preste testemunhos de coragem.

É difícil dar o primeiro passo rumo a qualquer coisa boa nesta vida. É bem mais fácil se afundar no lodo, dia após dia. Permitir que os outros decidam o que você pode e o que você não pode fazer. Permitir que te imponham a força o que pensar, o que fazer, o que sonhar. E é bem capaz que com o tempo te dobrem, te convençam a prostituir suas idéias, seus sonhos, tudo para apaziguar os opressores, tudo por que tua vontade é fraca. Tudo por que não tem coragem de levantar e dizer: - Basta!

Estou cansado. Me sinto cansado.
Quando isto tudo passar, eu irei levantar, bater a poeira, e seguir para a frente. É o que deve ser feito.

O segredo desta vida é saber o que se quer. Descobrir até que ponto se quer, o que se está disposto a fazer por isto. Fechar os olhos, e se atirar.

Por que se a lembrança dos pequenos tombos que nos esfolam os joelhos nos parecem tão sofridas a ponto de nos impedir de ir para a frente, de viver, de crescer, de buscarmos o que realmente quisermos, então continuamos escravos. Escravos de nossa fraqueza e dos anseios dos outros, das expectativas que constroem em torno de nós. Escravos de nossos medos.

É natural que queiramos ser admirados, que queiramos agradar. Que sonhamos que um dia nos digam "Sinto orgulho de você".

Mas nada disso vale, se o preço a pagar for abrirmos mão de nós mesmos.

Coragem. Tenhamos coragem.

Que queres da vida, afinal?

segunda-feira, novembro 22, 2004

Chega a ser engraçado.

Este negócio é patético.

Num instante passam besteiras de todo tamanho pela sua cabeça, você chega a pensar em se matar (eu jamais faria isso, mas que este absurdo vem na cabeça, vem), no outro está incrivelmente bem como se nada tivesse acontecido.

Se não fosse a pior sensação que já experimentei, estaria rindo de mim mesmo.

Não ter controle algum sobre eu mesmo. Eis minha situação.
Divertido não?

O bom é que isto passa.
Eu acho ... e espero :-)

Aprendi a esperar
Mas não tenho mais certeza
Agora que estou bem
Tão pouca coisa me interessa

Contra minha própria vontade
Sou teimoso e sincero
Insisto em ter vontade própria
...

(Legião - La age d'or)

A luz que se apaga

Aos que lêem aqui com frequência, duas coisas: Obrigado, e desculpas.

Obrigado pela paciência, pelo interesse, pelos comentários e pela presença em minha vida. Ainda que isto por vezes signifique muito pouco para vocês, tem sido muito importante para mim.

Desculpem-me, mas esta etapa chegou ao fim.
Eu já não tenho motivação para escrever aqui. Minha inspiração parece confusa e não consigo captar coisas boas. Como de lixo o mundo já está mais do que cheio, me abstenho de continuar.

O grito de socorro se cala. A luz se apaga. Ao silêncio, respondo com o silêncio.

Adeus...
... E até breve.

sábado, novembro 20, 2004

Depressão

Meus altos e baixos explicam-se parcialmente:
http://www.psicosite.com.br/tra/hum/depressao.htm

Minhas alterações de humor provavelmente são sintomas de depressão. A depressão por sua vez costuma ser sintoma de outras coisas. Há duas abordagens paralelas para lidar com o problema: tratar os efeitos e as causas. Combater os efeitos da depressão, através de tratamentos variados, incluindo a medicação alopática como um deles, é fundamental para permitir que o doente possa seguir sua vida de forma normal.

No entanto, há de se inquirir de suas causas, pois do contrário, torna-se um dependente (ainda que não químico) da medicação e/ou intervenções de outra ordem. Alguns médicos acreditam que não há outra forma. Considero ingenuidade.

Tenho suspeitas quanto as causas da minha, mas não vem ao caso.

O fato é que possuo os sintomas há muito tempo e nunca pensei que pudesse ter a ver com isto. Tive crises, das quais recordo, aos 11, 14, 15, 16, 18, 20, 21, e agora, talvez a mais forte delas, aos 24 anos.


Considero a alternativa da medicação, que me permitiria levar uma vida normal por algum tempo, enquanto trato os traumas que deram origem a este e outros problemas que possuo.

Chego a me sentir envergonhado. Acho que nunca pensei que passaria por isso. As vezes acho que nem sou humano, a vida encontra formas bizarras de me provar o contrário.
Mas lições de humildade são bem vindas.

Perdoem minhas últimas mensagens anteriores a esta. Por fidelidade a verdade, as mantenho na íntegra. Mas estou bem melhor agora, e não tenho medo senão de que as pessoas se afastem de mim.

Mas, se parar p/ pensar, é um direito que elas tem. Não posso temer pelo que os outros fazem ou decidem, ou deixam de (fazer, decidir).

Boa noite. Perdoem qualquer coisa. Em breve, de volta com a programação (a)normal.



sexta-feira, novembro 19, 2004

Fearfull!

MEDO FILHO DA ****!

Resposta padrão: foda-se.

Vamos matar o filósofo por um pouco.
Estarei operando em modo "foda-se" por tempo indeterminado. Para as perguntas cuja resposta imediata seja "não sei", vai continuar sendo, não vou cavar mais fundo. Por enquanto não tenho interesse em saber. Viver já está sendo suficientemente difícil para que eu encontre tempo e motivação para buscar saber o que quer que seja.

É isso. Sigo cumprindo meu dever. É o que me resta.

Aos que não entendem como oscilo entre extremos tão opostos, a resposta é bastante simples: as grandes capacidades não são boas ou más, são apenas grandes meios, cujo fim cumpre a vontade determinar. E a minha vontade mostra-se enfraquecida, por que sinceramente, não sei mais em que acreditar.

Me sinto a soma de Ícaro e Dr. Jivago; Na ousadia e na fatalidade do impossível.


Não que nada disso importe, after all.

quinta-feira, novembro 18, 2004

The show must go on

Não sei o que pensar, e nem o que dizer. Há tanta contradição. Tanta confusão.
E, por vezes, as únicas coisas sobre as quais tenho certezas são aquelas que mais parecem impossíveis.

Acho que sou masoquista. Adoro os paradoxos. Eu mesmo sou um, bem grande. Raíz na terra, cabeça nas nuvens. Por vezes sinto minha força, por vezes a jogo fora e fico vazio.

Transformo dias impossíveis em dias fáceis, e dias fáceis em dias de tormenta. Tenho o toque que cura e o toque que apodrece. Reflexo do paradoxo que carrego em mim. Que aproxima e afasta as pessoas de mim.

Ou não. Já não sei de nada. Chega de dramatizar as coisas. Bola pra frente. O show deve continuar.


"Parece cocaína
Mas é só tristeza
Talvez tua cidade
Muitos temores nascem do cansaço
E da solidão
E o descompasso e o desperdício
Herdeiros são agora
Da virtude que perdemos

Há tempos tive um sonho
Não me lembro, não me lembro
Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso

Os sonhos vem, os sonhos vão
E o resto é imperfeito

Disseste que se tua voz tivesse força igual a imensa dor que sentes
Teu grito acordaria não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira

E há tempos
Nem os santos
Tem ao certo a medida da maldade
E há tempos são os jovens que adoecem
E há tempos o encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
E só o acaso estende os braços a quem procura abrigo
E proteção

Meu amor:
Disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem

(E ela disse:)
- Lá em casa tem um poço, mas a água é muito limpa" -- Há tempos, Legião Urbana

segunda-feira, novembro 15, 2004

Once, upon a time.

- O
- Seja bem vindo. O que posso fazer por você?
- Gostaria de solicitar uma audiência.
- Uma audiência? Com alguém em particular?
- Com alguém que esteja apto a conversar comigo e me ajudar. Qualquer um.
- Pois não, irei chamar alguém. Aguarde aqui um instante, imperador.
- Por favor, não me chame assim. É embaraçoso. Sequer tenho império sobre minha própria vida. Estou aqui para pedir ajuda.
- Desculpe, não quis constrangê-lo. É que embora faça muito tempo, eu recordo daqueles tempos como se fosse ontém. O senhor foi grande, apesar dos pesares.
- Ninguém torna-se grande para cair. Se cai, é por que nunca fora verdadeiramente grande. Sou inferior a muitos dos que me serviram. Em verdade, carrego grande culpa, devido aos abusos que cometi naqueles tempos.
-Se me permitir a curiosidade, nunca entendi o porquê de os seus dias terem sido tão radiantes e depois tão trágicos. Libertou varios povos, e depois escravizou varios outros, terminando por empobrecer o seu próprio. O que houve?
- Ah, a ambição, soubesse eu o preço dela. O sentimento que me movia era o de liberdade, assim como a maioria de meus melhores generais e fieis conselheiros. Mas o poder é algo assim tão ilusório, é como uma paixão, que multiplica tuas forças desde que tu a uses para algum fim louvável, mas que te esmaga como fosses inseto caso deixe que ela assuma o controle. É semelhante a um carro que te permite ir rápido, mas que te leva a morte caso não segure firme as rédeas.
Outros povos, outros reinos, poder, sempre o poder. Quase perdi meu próprio povo pela fome e pela peste que permiti se instalasse em nosso reino, é verdade, porém a justiça me alcançou antes que eu fosse culpado pela extinção de toda uma gama de vidas, juntamente com sua cultura, que deixou legados que hoje formam as bases de grandes civilizações.
- Creio que entendo o que me diz. Então diria certamente que não valeu a pena?
- Todo o poder? De que vale ganhar o mundo e perder-se a única coisa que realmente se pode ter nesta vida ingrata, que é o império sobre si mesmo?
- Desculpe-me pela curiosidade, mas não é todo dia que se pode saciá-la. Ah, veja, recebi a comunicação. O senhor será atentendido pelo sr. Hernesto, que irá lhe encaminhar ao departamento diretor, onde será recebido pelos conselho tutelar de nosso estabelecimento.
- Agradeço a deferência, mas gostaria de ser tratado como fosse um transeunte qualquer, pois é o que sou, na verdade.
- Aqui não concedemos privilégios a ninguém. Se o conselho determinou atendê-lo diretamente, é por uma boa razão.
- Assim sendo, acato a determinação do conselho com muita honra, e me confio em vossas mãos.
- Olá, seja bem vindo. Me chamo hernesto, o senhor me siga, por gentileza.
- Agradeço por ser recebido. Guia-me os passos.

quinta-feira, novembro 11, 2004

Calma e Força

Lembra quando você era criança
E tudo te parecia possível?

Os verdes campos e o cheiro da chuva
As brincadeiras na rua, as amizades

Lembra quando você precisava de tão pouco para sentir-se feliz?

Hoje, tudo te parece difícil, demorado, distante.
Os verdes campos, quando raramente os vê, não parecem ser capazes de trazer de volta a infância.
Teus amigos já não estão por perto quando precisa deles
E a tua rua, antes alegre, parece deserta, sombria.

É, as coisas ficam mesmo mais difíceis. Especialmente por que não vês o término desta fase. As vezes pergunta-te se vai ser sempre assim.

Queria ter liberdade para falar do futuro, mas direi apenas do presente.

Hoje é o dia mais importante de sua vida. Nem ontém, nem amanhã, pois o ontém já foi, e não volta, não importa o quanto queira, e o amanhã não é senão o resultado do que por ventura conquistar hoje.

Não aconselho viva, no entanto, como se não houvesse amanhã.
Não aconselho viva, no entanto, como se não houvesse aprendido nada com o ontém.
Não aconselho deixe de viver, por expectativa do amanhã, pois assim, o amanhã nunca vêm.

É preciso ter calma.

Deixar que a sensação do cheiro da chuva te preencha o coração, não pela lembrança do que já foi, mas para que sinta hoje, quem você é, e a força que existe dentro de você.

Calma, e força.

Aí então, entenderá o amanhã.

Não há caminho que conduza até a felicidade. A felicidade é o caminho.

quarta-feira, novembro 10, 2004

Once I had a dream (provisorio)

Once, I had a dream
And I thought they could take this dream
Away from me

But now my dream is real
Every day and night
It feels like I know who I am

Once, I had a dream
And I thought I would not hang on
And I could break apart

But now my dream is real
And every day and night
It feels like I know who I am

It's not easy trying to be
Who you really are
But it is always worth the try

So throw away the masks
Throw away the fears
Throw away my heavy luggage

For now I travel light

Once, I had a dream
And now
No one can take it away from me

(Letra. Fiz agora. Correcoes se necessarias mais tarde. Depois eu traduzo. Pra quem disse que nao ia escrever muito, estou inspirado.)

terça-feira, novembro 09, 2004

Avante

Pela janela do ônibus, observo as edificações. Percebo a geografia do lugar. Imagino que antes daqueles prédios e casas, havia uma bela colina. E apesar de a urbanização ainda conseguir enfeiar um pouco, a geografia daquele trecho ainda continua muito bela.

Mas quando vejo aquelas janelas e luzes, umas acesas, outras apagadas, não é nas edificações e nem na geografia que penso. Penso nas pessoas que moram por trás daquelas janelas, e meu coração se enche ao mesmo tempo de alegria e de tristeza.

De alegria pois vejo a vida fluir. Onde as pessoas acreditam e a mídia faz acreditar que só há o caos e a violência, eu vejo as pessoas de bem lutando pela própria sobrevivência, pela educação de seus filhos e por um dos bens mais sagrados e desconhecidos de nossos tempos: um pouco de paz.

Mas um pouco de tristeza me invade o coração, devo admitir. Por que fico imaginando que por trás daquelas janelas há tantos dramas humanos. Tantos lares fragilizandos. É o filho doente, a mãezinha amada que perdeu o filho e a razão de viver, se esquecendo por vezes que os outros filhos continuam aqui necessitando dela, é o pai sem emprego que cedeu aos apelos do alcoolismo e da drogadição, os filhos adolescentes que se auto-destroem nestas problemáticas e noutras fugas. Os irmãos de sangue que parecem inimigos de coração; O esposo e a esposa que já não se entendem mais...

E tantos outros dramas que nos atingem a todos, quer a nós mesmos diretamente, quer as pessoas que amamos.

A vida de todos nós não é fácil. Sofremos, e não obstante, buscamos a felicidade, mas não sabemos exatamente onde ela está. Vamos atrás do colorido e do barulho, das pessoas que passam sorrindo e distribuindo gargalhadas, aparentemente felizes, tentando comungar com elas nestes momentos de alegria gratuita, e raramente vemos que muitos deles riem por fora, enquanto choram por dentro.

Invejamos e temos por modelos e heróis, por vezes, aqueles que são bem sucedidos na vida. Que viajam muito, trocam de carro todo ano, e parecem sempre progredir, ignorando que por vezes em seus lares por vezes há infernos e tormentos bem piores do que aqueles que permitimos ainda existam nos nossos próprios lares. E que as vezes a fortuna e a alegria deles podem ter sido amealhadas a custa do sofrimento de tantos, embora isto não necessariamente constitua regra.

Cedo ou tarde, a vida nos chama a maiores responsabilidades. Não devemos tentar apressar as coisas ou sofrer tentando fazer mais do que podemos, por que nosso dever consiste tão somente em sermos úteis conforme nossas possibilidades, já que este processo mesmo é que vai nos tornando aptos a vôos mais altos.

E chegando em casa, me pergunto: que posso fazer, hoje, para melhorar, senão o mundo, o cantinho onde moro? É preciso começar pelas pequenas coisas. Minha mesa bagunçada talvez seja um bom ponto de partida. Tenho certeza que consigo jogar fora 90% do papel que acumulo, senão mais.

Começar pelas pequenas coisas. Eis a lição que tenho esquecido .

Toda caminhada de mil quilômetros começa no primeiro passo.

segunda-feira, novembro 08, 2004

O tempo "ruge" haha

Ando meio sem tempo de postar aqui... desculpem.

É uma atividade que gosto muito, faço (quase) sempre com muito amor.
Mas tá tudo uma correria, acho que a tendência é piorar nos próximos dias, mas devo voltar a postar nos próximos fins de semana, assim que assimilar melhor minhas mudanças de horário. Meu relógio biológico está entre a china e marte.

Mas se alguém quiser "encomendar" um post, entre em contato sugerindo um tema. Se eu estiver suficientemente inspirado, pode ser que saia algo.

Até lá, me desejem boa sorte neste novo ritmo louco e fiquem com Deus.

domingo, outubro 31, 2004

Dias bons

Ontém fui a um rafting. É algo incrível. Ainda lembro da primeira vez que fui, eu achava que não iria gostar tanto. Mas é algo que vicia. Em parte pela adrenalina, em parte pela sensação de controle, em parte pelo trabalho em equipe.

Sem mencionar o fato de que costuma ser bom mudar de ares, mesmo que seja por um dia. Gosto muito de pegar uma estrada, observar a paisagem, a geografia. Pensar que por sobre estas terras abençoadas, criamos nossos lares, buscamos nosso sustento, criamos nossos filhos, descobrimos quem somos.

A sensação de se atirar na água gelada durante um dia extremamente quente e sentir aquele imenso alívio. Flutuar sobre a água, sem medo de afundar. Quem dera pudessemos usar um colete salva-vidas durante todos os dias da vida, e poder flutuar sobre os problemas, as dúvidas, o medo. Sentir-se suficientemente lastreado a ponto de fazer o que deve ser feito, sem medo de errar.

Há tanta beleza na vida. Pena que as vezes acreditemos que a beleza é algo excepcional, que só acontece em raros momentos, que, efêmeros, se perdem por vezes na noite do esquecimento. Acredito que ao contrário, a beleza e a bondade é o estado natural. Somos nós quem, conscientemente ou não, elegemos a tristeza, o tédio, o dia nublado, como nosso estado de espírito. Talvez por que vamos nos acostumando a isto, não sei.

Não sei muita coisa. Mas sei que não é fácil. Que tentamos ser felizes, e conforme os espinhos vão machucando, acostumamos a nos dizer que é impossível, que se não dá certo agora, provavelmente também não dará amanhã. Que no final, tudo da errado, como tem dado errado.

Nos acostumamos, nos acomodamos, nos acovardamos, esta é a verdade. As vezes acho que o problema é simples. É uma questão de cronologia. Não sabemos lidar com o amanhã.

Aquele rio, que corta montanhas, cuja paisagem é tão perfeita, não ficou pronto da noite para o dia. Aquelas pedras rolam por milhares de anos antes de adquirirem sua forma. E queremos tudo hoje, e tem que ser do nosso jeito, senão nem interessa.

E assim, vamos nos afastando da felicidade possível, não por conta da infelicidade, mas por conta de ideais de felicidade impossível, imaginária. Lembramos de como um dia fomos felizes no passado, com coisas tão simples e fáceis, e queremos trazer esta felicidade para nossos dias de hoje, mas com isto por vezes sofremos, por que, por mais que não queiramos admitir, já não somos, necessariamente, a pessoa de ontém.

As crianças são mais felizes do que os adultos, por que para elas, uma tampinha de refrigerante pode se transformar em nave espacial, sorrir é natural, e esquecer as ofensas é algo inato.

No entanto, é inevitável crescermos, e nos depararmos com novos desafios, onde as coisas já não são simples, nossas necessidades, algumas reais, muitas outras imaginárias, são cabeludas e somos tão magoáveis.

Alguns dizem que a dor vem do desejo de não sentir dor. Outros, que a dor é resultado da frustração da tentativa de transformar em permanentes as coisas transitórias, de tentar eternizar o que só pode ser eterno nas nossas memórias. De nos apegar ao que já foi.

Não vou discutir se uma destas concepções é mais apropriada do que as outras, ou se elas abarcam todo o expectro do sofrimento. Acho que somos ainda mais complexos do que isto.

Mas o fato é que por vezes, somos nossos maiores inimigos, e nosso orgulho nos impede de ver isso. Nos esquecemos neste ponto das crianças, que não pensam duas vezes antes de gritar: preciso de ajuda.

Esperando por mim

Acho que você não percebeu que o meu sorriso era sincero
Sou tão cínico as vezes
O tempo todo estou tentando me defender

Digam o que disserem, o mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria arrogância
Esperando por um pouco de afeição

Hoje não estava nada bem
Mas a tempestade me distrai
Gosto dos pingos de chuva
Dos relâmpagos e do trovão

Hoje a tarde foi um dia bom
Saí para caminhar com meu pai
Conversamos sobre coisas da vida e tivemos
Um momento de paz

E é de noite que tudo faz sentido
No silêncio eu não ouço os meus gritos

E o que disserem, meu pai sempre esteve esperando por mim
E o que disserem, minha mãe sempre esteve esperando por mim
E o que disserem, meus verdadeiros amigos sempre esperaram por mim
E o que disserem, agora meu filho espera por mim

Estamos vivendo
E o que disserem
Os nossos dias serão para sempre.

(Esperando por mim / Legião Urbana)

Temo e tremo

De tanto temer,
Temo um tanto,
Outro tanto me teme,
E de temor em pavor,
Teme e temo,
Temeridade, temeria, temeremos.

Tenho um temor de tal ardor
Um não-sei-quê, sem valor
E é tal que quando me vejo em mim,
Já não sou eu,
Me temo em ti

Tenho medo tanto temo
Por temer querer assim
Que a dor se vá, que o temor me desligue
Temo e tremo o destemor
Tenho e tento o meu rancor

Já faz tempo,
Inda foi ontém
E temo e tenho este calor
E vejo e vou e vim e sou
E eu que tremo nem sei ir

Valho o que tenho
Não valho o que sou
Nem sequer valho o silêncio
Tenho e temo o teu temor

Tolos! Eu sou, e não me vês. Eu vim, e não me viste.
Trema e tema, pois se não vês
Tenho e temo o que sequer existe!

quinta-feira, outubro 28, 2004

Última a partir

Olá,

Dizem que sou a última a morrer. A que enterra a todos. A que não terá coveiro.

É, pode até ser... Espero que não.
É quem eu sou, é meu dever. Não posso ser pessimista, já que este dever vocês parecem assumir sozinhos. Se é que é um dever. O meu eu sei. O de vocês, bem, ... não é da minha conta.

Dizem que sou solitária. O que não é verdade, já que se eu for a última a ir, terei estado antes com todos vocês. Ouvido suas histórias, aprendido o que dizer ao próximo que se encontrar na mesma situação. Ainda que alguns de vocês só lembrem de mim depois que já é tarde. Ah, pensaram que iriam me pegar nesta não? Estou brincando. Nunca é tarde. As vezes as oportunidades passam, as vezes vocês se enganam, as vezes se confundem. Vocês são assim, e até certo ponto os invejo, aquilo que conquistam pertence a vocês, enquanto que eu apenas empresto a luz para acender a vela dos seus corações. As vezes nem me notam, frequentemente me desprezam, isto quando não me temem.

Mas nunca é tarde. Se é tarde para começar, não é para recomeçar. Se é tarde para evitar um engano, é sempre tempo de repará-lo. Quando tudo parece perdido e cai a noite, o sol nasce n'outro dia, não importa o quanto queiram que isto não ocorra.

Sou a amiga fiel de todas as horas. A que entende quando vocês se enganam a si mesmos, e com isto confudem aos outros, mesmo sem querer. Por que não deve ser fácil mesmo ser humano, viver nestas dúvidas, apagar a vela e ter que me chamar para reacendê-la, não raro, mais de uma vez por dia.

Vocês as vezes esquecem que são assim, sujeitos a erros. Que se zangam, que se perdem, que não tem controle sobre tudo, aliás, sobre quase nada.

O mérito está mais na tentativa, do que no resultado. Na tentativa me faço presente, no resultado, eu me afasto, por que então já não precisam tanto de mim.

Sou a que fornece luz sem esperar gratidão, a que ilumina o caminho sem ser percebida, a que compartilha das alegrias sem ser chamada, a que enxuga as lágrimas sem questionar por que choras.

Me chamo esperança, e sou uma, mas me apresento de forma diferente para cada coração.

Meu disfarce hoje é o amor, amanhã, a ingratidão. Não sabes donde venho e nem quando me vou, mas sabes, no teu íntimo, que pode contar comigo.

Quando o vento ameaçar virar teu barco, quando tuas forças parecerem acabar, olha o céu onde estrelas inumeráveis cuja luz viaja por tanto tempo, estrelas que te convidam a entender que é preciso tempo, vontade e perserverança para brilhar além da noite escura, e pensa em mim, que se tudo espero, nada espero em troca, e verás que, lá no fundo, não precisas chamar por mim, pois sou parte de ti, e sempre serei.

terça-feira, outubro 26, 2004

Música da semana

Esta é a música escolhida para a semana, mas bem poderia ser a música tema da minha vida, não existissem outras que vergonhosamente dariam mais certo.

Sereníssima / Legião Urbana

Sou um animal sentimental
Me apego facilmente ao que desperta meu desejo
Tente me obrigar a fazer o que eu não quero
E cê vai logo ver o que acontece.

Acho que entendo o que você quis me dizer
Mas existem outras coisas.

Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade
Tudo está perdido mas existem possibilidades

Tínhamos a idéia, mas você mudou os planos

Tínhamos um plano, e você mudou de idéia

Já passou, já passou - quem sabe outro dia?!

Antes eu sonhava, agora já não durmo
Quando foi que competimos pela primeira vez

O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe

Não entendo terrorismo, falávamos de amizade

Não estou mais interessado no que sinto

Não acredito em nada além do que duvido

Você espera respostas que eu não tenho

Mas não vou brigar por causa disso
Até penso duas vezes se você quiser ficar

Minha laranjeira verde, por que está tão prateada?

Foi a lua dessa noite, do sereno da madrugada?
Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço
Enquanto o caos segue em frente
Com toda calma do mundo...

Ensaio sobre a pureza I

Falo-vos, eu, que sou impuro, da pureza. Certamente falarei impuramente, já que não posso emular o que não sou.

Me parecem existir dois tipos de pureza, a pureza da ignorância, e a pureza da experiência.
Nosso mundo só valoriza a primeira, e há quem inclusive não reconheça a existência da segunda.

A pureza da ignorância tem seu auge nas crianças, mais ainda nos bebês: como no principio pouco sabem, não há, aparentemente, nenhum mal encerrado nelas. Seu sorrisso derrete mesmo alguns corações endurecidos. Seu olhar inocente cativa-nos e nos faz imaginarmos: "onde foi que perdi a pureza, a inocência?".

Conheci alguns adolescentes e mesmo adultos que de alguma forma conservam este tipo de pureza. Ela geralmente se manifesta como uma ingenuidade patente, tão evidente que é preciso ser realmente um mau-caráter para se aproveitar destas pessoas.

Mas quando diante desta pureza se apresentam os conceitos deturpados, a informação doente, o convite ao despenhadeiro moral, ela raramente resiste, por que não possui conhecimento, não apresenta argumentos. É o quadro branco que não resiste ao vandalismo das tintas do mundo. Ela não é senão corruptível, ainda que possa ser tida como uma das mais belas coisas do mundo.


Num outro extremo, existe a pureza da experiência. É a pureza de quem conheceu o mal. Não necessariamente foi uma pessoa má, ou foi vítima do mal, mas de alguma forma esteve exposta a ele, por tempo suficiente para reconhecer suas consequências daninhas. Talvez por que o viveu, como vítima ou algoz, talvez por que acompanhou alguém que o viveu, mas de qualquer forma, o conhece e sabe que tirando o verniz atrativo com o qual se disfarça de um grande bem, um grande prazer, um grande valor, o mal é sempre o mal, que não é uma qualidade em si, mas ao contrário, um vazio, uma falta que vende a si mesma como a argamassa capaz de tapar o vazio que existe em nós, como se fosse um desses remédios que tomamos para enganar a fome, mas continuamos de estômago vazio.

Esta pureza é a pureza que distingue o bem proceder de todos os sofismas, todas as armadilhas, todos os desequilibrios. É a pureza do "sei o que quero, e sei o que não quero".

É a pureza da coerência, e não se pode ser coerente, sendo ingênuo.

E aqui não estabeleço um juízo de valores. Cada um de nós constrói seu caminho como pode, com o que acredita, e para que imagina serem os objetivos de sua vida. Sobre este respeito, todo homem é livre, ainda que poucos entendam que para ser livre é preciso ser responsável, pois só há duas coisas das quais somos escravos: das consequências de nossos atos e da impossibilidade de lavar as mãos diante das escolhas que nos são sugeridas. Digo impossibilidade por que podemos fazê-lo, mas não conseguimos, com isto, ter as mãos limpas, e nem tampouco a consciência.

Há mais sobre o assunto, mas acredito que as circunstâncias não sejam favoráveis. Deixarei o tempo cumprir sua função, de modo que também eu possa cumprir as minhas. Por enquanto, palavras ao vento, que as carrega para onde quer.

sexta-feira, outubro 22, 2004

Mais do que palavras

Muitos de nós, por vezes, nos iludimos pensando que somos auto-suficientes, e auto-muitas-coisas.
Talvez seja por isto que subestimamos o valor da comunicação, da sinceridade, do diálogo. Ou talvez seja por que as vezes que tentamos abrir nossos corações somos mal interpretados e julgados a conta de preconceitos que raramente tem algo a ver com quem realmente somos por dentro.

Assim moldamos nosso ego, nossa personalidade exterior, conforme o mundo mais ou menos nos aceita. Aprendemos a sorrir quando gostariamos de chorar, de tristeza ou mesmo de momentâneo ódio. Digo momentâneo por que o ódio costuma ser assim, você pôe o desgosto pra fora, e ele acaba, antes de virar um monstro destruidor. Por para fora não significa transformá-lo antes em um monstro e depois soltá-lo, mas isto ainda assim seria preferível do que deixá-lo virar um monstro dentro de nós.

Aceitamos as sugestões, os conceitos, os valores do mundo em nós, como se as coisas fossem assim mesmo, e nada pudessemos fazer para mudá-lo. Nossa responsabilidade, na minha visão, não é mudar o mundo fora de nós, mas o mundo dentro de nós, quando percebemos pela consciência, que todos a temos, que o que realmente acreditamos está em contraste com o que fazemos.

E assim vivemos nós. Sem sabermos quem somos, se o reflexo de nossa imagem no espelho representa a nós mesmos ou o que os outros vêem e esperam de nós. Nossos sonhos por vezes não são nossos sonhos, mas as expectativas que transferiram para nós e que aceitamos sem questionar se são compatíveis com nossa própria natureza intima.

Gostariamos que os outros aceitassem o fato de que somos humanos, que somos mutáveis, sujeitos a erros, sujeitos a cometermos enganos, sujeitos a confundirmos e sermos confundidos, mas o fato é que como podemos fazer o mundo aceitar o que nós mesmos não aceitamos?

Triste coisa é ter coisas no coração querendo transformar-se em palavras, e estas em mais do que palavras, em realidades de modo que possamos ser compreendidos e vistos tais quais somos, sem sermos julgados, acusados, cobrados, menosprezados, vilipendiados, agredidos. Bem o sei.

Faço parte do mundo. Parte pequena, insignificante. Mas para constar, estou no mundo, não pertenço a ele. Não sou o mundo e seu jugo, e nem tampouco o mundo sou eu.

Um dia, espero, quando minha vida for representada por mais do que palavras, e os dias de dúvida e de insegurança estiverem perdido no meio as memórias de um tempo bom, aqueles que estiverem ao meu redor saibam que não sou do mundo, e então talvez não terão receio em compartilhar comigo suas verdades íntimas, por que, em verdade, nem eu tampouco terei.

(Publicado originalmente em 22/10/2004, re-editado em 26-10-2004, sem alterações, exceto a retirada de uma imagem com problemas)

quarta-feira, outubro 20, 2004

Perdão

Perdoem-me.

Um dia os ofendi, e se não o fiz, é quase certo que virei a fazê-lo um dia. Portanto, perdoem-me.
É tão difícil perdoar. É até mais dificil do que ser sincero, neste mundo que nos ensina a mentir.

Dizemos: "Eu perdoo. Mas não atravesse na minha frente".
Como se isto fosse perdoar.
Ou então: "Perdoo mas não esqueço". Tá certo, não precisa esquecer, ao menos não esquecer o que houve. Mas é perfeitamente possível esquecer a ofensa, no sentido de deixar para trás.

As vezes sou tão egoísta. Fico envolto em minhas próprias paranóias e esqueço que o mundo segue tal qual é. Que as obrigações não esperam por mim. Nada, nem ninguém, espera por mim, e é assim que deve ser.

Perdoem-me. Se tenho esta imensa vontade de voar, mas não tenho para onde. Se tenho esta imensa vontade de fugir, mas não tenho o porquê.

Se, não importa quanto goste de vocês, não consigo entender certas coisas.
Se quando se aproximam demais, ou se afastam demais, eu me revolto.

E sobretudo, perdoem-me se não consigo perdoá-los, por vezes. Mesmo das ofensas que nem sequer cometeram.

Não é fácil ser humano. Todos o sabemos. Mas nem por isso precisa ser triste, penoso. Infelizmente, desaprendi isto, e o trabalho de reaprendizado é mais complicado do que pensei.

segunda-feira, outubro 18, 2004

Tenho-me persuadido

De que me serve fugir
De morte, dor e perigo,
Se me eu levo comigo?


Tenho-me persuadido,
Por razão conveniente,
Que não posso ser contente,
Pois que pude ser nascido.
Anda sempre tão unido
O meu tormento comigo,
Que eu mesmo sou meu perigo.

E, se de mi me livrasse,
Nenhum gosto me seria.
Quem, não sendo eu, não teria
Mal que esse bem me tirasse?
Força é logo que assim passe:
Ou com desgosto comigo,
Ou sem gosto e sem perigo.
(Camões)

quinta-feira, outubro 14, 2004

Those Memories I Left Behind

Aquelas lembranças que deixei para trás

Sobre as coisas que aconteceram cedo ou tarde demais
O que não devia ter feito e o que deixei de fazer
As pessoas que me enganaram, e as pessoas que enganei
As pessoas que me queriam mal, e as pessoas que eu não mais quis ver

Sobre o medo de dizer "Eu amo você"
O medo de ouvir "mas eu não e jamais irei"
O desejo de ouvir "Eu também"

O choro triste de sentir-se rejeitado
O riso triste de ter cometido uma vingança
O terror banal de não saber viver

O mal que eu fiz
O bem que deixei de fazer
As lágrimas que não pude secar
Os dias que não fiz brilhar

São algumas das lembranças que deixo para trás. Não por que eu me esquecerei delas, mas por que o sentimento a elas associados já não me pertence. Muita coisa já não me pertence.

Para começar vida nova, é preciso deixar a vida velha. As vezes é mais compensador atravessar a fronteira nu e sangrando do que coberto da velha armadura enferrujada. As vezes é melhor deixar os móveis velhos e cheios de pó para trás e comprar móveis novos no destino.

Somos quem podemos ser, nos instantes em que podemos ser. E por vezes, ainda diante das coisas mais belas, sinto meus joelhos fraquejarem e caio. Mas há outras vezes, diante das coisas mais simples e singelas, que ninguém provavelmente vê valor, que simplesmente sinto-me cheio de gratidão por aqui e estar e por viver. E algo dentro de mim grita com toda força: você pode não saber ainda, mas é um vencedor.

É o que acontece, quando vemos que um dia seremos quem sonhamos ser.

quarta-feira, outubro 13, 2004

Mentiras

Imagine que toda vez que mentissem pra você, você soubesse, ou ao menos, desconfiasse, e tivesse meios rápidos e eficazes de confirmar. Aposto que alguns de vocês pensam que isto seria uma maravilha.

Asseguro que não é. Não é fácil saber quando mentem pra você. Por mais obcecado pela verdade que alguém seja, tem certos pontos em que é preferível o benefício da dúvida do que a certeza mordaz. Inclusive por quê uma coisa é saber que mentiram, outra bem diferente é tentar adivinhar o por quê.

Não vou dizer que nunca minto. Infelizmente, a vida tem dessas. Mas me dói toda vez que tenho de fazê-lo, por que, na verdade, não é algo que me saia naturalmente. Evito até onde posso, por que aprendi que na maioria das vezes existe um jeito de ser sincero. Minimizar o choque da verdade, contá-la aos poucos, mas não deixar de fazer, por que quando dizem que a mentira tem perna curta, não é apenas uma alegoria, é algo fácil de comprovar. E quando alguém descobre uma mentira, costuma atribuir ao fato do outro ter mentido, a pior interpretação possível.

Melhor inclusive que a mentira em geral tenha perna curta, as piores tendem a ser as que duram por mais tempo.

Para resumir a moral da história, o conhecimento é uma virtude, mas as vezes, a ignorância também o é.

terça-feira, outubro 12, 2004

Amores brutos

O preço da insegurança pode ser a eterna infelicidade?

Essa pergunta, à qual respondo em seguida, veio a propósito do artigo aqui publicado, "O Amor é Lindo", e que suscitou diversas manifestações de leitores sobre as maneiras e maneiras de relacionamentos íntimos nos tempos que seguem.

Uma dessas indagações dizia respeito, justamente, à insegurança que pode atrelar o "amante" ao "amado" de maneira tão brutal que a condição básica do relacionamento (ora, o amor...) simplesmente deixa de existir como tal. Passa a ser perversão ou apenas dominação, mas nada que chegue perto da generosidade e isonomia que são condições sine qua non do mais belos dos sentimentos.

Imagine aquele que ama com condições.

Sim, condições! Amo-te muito, mas você precisa corresponder a uma série de pré-requisitos, manter tais e tais atitudes, desempenhar quais e tantos papéis, senão estará fadado ao esquecimento que cruelmente vou dedicar a você.

O outro pode não aceitar, claro, mas quantos aceitam?

Aquele que é "amado", na insegurança de perder este suposto benefício, em tempos de tantas e tão massacrantes solidões, aceita o jogo. Anula-se, submete-se, molda-se. Pode parecer inconcebível, mas a tirania dessa concepção de amor tem características que só o incomensurável mistério da alma humana pode permitir supor. Ou seja, tudo é possível. Até deixar de ser feliz com medo da... infelicidade...

(Luis Caversan / Folha de São Paulo / 25/09/2004)

domingo, outubro 10, 2004

Sem sal

Recession is when your neighbor loses his job. Depression is when you
lose your job. These economic downturns are very difficult to predict,
but sophisticated econometric modeling houses like Data Resources and
Chase Econometrics have successfully predicted 14 of the last 3
recessions.

Recessão é quando o seu vizinho perde o emprego dele.
Depressão é quando você perde o seu emprego.
Estas viradas econômicas negativas são muito difíceis de prever, mas casas de modelamento econômico muito sofisticadas, como a Data Resources e a Chase Econometrics conseguiram prever com sucesso 14 das últimas 3 recessões.

(Qualquer semelhança com a metereologia é pura coincidência)

... where I belong, once more.

Rápidas:

- Vou a um show de uma banda cover dos smiths hoje. É a segunda vez, e na primeira valeu muito a pena. Conto detalhes na volta.
- Hoje tirei o atraso. Incentivado pelo barulho das gotas de chuva, dormi a tarde inteira.
- É interessante como há horas em que uma abelha faz o serviço de destruição de um boeing 747. As vezes nem precisa da abelha, o mundo simplesmente cai. Parece que aquele lampião tosco que gera aquela luz fraca dentro de nós se apaga. Felizmente, há pessoas dispostas a te acolher com amor e a te acordar do pesadelo. Fico eternamente grato :-)
- Esta semana vai ser curiosa. Muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Espero ter fôlego, vou precisar.

É isso. Obrigado.

sábado, outubro 09, 2004

Ao desconcerto do Mundo

"Os bons vi sempre passar
No Mundo grandes tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado."
(Camões)

Fragmentos

Fragmentos de um diálogo, eu esqueci de publicar há alguns meses.

bom p/ um dia seria fazer coisas legais, com pessoas que eu gosto.
bom p/ uma semana seria conhecer lugares diferentes, pessoas diferentes
bom p/ um ano seria trabalhar ou estudar fora, me dedicar a alguma coisa em particular
bom p/ dez anos seria encontrar alguem que me entendesse e que fosse suficientemente insana p/ querer ter filhos comigo.
bom p/ uma vida inteira seria compartilhar da felicidade daquelas pessoas que amo e nao ter nada do que me arrepender

Objetivos. De curto ou de longo prazo. É complicado, decidir, priorizar. Tem feito falta. preciso rever radicalmente o que quero p/ minha vida. Algumas coisas sei que quero e não sei se posso, outras, que talvez possa, não sei se quero, especialmente na área profissional.

sexta-feira, outubro 08, 2004

I can dream

Ancient dreams came true
When I though I no longer had
Any reason to dream at all

I'm free and I can see
Al the things I doubted were real
I'm free and I can feel
All the respect this world can give

Ancient fears are gone
When I though I no longer had
Any reason to fight at all

I'm free and I can dream
All the things I don't know are real
I can feel and I dream
All the love this world had lost

No one understands me
No one fears for me
No one cares, No one cares

I'm alone but not lonely
I know who I am
And what I don't know

I can dream.


(Eba, fiz uma letra. Sim, eu sei, tem erros, serão corrigidos na versão final)

Para o amor que vem

Você:

... que está comigo nas horas difíceis, e ainda não sabe disto
... que com uma simples palavra faz do frio calor, do desespero, solução

... que as vezes fica tão perto, e as vezes some que não te consigo encontrar
... que me ensina algo novo a cada instante
... que ordena minha bagunça e bagunça minha ordem
... que devolve a minha vida a capacidade de gostar das coisas, mesmo as mais simples
... que me permite estar perto ainda quando seja difícil
... que aceita meu abraço quando de outra forma buscaria estar só
... que chora, e que ri, que vive e que sonha
... que tem medo, e ainda assim, não deixa de lutar
... que ora me busca, ora me foge
... que faz com que eu me sinta com os pés no chão, a cabeça nas nuvens e no céu o coração

Não sei onde você se esconde, em que canto me foge, ... mas quando chegar a hora, hei de te estender a mão, e se aceitar o desafio de vir comigo, nossos mundos jamais serão os mesmos.

quinta-feira, outubro 07, 2004

...

Eu já...

... fiz promessas que não pude cumprir.
... persegui o coelho branco e fui parar no país das maravilhas.
... vivi de sonhos.
... vivi de realidade.
... vivi sem viver.
... fiz o possível.
.... fiz o que julgava impossível.
... fiz muito menos do que precisava ter feito.
... quis liberdade que não soube usar.
... vi as coisas erradas do mundo.
... vi algumas das coisas belas do mundo.
... tive medo de mim mesmo.
... tive medo de amar.
... tive medo de pedir perdão.
... não tive forças de perdoar.
... decidi que sofrer não vale a pena.
... decidi que a vida deve ser maravilhosa.
... decidi que o caminho é um só.
... descobri que quem desbrava meu caminho sou eu e só eu.
... descobri que o que eu não posso dividir, não tem muito valor.
... descobri que a paciência não tem preço.
... descobri que ter amor não é amar.
... sorri de bobo.
... cantei na chuva.
... sei ser feliz.

terça-feira, outubro 05, 2004

O pote rachado

Um carregador de água na Índia levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara a qual ele carregava atravessada em seu pescoço. Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do chefe. O pote rachado chegava apenas pela metade.

Foi assim por dois anos, diariamente, o carregador entregando um pote e meio de água na casa de seu chefe. Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de suas realizações. Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição, e sentindo-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que havia sido designado a fazer.

Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote falou para o homem um dia, à beira do poço:

- Estou envergonhado, quero pedir-lhe desculpas.
- Por quê?, perguntou o homem. - De que você está envergonhado?
- Nesses dois anos eu fui capaz de entregar apenas metade da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho da casa de seu senhor. Por causa do meu defeito, você tem que fazer todo esse trabalho, e não ganha o salário completo dos seus esforços, disse o pote.

O homem ficou triste pela situação do velho pote, e com compaixão falou:

- Quando retornarmos para a casa do meu senhor, quero que percebas as flores ao longo do caminho.

De fato, à medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou flores selvagens ao lado do caminho, e isto lhe deu ânimo. Mas ao fim da estrada, o pote ainda se sentia mal porque tinha vazado a metade, e de novo pediu desculpas ao homem por sua falha. Disse o homem ao pote:

- Você notou que pelo caminho só havia flores no seu lado do caminho??? Notou ainda que a cada dia, enquanto voltávamos do poço, você as regava??? Por dois anos eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu senhor. Sem você ser do jeito que você é, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa.

Cada um de nós temos nossos próprios e únicos defeitos. Todos nós somos
potes rachados. Porém, se permitirmos, o Senhor vai usar estes nossos
defeitos para embelezar a mesa de Seu Pai. Na grandiosa economia de Deus,
nada se perde. Nunca deveríamos ter medo dos nossos defeitos. Se os
reconhecermos, eles poderão causar beleza. Das nossas fraquezas, podemos
tirar forças.

(Autoria desconhecida / Recebi por e-mail, também há alguns anos. Somos únicos. Somos valiosos. Não há erro que não possa ser corrigido. Não há ofensa que não possa ser reparada).

Frases

Boa semana :-)

"A amizade multiplica as alegrias e divide as tristezas"


"Rir é arriscar parecer tolo
Chorar é arriscar parecer sentimental
Tentar alcançar alguém é arriscar envolvimento
Expor seus sonhos perante a multidão é arriscar parecer ridículo
Amar é arriscar não ser amado de volta
Seguir adiante face a probabilidades irresistíveis é arricar ao fracasso
Apenas uma pessoa que corre riscos é LIVRE
" (Alexander Lowen)


segunda-feira, outubro 04, 2004

Rapidas

Jogada Rápida:

- Segunda-feira tende a ser um dia puxado. Esta não foi das piores, se observar relativamente, mas estou cansadão.
- Ando sonhando com Ela. Uma loucura de menina.
- Quero ver se esta semana ponho um monte de coisas em dia. Baguncei muito minha agenda nos últimos dias. Estou ficando desmemoriado. Eca. A idade chega.
- Devo escrever um pouco menos aqui por umas semanas. Acho que vou concentrar o pico da produção aos fins de semana, pois as próximas semanas devem ser relativamente puxadas.
- Gostaria de dizer que amo vocês. Mas amo não. Vocês são chatos, feios e bobos que não deixam comentários. humpf.
- Amo vocês assim mesmo.

- "Quanto mais um homem se aproxima de suas metas, tanto mais crescem as dificuldades" (Goethe)
- "Quando nada parece dar certo, vou ver o cortador de pedras martelando sua rocha talvez 100 vezes, sem que uma única rachadura apareça. Mas na centésima primeira martelada a pedra se abre em duas, e eu sei que não foi aquela que conseguiu isso, mas todas as que vieram antes" (Jacob Riis)
- "É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota" (Theodore Roosevelt)

Essas frases me foram passadas pela Jeannie há muito tempo, e todas, em especial a segunda, influenciaram grandemente meus atos nos momentos díficeis da vida. O que quer que ela esteja fazendo hoje, espero que esteja bem e que um dia saiba que lhe sou grato :-)

Poema Para Luís De Camões

Meu amigo, meu espanto, meu convívio,
Quem pudera dizer-te estas grandezas,
Que eu não falo do mar, e o céu é nada
Se nos olhos me cabe.
A terra basta onde o caminho pára,
Na figura do corpo está a escala do mundo.
Olho cansado as mãos, o meu trabalho,
E sei, se tanto um homem sabe,
As veredas mais fundas da palavra
E do espaço maior que, por trás dela,
São as terras da alma.

E também sei da luz e da memória,
Das correntes do sangue o desafio
Por cima da fronteira e da diferença.
E a ardência das pedras, a dura combustão
Dos corpos percutidos como sílex,

E as grutas do pavor, onde as sombras
De peixes irreais entram as portas
Da última razão, que se esconde
Sob a névoa confusa do discurso.

E depois o silêncio, e a gravidade
Das estátuas jazentes, repousando,
Não mortas, não geladas, devolvidas
À vida inesperada, descoberta,

E depois, verticais, as labaredas
Ateadas nas frontes como espadas,
E os corpos levantados, as mãos presas,
E o instante dos olhos que se fundem

Na lágrima comum. Assim o caos
Devagar se ordenou entre as estrelas.


Eram estas as grandezas que dizia
Ou diria o meu espanto, se dizê-las
Já não fosse este canto.

(José Saramago)

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