domingo, abril 24, 2005

Do esperar

Espero.

Espero que vocês encontrem o que procuram, e muito mais. E que naquelas coisas que procuram que por ventura se mostrarem capazes de machucá-los, que descubram prematuramente, enquanto há tempo para voltar atrás sem maiores consequências. Me acreditem quando eu digo que as vezes não somos plenamente capazes de determinar o que é melhor para nós mesmos e acabamos nos colocando em situações em que seria preferível pensar duas vezes antes de iniciá-las.

Também espero que dentre as coisas que procuram, saibam lutar calma e persistentemente por aquelas que podem ser alentos, inspiração, para o caminho de relativa felicidade, que todos nós somos merecedores (e não permitam-se crer o contrário). As conquistas legítimas, sejam em qualquer campo, profissional, material, familiar, sentimental, de lazer, mas especialmente fazer um bem qualquer a quem quer que seja, tem, além do valor direto que lhes é próprio, a qualidade de nos motivar a seguir em frente, rumo a novos objetivos.

Vou mais além: Espero que, sem pressa, e com os meios que são peculiares a cada um de nós, que possamos, tirando uma média, fazer algo próximo do nosso melhor. Quase sempre podemos fazer um pouquinho mais, e frequentemente, é este pouquinho mais que conta, e conta, antes de tudo, para nós mesmos.

"E como ninguém havia lhe advertido que seria impossível, ele foi lá e fez ..."

quinta-feira, abril 21, 2005

Por ...

Por processo ainda desconhecido
E meios ainda incomuns

Por dias que se descortinam impetuosos
E provas mil que se parecem afigurar como impossíveis

Por entre loucos sãos e sãos insanos
Mesmo em meio a lobos e cordeiros

Por vezes só como fosse único de uma espécie
Ainda quando por vezes sente-se parte do todo

Por ainda seguir na tentativa
Visando atingir o inatingivel

Por anseios de toda sorte
Estar entre os mortos vivos e os vivos mortos

Por dias e noites
Sê-lo, sem opção de não o ser

Por trazer alento a tanta confusão e destempero
Sinto-me livre para ser

Por desenvolver-se em nobre ideal
Vivo e sigo

Por até onde meus dias me levarem :-)

sexta-feira, abril 15, 2005

Queria dizer-vos

Queria dizer-vos
Da saudade que sinto
Dos dias que virão

Por que as saudades são sentidas no hoje
Em geral pela lembrança do ontém
Do que foi, do que, permanente ou momentâneamente, já não é.

As saudades são sentidas de quem não está a nosso lado
Em especial, de quem não pode estar

Mas queria dizer-vos da saudade que sinto do amanhã
Dos dias que ainda estão por vir
Daquilo tudo que hei de construir

O grande truque em todo sofrimento
Não está no momento em que se sofre
Mas no medo que ele não passe
No medo que se perpetue
No medo que, a frente, só venha o pior.

Minha responsabilidade é maior
Pois que eu vejo por sobre a montanha
Além de onde o sol se põe

E vejo toda a dor
Todo o tormento
Até que raie de novo o sol
De novos dias

Da nova esperança
Que ninguém verá chegar
Que ninguém saberá estar presente
Pois de fato ela já veio
Está aqui, e caminha sobre a terra
Buscando aqueles que olham avante

Filhos, o que passou está passado
As conquistas e as derrotas lá ficaram

Quero dizer-vos da vitória
Dos que vencem a si mesmos
Do que compreendem que derrota verdadeira
É não saber aprender a lição de cair
Pois não há outra forma de se aprender a levantar.

Queria dizer-vos da esperança que tenho
Que não posso definir
Das palavras que não sei exprimir
Dos sonhos que não sei contar
De tudo que não sei dizer.

(Queria dizer-vos muito mais do que consigo.)

sexta-feira, abril 08, 2005

Vapt, Vupt

É rápido que tou indo dormir.

Só pra esclarecer: não, eu não estou triste, nem deprimido, muito menos desanimado. Mas se estivesse, eu teria o direito, certo? Não que eu queira exercê-lo, prefiro estar como estou: de bem com a vida :-)

É só que eu, como todo mundo, cometo erros. E alguns são tão idiotas que fico indignado comigo mesmo. Acho que todo mundo passa por isso frequentemente, não?

Bom, de qualquer forma, não vim aqui para dar continuidade em algo que já passou...

Hoje fui ao show da "This charming band", que fazia um tributo aos smiths. Já é a terceira ou quarta vez que os vejo. O repertório estava um pouco diferente. Eu não estava muito legal, foi um dia puxado e estava bastante quebrado, um pouco ruim do estômago também, mas foi divertido, e era essa a idéia... Afinal, depois de uma aula de cálculo (algo básico, limites de uma função no infinito), nada como espairecer.

Fui...

quarta-feira, abril 06, 2005

Venha, amanhã...

Gostaria de crer que sou uma boa pessoa. Que faço o melhor que posso. Mas há vezes que não posso negar, fico muito aquém das minhas próprias expectativas para comigo mesmo.

Por que há certas coisas que fazemos, e que mais tarde, quando paramos para pensar, nos perguntamos: por que fiz isto?

As vezes ofendo as pessoas a troco de nada. As vezes ofendo a mim mesmo a troco de nada.

A troco de nada, muitos males tem sido permitidos. Muita podridão tem se instalado no mundo, disfarçada, pintada, de normalidade. Não quero entrar numa discussão sem fim sobre normalidade, mas é verdade que há certos parâmetros que óbviamente não levam a lugar algum, e outros só levam a maus resultados. Há coisas tão óbvias em que não se precisa ser um sábio para antever o resultado pelo pensamento, sem que seja necessário gerar a situação para provar a idéia.

Por que, no entanto, fazemos tanta burrice, mesmo sabendo que é burrice?

O apóstolo Saulo, mais tarde renomeado Paulo, dizia com muita propriedade: "Todas as coisas me são licítas, mas nem todas as coisas me convém. Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam."

Nem todas as coisas levam a um resultado aceitável. Nem todas as coisas valem a pena serem consideradas.

Gostaria de poder dizer que faço o melhor que posso. Um dia talvez possa.

Há coisas que me deixam triste. Hoje, por alguma razão, não estou triste. Estou apenas decepcionado comigo mesmo. E não deveria estar.

Mas amanhã é outro dia, não é?

segunda-feira, abril 04, 2005

Bicho do mato

As vezes me sinto assim, meio bicho do mato
Como estivesse distante de casa
Como se eu não fosse daqui

As vezes sinto assim esta saudade de não sei onde
Como se já fizesse tanto tempo que eu parti

Já não sei voltar pra onde eu quero ir
Já não quero partir
E partir meu coração

As vezes me sinto meio assim
Bicho do mato
Como se aqui fosse minha casa
E eu não quisesse mais sair
Como se o mundo lá fora fosse assustador
E eu, bicho do mato, cá me vejo
Entre o medo de ficar e o desejo de não ir

As vezes sei que sou assim
Bicho do mato
Quero fugir pro mundo e não ter um lar
Sem saber se acho o caminho de volta

E eu,
Bicho do mato,
Fiz aqui meu lugar
No mundo inteiro, meu cantinho
E é aqui que sou feliz.

sexta-feira, abril 01, 2005

De que tu és feito, ó homem?

Já parou para se perguntar: "Quem sou eu"?

Estou falando sério: Fazer-se uma pergunta honesta, o que requer uma resposta do mesmo nível. Já fez isto? Eu faço todo o tempo.

Tento entender, como nós, seres humanos, podemos ser tanto e tão pouco, ao mesmo tempo. Como podemos abrigar em nosso coração tanta mesquinharia, e ao mesmo tempo, tanta generosidade.

Não sei se posso falar por todos, e ainda que pudesse, não sei se ousaria. Mas, falando exclusivamente por mim aqui (mesmo quando uso o plural), confesso que não entendo.

Acho que em tendo oportunidade de sermos corretos, justos, de rompermos as barreiras, de transpormos os limites dos preconceitos e dos medos, se realmente temos esta oportunidade, o fato de fazê-lo não constitui nenhum milagre, nem nenhum esforço louvável e digno de aplauso, mas apenas uma mera obrigação. Se podemos ser grandes, por que insistimos em sermos pequenos?

Reconheço que não conseguimos fazer isto, ao menos não com a frequência que gostaríamos.

Ser pequeno. Auto-destrutivo. Lamentável. Conseguimos mesmo corromper o que de melhor há em nós. Quase sempre por um valor tão baixo, quando não, por troco de nada.

Posso até estar enganado, mas creio que muito disto passa por não sabermos quem somos, e por conseguinte, o que queremos. Nos acostumamos a ver o mundo desta ou daquela maneira, e como fundamentamos nosso chão sobre um material que, inconscientemente sabemos frágil, buscamos nos preservar de qualquer coisa que possa nos puxar o tapete, rasgar o fino trapo que chamamos de chão, que nossa realidade fechada não passa de nossa imaginação fechada.

Quando a gente não sabe o que é, qualquer coisa serve. Trocamos nossos valores por qualquer coisa. Qualquer fé cega de esquina ou ceticismo de boteco serve. Qualquer sofisma nos convence. Qualquer pessoa nos leva a fazer o que quiserem, e ainda acreditamos que fazemos por que nós queremos. Sabemos o que queremos? Sabemos o que é querer?

É dureza. Não pensem que eu faço uma idéia razoável de quem eu sou. Uma hora estou pensando uma coisa, de repente, vem outra coisa oposta na mente, e é preciso arbitrar entre idéias contrárias sem mesmo saber se uma delas tem algum fundamento. Com o tempo se acostuma, mas quando você não está bem, equilibrado, isto te influencia sobremaneira e você perde o rumo das coisas.

O caminho aparentemente fácil da inconsequencia e da irresponsabilidade, não é, em verdade, fácil. É o caminho mais díficil. É aquele pelo qual para cada quilômetro rodado na ida, precisaremos rodar outro na volta, e quem já fez grandes caminhadas a pé sabe que a volta, com o cansaço, sempre parece mais longa.

Um dia, eu cansei da irresponsabilidade. Cansei do caminho fácil. Mas sobretudo, cansei de não saber quem eu sou.

Eu ainda não sei, mas cada dia que passa, me apercebo que a resposta vai se clareando aos poucos. E no processo, descobri algo que considero ainda mais importante: quem eu quero ser. O que também não é um conceito fechado e definitivo, mas cada vez mais claro.

Se me arrependo de algo na vida é das queixas que empreendo, e elas são frequentes. Nunca parece estar bom.

O que de fato esqueço é que, se é verdade que quero muito e muito do que quero não posso ter, existem uma infinidade de elementos, de objetivos, que já conquistei.

Para não mencionar aquelas coisas maravilhosas que acontecem e que parece que foram presentes da vida, presentes que, a meu ver, eu não fiz por merecer.

Espero ter a dignidade de vir a merecer, desde hoje e cada vez mais, as oportunidades que me são dadas.

Quando olho os céus e contemplo a miríade de estrelas, que me lembra da infinitude de astros e localizações no universo, que há estrelas morrendo enquanto outras nascem; Quando vejo tudo isso e me vejo contextualizado aqui, neste planeta azul que agora já me permito chamar de lar, sei que se eu me desenvolver e me tornar o homem que pretendo ser, ainda assim, não passarei de um mero grão de areia, insignificante, diante do universo, ou mesmo do contexto em que estou inserido.

E se ser um grão de areia for um limite intransponível, que eu seja então o melhor grão de areia que minha condição me permitir ser.

Não podendo ser montanha, é imperioso saber que as montanhas são feitas por grãos de areia, e que a honra da vida consiste em fazermos o que está ao nosso alcance, não mais.

Sejamos quem podemos ser!

"Concede-me a coragem para mudar o que pode ser mudado, a resignação para aceitar o que não pode ser mudado, e a inteligência para poder perceber a diferença" -- St. Agostinho

Oops

Eu havia publicado um draft inacabado, entitulado "mudanças". Eu o escrevi de sopetão, e ficou uma crítica social um tanto quanto superficial e não era bem a idéia que eu queria expressar. Vou trabalhar mais nele e publico em um momento oportuno.

Mas agora quero escrever outro post, sobre outro assunto.

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