sexta-feira, dezembro 31, 2004

Anyway, the wind blows

Último post do ano. Amanhã vou viajar, logo estou de volta.

Feliz ano novo para vocês.

Para mim, este ano que se abre tem algo de diferente. Pela primeira vez, não fiz planos para ele. Não o idealizei. Tenho uma ou outra meta esparsa, mas nada de extraordinário. Nada de promessas que não posso cumprir, nem promessas que não quero cumprir.

Sobre o ano que passou, ainda é cedo para avaliar. Tive os melhores dias da minha vida, sem dúvida. E alguns dos piores.

Só sei que passou muito rápido. Sequer acredito...

É isto. Por enquanto, nada de "ano novo, vida nova".
Apenas ... ano novo.

O resto, como sempre, terei que pagar pra ver.

terça-feira, dezembro 28, 2004

Apenas mais uma de amor

Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder
Deixo assim ficar subentendido
Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Eu acho tão bonito isto de ser abstrato baby
A beleza é mesmo tão fugaz
É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de convencer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza, então
A alegria que me dá isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber.
-- Lulu Santos, Apenas mais uma de amor

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Above and Beyond

Há sempre um certo limite, o qual em dado instante, não podemos ultrapassar.

Onde não importa o quanto queiramos, nossas forças, naquele momento, não são suficientes para transpor tal ou qual obstáculo.

Assim sendo, não somos inteiramente livres. De certa forma, somos escravos.
Alguns de nós somos escravos das condições do mundo. E é muito difícil superar as condições do mundo, aqui incluidas as barreiras sócio-culturais de ordem mais ampla ou familiar. É claro que a escravidão aqui é relativa, pois há sempre a possibilidade de lutar até o limite das próprias forças, e ainda aí, meios de buscar multiplicar estas forças.

Alguns outros de nós somos escravos de limitações de nossos próprios corpos, que não possibilitam que nos expressemos como de outra forma poderíamos. É o caso das deficiências físicas e mentais.

Mas há ainda um outro nosso grupo. Há os que voluntariamente tornam-se escravos. Escravos do apego, escravos das paixões, escravos de si mesmos, escravos voluntários dos outros.

Somos condenados a sermos livres, e somos livres para escolhermos estarmos presos.

E estar-se preso é uma opção, não se pode negar. A questão é: preso a que, e por quê?

Por vezes confundimos dependência inútil com renúncia.
A renúncia é nobre. Tão nobre que raras vezes é vista na face desta terra, terra ainda de horrores e do espetáculo sangrento.

A dependência, no entanto, é pesada bigorna presa a nosso pés, que nos impede de voar.
E ela causa exatamente o oposto do que busca o dependente: solidão.

De que temos tanto medo, afinal?
Sei o medo, e o respeito. Mas não o entendo.

"Sozinhos vamos mais rápido. Juntos, vamos mais longe"

Traduzir-se (Fagner?)

Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguem, fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão

Uma parte de mim pesa, pondera
Outra parte delira
Uma parte de mim
Almoça e janta
Outra parte se espanta

Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte linguagem

Traduzir uma parte na outra parte
Que é uma questão de vida e morte

Será arte?

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Hoje / Renato Russo & Leila Pinheiro

Se nunca ouviu, vale a pena :-)

Deixa de lado essa pobreza
De quem insiste em julgar e explicar

Não vou poder calar meu coração
E essa saudade vem mansinha
Querendo me avisar
Acho que a gente é que é feliz

Deixa que falem
Eles não sabem
Não falo pelos outros
Só falo por mim

Ninguém vai me dizer o que sentir
Acho que a gente é que é feliz

Queria ter a carta natal do universo
E ver se entendia alguma coisa
O que espero da minha vida
O que quero da minha vida

Bom tempo
Muito tempo
Acho que a gente é que é feliz

domingo, dezembro 19, 2004

Pés no chão

"The only thing necessary for the triumph of evil is for good men to do nothing" -- Edmund Burke

"A única coisa necessária para o triunfo do mal é que os homens de bem não façam nada".

Não é necessário roubar, matar, violentar. Basta cruzar os braços. Basta ser cúmplice. Basta fingir que não vemos. Permitir os abusos.

Não é preciso ser o gerador da corrupção, o que se convencionou chamar por corrupto ativo. Basta tirar proveito da corrupção, ou se calar sobre a sua existência. Não é preciso deixar de seguir a regra, basta abrir uma excessão, do mesmo modo como para vazar uma caixa d'agua não é preciso quebrá-la, basta abrir uma pequena rachadura.

Onde, o homem de bem em mim? Se não tenho sido senão egoísta? Desde que a condição se tornou desfavorável a mim, só tenho feito revoltar-me. Meus espinhos afloraram, e, uma vez mais, afastei e afastei-me daqueles que me são caros. Como se eu tivesse o direito de passar meus problemas adiante, sob qualquer justificativa.

Onde, o homem de bem, se a todo testemunho que sou chamado a dar, só tenho unhas e dentes? Se ao amor que me devotam, não respondo senão com mágoa e decepção?

Agora conheço, em parte, a causa de meus tormentos. Olhei mais além no espelho, e tenho vergonha do que vejo.
Muito tempo será necessário para reparar o mau que causei, mais pela minha negligência do que por ação ostensiva.

Nem todos os erros são facilmente corrigíveis. Alguns deixam cicatrizes.
Muitas pessoas desejariam ver o que eu vejo, sentir o que sinto, saber o que sei, e muito possivelmente saberiam melhor do que eu o que fazer com isto tudo. Eu, ingrato, renego as bençãos que recebo, e as trato fossem maldições, quando na verdade, só as são se eu assim quiser. Se bem que querer não é bem o termo, mas é o começo.

Tenho muito por fazer. Levará tempo. Mas já sei onde chegar, e como.

Só lamento não ter sido justo. Dia virá em que todas as injustiças que cometi serão reparadas. Ao menos, viverei, e se necessário for, morrerei tentando.

E isto levará muito tempo. Mas eu prevejo o futuro. E se num primeiro momento não acreditei, e depois me desesperei, agora vejo mais claramente. Não há o que temer. Não há por que ser assustador, quando se tem um pouco de confiança na vida.

Ainda isto por vezes me falta: um pouco de confiança na vida. No caso, em se tratando de mim, que sou pé atrás com quase tudo, é "um pouco muito", mas tudo tem jeito, não?

Espero que sim. Pois as vezes em que ousei confiar, a vida não me decepcionou. Foi quando duvidei, que os problemas começaram. Aposto que tem gente que trocaria de lugar comigo sem pensar duas vezes. E eu maldigo minha vida!?

Ah, a ingratidão! Me envergonho!

Mas não me rendo: Agora que sei as regras da batalha, lutarei com meu melhor. Humildemente espero vencer. Digo humildemente por que tenho sido arrogante, incrivelmente arrogante e grosseiro. Não sei a troco de quê.

Um dia ainda descubro por que fazemos as coisas pelo avesso, quando seria mais fácil ir direto ao ponto. Orgulho? Provavelmente...

Sei que já disse isso, e quando disse isso, falhei, mas insisto: eu hei de vencer. Não tem outro jeito :-)

Por enquanto, me calo. Palavras são só palavras. É necessário que os atos que lhes seguem as dignifiquem, para que valham alguma coisa.

P.S..: Quando eu faltar com a humildade, autorizo qualquer um a me cutucar. Se eu retrucar, diga que eu autorizei. Saberei me calar :-)

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Broken promisses

Imagine um agricultor, imensamente feliz pois seu filho pretende cursar agronomia na cidade grande, para mais tarde, voltar e cuidar da fazenda da família. Imagine ainda que esta felicidade é uma grata surpresa, por que antes, o filho nunca havia demonstrado nenhum interesse em nada.

Então, o pai banca os estudos, livros, moradia, lhe oferece um carro, e tudo mais. O filho retorna apenas para as férias, mas parece insatisfeito. Não para muito tempo em casa, vai as cidades vizinhas e só volta no dia seguinte, para dormir até tarde.

O pai pensa que seja muito justo, pois afinal, são as férias, e seu primogenito tem mais é que se divertir, aproveitar a vida, pois passa o ano com a cara nos livros.

Um dia, no inicio do ano que deveria ser o seu ano de graduação, vêm a notícia de que o seu filho morreu de overdose. Dirige-se a cidade, e toma as providências para retirada do seu corpo, e fica sabendo, através de colegas e professores, que o seu filho nunca havia sido um bom aluno. Faltava aulas, só pensava em festas, e, eventualmente, acabou tomando gosto pela droga, um caminho do qual jamais voltou.

O que passa na cabeça deste pai, eu não sei. Em seu coração, menos ainda.

Só sei que, metaforicamente, e mantidas as devidas proporções, este filho sou eu.
E não hei de morrer por overdose.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Lições da semana

- Quem cala, consente.
- Estar certo costuma ser bom, mas as vezes seria preferível estar errado.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Saudades

Há tantas coisas que eu gostaria de dizer.
Mas sequer consigo coordenar as idéias, tampouco colocar em palavras.

Queria me fazer compreendido. Mas não posso. E com isto, só me resta ser julgado. Pelos preconceitos, pelo "eu acho", pelo "eu suponho".

Não desejo a ninguém que experimente o descompasso pelo qual passei. Mas, quem quiser saber como me sinto, e o que me afeta, provavelmente terá que passar pela mesma situação. Pois não há nada que palavras expressem.

E se fosse só uma ou outra coisa, mas é muita coisa ao mesmo tempo. Uma luta para tentar coordenar as idéias, que parecem se perder, ver algumas das pessoas que mais amo se afastarem, por vezes eu mesmo ter de me afastar para evitar magoá-las, e talvez com isto mesmo, já as magoando.

As vezes sentir-se como um cachorro vadio, enxotado a ponta-pés.

Descobrir que aquele olhar que te enche de luz, de paz, de esperança, aquele olhar que te faz sentir o coração disparar, talvez nunca mais olhe para você do mesmo jeito.

E, acima de tudo, nunca, jamais, em hipótese alguma, perder a esperança. Isto requer toda a força, não importa se a temos em sobra ou em falta.

E se ao invés de falar, falar, me dissessem para dizer apenas uma palavra, seria: saudades.

Saudades que a vida me pede que enterre.
E eu, por mais que me doa, tentarei.
As vezes, não temos mais escolha. É onde acaba nossa liberdade.

Boa semana :-)

Eu sei / Legião

Sexo verbal não faz meu estilo
Palavras são erros, e os erros são seus
Não quero lembrar que eu erro também

Um dia pretendo tentar descobrir
Porque é mais forte quem sabe mentir
Não quero lembrar que eu minto também

Eu sei...

Feche a porta do seu quarto
Porque se toca o telefone pode ser alguém
Com quem você quer falar
Por horas e horas e horas

A noite acabou, talvez tenhamos que fugir sem você
Mas não, não vá agora, quero honras e promessas
Lembranças e histórias
Somos pássaro novo longe do ninho

Eu sei...

sábado, dezembro 11, 2004

Rápidas da semana que se finda

- Apesar de ter me visto em uma situação onde pareci ter sido tratado como lixo e descartado, não me sinto como tal.
- Tomei dois banhos de chuva no mesmo dia, perdi um compromisso e cheguei atrasado em outro, e ainda assim, me sentia feliz. Se fosse um dia antes, eu teria tido um infarto. Como é importante estar bem e preparado para o que der e vier! Pena que falar é fácil. Aliás, é o grande problema. Fala-se de mais e se faz muito pouco.
- Me decidi a tentar o anti-depressivo. Mas ainda não o fiz :-)
- A coragem não consiste na ausência do medo, mas em fazer o que deve ser feito, apesar dele.
- Tudo tem um preço e um valor. Poucas coisas valem o que custam. E as vezes são justamente destas coisas que abrimos mão. Mas cada um de nós sabe o que faz, ou acabamos descobrindo, eventualmente.
- O tempo ajuda, mas não trabalha sozinho.
- Tentar parecer forte cansa. Não o sou.
- Há várias formas de se dizer a mesma coisa. É importante escolher a forma certa. O problema é que nunca sabemos qual é :-)
- É preciso fazer por merecer. Não tenho feito.
- Liberdade, bendita liberdade, como é bom poder controlar os próprios pensamentos (ainda que não 100%) :-)
- Por que, quando tudo parece perdido, ainda assim a esperança não me abandona? [Se a condição para obter a resposta é perder a esperança, prefiro ficar sem saber :-)]

sexta-feira, dezembro 10, 2004

E eu ...

Nem sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar
Você marcou na minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão que em minha porta bate
E eu gostava tanto de você
Gostava tanto de você
Eu corro fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você
E eu gostava tanto de você

Gostava Tanto De Você (Tim Maia)

Esta música pode não parecer a primeira vista, mas foi escrita por um pai que perdeu a filha.

N'alma ua só ferida (Camões)

(Mote)
Se a alma ver-se não pode
Onde pensamentos ferem,
Que farei pera me crerem?



N'alma ua só ferida
Faz na vida mil sinais;
Tanto se descobre mais
Quanto é mais escondida.
Se esta dor tão conhecida
Me não vêem porque não querem,
Que farei pera me crerem?

Se se soubesse bem ver
Quanto calo e quanto sento,
Despois de tanto tormento
Cuidaria alegre ser.
Mas se não me querem crer
Olhos, que tão mal me ferem
Que farei pera me crerem?

quinta-feira, dezembro 09, 2004

O sonho

Hoje eu não estava me sentindo nada bem, mas estava cansado de lutar contra isto tudo, afinal, pensei, estou lutando contra o desconhecido, e seria inútil insistir.

Então deitei a cabeça no travesseiro, e pensei em dormir um pouco, para ver se esqueço de tudo o que está acontecendo. Digo de tudo, por que se até um tempo atrás eu achava que estava com um ou outro problema, as vezes parece que não consigo identificar nada que esteja indo perfeitamente bem. Por vezes acho que a esta altura"caguei com tudo".

Mas aí, uma sensação estranha me envolveu. De repente, meu travesseiro parecia aconchegante, e meus pensamentos se tornaram mais leves. Eu lembro de ter respirado fundo, com calma, como se de repente mais nada houvesse a fazer, e logo após adormeci.

Acordei com reminescências do que parecia ser um sonho. Eu estava na beira de uma praia, ao entardecer, já quase noite, e eu parecia algo mais velho. Eu sorria, despreocupado, e conversava com alguém, sobre a vida, algo meio banal provavelmente, por que não lembro o teor da conversa. Mas intimamente lembrava do passado e de tudo que vivera até então, e respirava fundo, em paz, com a mesma calma de instantes antes de adormecer.

Isto já aconteceu, e acho que já escrevi sobre isto, mas antes não tinha dado importância.

E depois disso, tudo o que estou passando parece tão pequeno, tão, não sei, como se ficasse para trás. Eu quero aceitar a minha condição e parar de lutar contra. Meu estado já passou do ponto onde me machuco, e já faz tempo que estou machucando as pessoas a minha volta.

Uma pena que para sair do poço eu tenha que ir até o fundo dele antes. Mas talvez eu não tenha.

Perdão. Sei que é inútil pedir perdão, como inúteis são muitas das coisas que dizemos e que nos dizem, cujos atos desmentem. Aos que não nutrem mais nenhuma fé em mim, sinto muito. Aos que ainda tem esperança, agradeço, e peço paciência. Mágica não é bem meu forte. Mas desistir também não. Exceto nos casos em que desistem de mim, por que, aí, eu nada ou muito pouco posso fazer.

Tenham uma boa semana, ou o que sobrou dela :-)

Sem limites

Começa quando se quer o possível
E daqui a pouco já se tenta o impossível
E se vai muito além, e quanto mais anda, mais se afunda
E quem tudo quer, tudo ganha, e tudo perde.


"Não esconda tristeza de mim
Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho, força e cuidado

Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia de nossos amores" - -- Legião / O Livro dos Dias

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Vivendo e aprendendo...

... e se dando mal, por vezes.

Engraçado como a gente pensa que sabe das coisas mas acaba descobrindo que não sabe nada.

Por exemplo, sempre pensei que me acertava melhor com as pessoas que falam pouco. Por que as pessoas que falam muito costumam entrar nos detalhes e exagerar sua descrição, e minha mente, que julgo (provavelmente de forma errônea) como prática não gosta de perder tempo em coisas que não são necessárias ao entendimento da questão sob análise. Minha mãe por exemplo tem o hábito de descrever as cores das coisas, e suas manchas e outros detalhes que normalmente não tem nada a ver com o objetivo da conversa que ela mesma iniciou. Implicancia minha, eu sei, mas não tenho paciência.

Pois bem. Hoje me caiu a ficha, assim do nada, que eu tenho mais problemas com pessoas que, como eu (eu acho que sou assim, e devo estar enganado de novo), falam de menos.

Por que acontecem situações assim. A pessoa não se abre, não diz o que pensa. Aí um dia do nada ela resolve resumir tudo numa frase e solta a bomba. Se parar para pensar, fica evidente que tem zilhões de interpretações possíveis para aquela frase, mas como não há prévio diálogo e fica impossível saber o que levou a pessoa a chegar à aquela conclusão, você conclui pelos próprios meios e reage diante da colocação como a entende, o que não necessariamente é o que a pessoa quis dizer. Aí, como não há diálogo entre duas pessoas fechadas, você dá a sua resposta ou contra-argumento e novamente se inicia o ciclo, a pessoa fica encucada tentando entender por que diabos você respondeu daquela forma e o interpreta o que você quis dizer da forma que lhe é mais própria, etc, etc.

Eu acho que não sei ouvir. Cheguei a esta conclusão hoje. Talvez eu saiba quando convém, ou seja, quando estou em paz (o que é raro hj em dia), quando as fases da lua ajudam, sei lá. Mas acho que realmente não sei ouvir, de forma constante.

Mas uma coisa é certa: eu não sei se magoei se não disser, eu não sei se não magoei, se não disser. Eu não tenho bola de cristal, e já acho um saco ter que entender o que se passa pela linguagem dos mudos em pessoas que tem a faculdade da fala intacta. Ainda mais quando não se dispõe a me ouvir e tiram suas próprias conclusões, aí a coisa fica tão divertida quanto aquela brincadeira tosca de vendar os olhos e tentar colocar o rabo de pano com um alfinete no traseiro de um burro de pano, se é que é isso.

Assim sendo, eu vou ali me inscrever para marciano, que como terraqueo a coisa está difícil pacas.

Rápidas

- Saca só:

? Pontos obtidos pelo candidato na prova de Conhecimentos Gerais: 55
? Maior pontuação do(s) candidato(s) classificado(s) para a segunda fase no curso: 73
? Menor pontuação do(s) candidato(s) classificado(s) para a segunda fase no curso: 35

Menos do que eu esperava, mas ainda que fosse 35 eu tava feliz. Afinal, eu sequer posso dizer que estudei.


- É preferível ser sincero desde o começo, a sê-lo tarde demais. Mas é preferivel ainda o ser tarde demais, do que nunca sê-lo de fato.

- O orgulho é um sentimento enganoso. Parece ser a única defesa que temos as vezes, mas na verdade, é o principal responsável pelos nossos maiores erros. E é muito fácil esquecer disto, infelizmente.

- Pra frente e avante.

terça-feira, dezembro 07, 2004

Had I ... (reeditada)

"Tivesse eu os panejamentos bordados dos céus,
Envoltos em luz de ouro e prata,
Os mantos azuis, sombrios e obscuros
Da noite, da luz e da meia-luz,
Eu estenderia esses mantos a teus pés.

Mas eu, sendo pobre, tenho apenas sonhos;
E estendi meus sonhos a teus pés;
Pisa com delicadeza,
pois está pisando em meus sonhos."


"HAD I the heavens' embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half-light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams."

(William Butler Yeats - He wishes for the cloths of heaven)

segunda-feira, dezembro 06, 2004

De olhos fechados não me vejo

Me vi ali, sentado, no cume da mais alta montanha.
Olhava para baixo, para longe, e acompanhava com os olhos o burburinho dos dias e noites, das paixões, da grandiosidade e da miséria humana, sem entender exatamente o que se passava.

Não entendia como as vidas se interligam e interagem, como, diante do que se me afigurava um imenso caos, as coisas ainda assim podiam fazer sentido.

E lá, do alto da montanha, a visão é privilegiada, pois o tempo meio que desaparece. Enquanto grupos se deslocam de um lugar a outro, sem saber o que vai acontecer quando aportarem no seu destino, eu, que vejo de cima, já posso antever o resultado, ou as probabilidades, que, por enquanto, os atores deste cenário ignoram eles próprios.

Porém, eis que já não estou no cume de monte algum. Estou aqui, nas lides do povo. Estou na feira, no trânsito, no ir e vir sem fim e rotineiro.

Cá estou eu com as misérias e riquezas humanas, de novo, e de novo. E não consigo perceber que aqui, e nenhum outro, é meu lugar. É só aqui que encontro, dia a dia, a simultânea fonte de meu sofrer e meu querer viver cada vez mais.

Eis o palco de minha vida. Os ensaios e a peça ficam a meu critério. As limitações são vencíveis, se assim eu o desejar.
Me perco e me encontro. Me liberto e me vejo escravo.

E aguardo pelo momento em que conhecerei como sou conhecido, que se me afigura por vezes tão distante, mas eis que agora me parece que basta estender a mão e dizer: "- Estou aqui!".

Antes me parecia impossível. Por breves instantes, pela primeira vez na vida, estive livre. E agora me vejo enclausurado novamente. Porém, nada jamais será como antes. Por que se experimenta a liberdade, tem medo dela, mas se fica nela por tempo suficiente para desejá-la e vê-la como parte integrante, fundamental, e deveras possível de sua vida, então atingí-la passa a ser seu objetivo primário na vida.

E não importa que agora me seja dez vezes mais difícil do que era antes, eu sei, que de alguma forma, eu tenho cem vezes mais forças, forças que ainda estão descompassadas, ainda passo pela peneira, pela prova, pela arte de descobrir de que metal sou forjado.

E a maravilha, o bom de ser humano é que sempre resta a opção de trocarmos o material de que somos feitos. Aos poucos, de forma consistente, ainda que, por vezes, pareça impossível.

Sou escravo da armadura forte que me enclausura, desta vez, de difícil libertação. Mas sei que, com o nível adequado de concentração e preparo, com o instrumento certo e a força certa, qualquer metal vira manteiga.

E qualquer carne e osso vira plumagem de anjo, ainda que cinza e pálida.

Por que, sei que tenho falhado ao demonstrar, mas ainda, sempre, e apesar de tudo, somos quem podemos ser, enquanto houver... esperança.

domingo, dezembro 05, 2004

On the turning away (Pink Floyd)

On the turning away
From the pale and downtrodden
And the words they say
Which we won't understand

"Don't accept that what's happening
Is just a case of others' suffering
Or you'll find that you're joining in
The turning away"

It's a sin that somehow
Light is changing to shadow
And casting it's shroud
Over all we have known
Unaware how the ranks have grown
Driven on by a heart of stone
We could find that we're all alone
In the dream of the proud

On the wings of the night
As the daytime is stirring
Where the speechless unite
In a silent accord
Using words you will find are strange
And mesmerised as they light the flame
Feel the new wind of change
On the wings of the night

No more turning away
From the weak and the weary
No more turning away
From the coldness inside
Just a world that we all must share
It's not enough just to stand and stare
Is it only a dream that there'll be
No more turning away?

(Quem sabe?)

Frase da semana

"Somos vítimas de um destino: nascemos para perseguir a borboleta de asas de fogo. Se não a pegamos, seremos infelizes e se a pegamos, lá se nos queimam as mãos" -- Monteiro Lobato

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Levanta-te!

O medo cumpre sua função. É a de evitar que se atire irrefletida ou sorrateiramente a algo que possa te ferir. Porém, há um limite para o medo, onde ele passa a ser chamado de pavor.

E o pavor produz a falta contrária: te impede de agir. E isto é tão danoso quanto agir e quebrar a cara. Por que quebra a cara sem quebrá-la, se me permite o paradoxo. É sobreviver sem viver, é morrer sem tentar.

Tua paralisia e covardia te impedem de fazer o que quer ou deve fazer, e com isto, tu mesmo torna reais os teus medos.

Quando for tarde demais, talvez só re reste perguntar: que foi que eu fiz para impedir que meus medos virassem realidade? Que foi que eu fiz por minha própria felicidade?

O tempo passa, e com ele, as oportunidades. Vive!

Pesquisa google