segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Dia um

Mozilla filho da truta. Digitei meu post aqui e quase morrendo de sono ele conseguiu perder tudo.

Maravilha.

Em resumo, primeiro dia de aula: Aulão com os professores, apresentando a universidade, o corpo docente, a estrutura dos departamentos e uma introdução aos cursos que mais pareciam cópias do mesmo discurso.

Mas foi legal. De fazer pensar.

Quando cheguei lá, estava tranquilo. Fui ficando nervoso depois, a medida que ia pensando em quantas coisas ainda terei que fazer na vida. Eu começo a ficar com medo do desconhecido. Parece que de alguma forma estou deixando de ser preguiçoso, e isto deve ser bom, mas ao mesmo tempo é assustador...

Bom, vou dormir que estou podre. Depois de um dia puxado (pensei que não ia dar p/ fazer tudo que tinha planejado, mas deu) e difícil, nada como ir se aconselhar com o travesseiro. Que aliás, não anda lá um conselheiro muito eficaz. Os conselhos mais sublimes parecem as vezes os mais imbecis, e para meu desespero, a recíproca por vezes é verdadeira.

Sigo

Dobro a esquina da vida
Entro no beco da dúvida
Buscando a verdade

Sabedoria, sabedoria
Interrogo aos gritos:
- Por quê?

Vocês, que me destroem
Que me corrompem e me manipulam
Realmente acreditam que podem vencer?
Realmente acham que por que tropeço, hei de perder?

Não conhecem minha força?
Não sabem o que me sustenta?
Não viram ainda até onde posso ir?

Tempo, tempo bom
Deixa estar, deixe viver.

Eu já disse, e repito
Nesta vida difícil
Eu hei de vencer.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Teclado e tapete

Deus abençoe o teclado abnt2, que pra quem não é chegado em siglas ou tecnologia, é este teclado maravilhoso que tem o cê cedilha (Ç).

Não que eu goste do teclado, é que não me sinto a vontade de mandar para lugares indecorosos quem criou esta aberração, que finalmente o brasil todo adotou e eu, retrógrado, dinossauro ultrapassado, me recuso ainda a aceitar, resultando no fato de que só consigo digitar em velocidade full-mandioca em casa, no meu velho teclado americano pseudo-ergonômico.

O meu teclado está meio velhinho mesmo, talvez chegue a hora de fazer um upgrade nele. Afinal, eu já tenho feito tantos upgrades ultimamente que um a mais nem cansa...

Após um dia produtivo, estou cansado, e procurarei a cama. Terei que vencer uma maratona, andar cerca de uns 30 metros até ela, para só então lembrar que precisarei me deslocar mais uns três até onde deixei a escova de dentes e mais uns 15, ida e volta, até o banheiro, para tomar banho e fazer uso da escova citada anteriormente. Aí lembrarei que esqueci o fio dental, e em desespero, dormirei no tapete do banheiro, até ser encontrado pela faxineira na manhã seguinte, que provavelmente terá visto a cena mais estranha de toda sua vida, e, sem entender exatamente por que alguém dormiria no tapete do banheiro, contará a história para filhos, netos, sobrinhos, primos, tios, e eu ficarei famoso por todas as gerações de descendentes desta família. como o mito do louco que dormia no tapete.

Bom, o fato é que nada disso vai acontecer, ao menos não a partir da parte onde eu dormiria no tapete. Já dormi no tapete, não do banheiro, mas da sala, ou melhor, acordei nele. Tenho certeza que deitei na minha cama, mas acordei na sala. Nunca entendi isso, e como deve fazer uns 7 ou 8 anos, é provável que nunca venha a entender...

E não tenho coragem de contar esta história a filhos, netos, sobrinhos, primos e tios, embora sem querer tenha acabado de contar ao mundo todo. Daqui uns dias alguém procurando por tapetes de banheiro no google irá parar aqui e minha pouca reputação terá ido parar embaixo do tapete.

Da sala ou do banheiro?

Urbanidade

As vezes queria ter uma câmera digital, dessas boas, com qualidade de imagem para tirar fotos panorâmicas.
Assim poderia registrar, para meu próprio acervo de recordações e para quem mais quisesse ver, estas experiências incríveis que são as viagens.

Porque, mesmo em uma viagem a negócios, sobra um quê de atenção para as pequenas coisas, destas que apenas são o que são.

Por exemplo, a vista aqui de São Paulo é algo interessante.
Sempre me admirei com esta cidade, em vários aspectos, tanto negativos quanto positivos.

De onde estou, em toda volta há a urbanidade em sua expressão maior. Mesmo com árvores perdidas aqui e ali, a selva aqui é mesmo de pedra. Edificações industriais e comerciais antigas, que lembram filmes rodados em Nova York, estão a toda volta. Já as favelinhas escondidas dento das quadras, em regiões cujas ruas ostentam fachadas elegantes e em alguns casos luxosas, mostram que estou mesmo é no Brasil. E estas coisas escondidas só podem ser vistas de cima dos prédios: quem passa na rua não nota. Outra coisa incrível é o oposto: Há casas que só tem um pequeno portão de carro na rua, e uma fachada pequena, e são verdadeiros casões para o lado de dentro, com dois ou três andares (as vezes abaixo do nível da rua, com o terreno em declive), em algumas tem até piscina, mas olhando de fora, não dá para adivinhar.

O sol brilha forte mesmo através das nuvens, estas não de vapor d'agua, mas de fumaça. E em toda parte as vias movimentadas com um trânsito feroz, caótico e completamente mal planejado (para não dizer que não houve planejamento).

É incrível perceber quanta gente vive suas vidas neste cenário, e a maioria das que aqui conheci vieram de outro lugar, lutam e vivem aqui, frequëntemente por que escolheram.

Digam o que disserem, as pessoas aqui (exceto enquanto estão no trânsito) são muito gentis. É claro que aprendi há bastante tempo que a arte da boa educação não necessariamente reflete o interior de ninguém. Há muitos móveis corroídos pelos cupins, cuja saúde aparente que chega a enganar sustenta-se apenas pelo verniz que lhe dá o brilho de vida, disfarçando a morte interior que já se consumou.

Prova disso pode ser encontrada mais facilmente não aqui, na capital financeira, mas mais acima, em Brasília, capital política, onde estão os maiores ladrões que este país suporta e sustenta, sem que saibamos até quando.

Sinto falta, é verdade, do meu pequeno canto lá em casa, canto que não escolhi, mas que aprendi a gostar. De qualquer forma, as vezes percebo que parte de mim é caseira, parte adora a experiência de estar a centenas de quilômetros de casa. Eu diria que fico no meio-a-meio, 50% mesmo. E atualmente, ambos os lados são felizes, por que ambos podem realizar-se.

Eu, que cada dia conheço menos da vida, não por que vá emburrecendo (espero), mas por que cada dia descubro que há mais e mais coisas que ignoro, sinto-me relativamente em paz pelo rumo que o mundo caminha, como se, por trás de toda tragédia e problemática humana, existisse mesmo uma razão e uma solução a um problema maior.

Como se o que hoje chamamos caos fosse a pedra de toque que, lapidando, faz das pedras brutas que ainda as somos, talvez um dia, diamantes.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Anjos

Não sei exato o por que, mas pela primeira vez na vida tenho desejado fosse eu um anjo. Assim poderia guardar em paz aqueles que tanto amo.

Como não o sou, sigo com meus defeitos e meu egoísmo, minha insegurança e meu tosco coração, e uso toda a pouca força que tenho para pedir que aqueles, que no universo desempenham esta função com a dignidade e a sabedoria que nem sonho em ter, possam cuidar e proteger os que me são caros, de todos os perigos do mundo e até, se for necessário, de si mesmos, pois que somos, frequentemente, nós mesmos os nossos maiores inimigos.

E que o façam com a ternura e o cuidado que eu faria, se fosse eu quem não posso ser.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Quando eu voltar?

Estou aqui em São Paulo, e apesar de cansado (foi um dia produtivo, porém exaustivo), resolvi escrever um pouquinho. É o vício...

Não sei exato sobre o que falar. Eu ando feliz por tudo andar mais ou menos encaminhado na minha vida. Mas ao mesmo, eu começo a pensar que tem tanta coisa por fazer...

Lá no fundo, e talvez nem tanto assim, eu sinto como se estivesse muito distante ainda de ser quem eu gostaria. Quando olho o que já passou, eu me alegro por que de alguma forma eu consegui atingir alguns objetivos importantes. Alguns deles são públicos e notórios, vocês já devem ter lido aqui. Outros são mais particulares, e dizem respeito desde a pequenos sonhos e bobagens até a coisas mais sérias, como iniciar na tarefa de definir e encontrar os objetivos de minha vida.

Eu sei o quanto é complicado não ter um objetivo. E me perdoem a linguagem, mas no fundo é um saco.
Ter um objetivo, ou melhor ainda, vários, na verdade simplifica as coisas, a medida em que se encontra as forças para deixar de ter aquele medo antecipado de se decepcionar por não conseguir atingir.

Uma coisa que eu percebi é que não temos controle sobre o tempo e sobre a vida. Esse negócio de "quero atingir objetivo X, mas ..." é também um saco. O problema está neste "mas". Por que quando queremos que seja do nosso jeito, na nossa hora, aí sim a decepção é quase garantida.

Ora, se a gente quer, se é realmente importante, vamos a luta. Sempre mantendo a cabeça aberta, reavaliando sempre se o que queremos vale a pena, se ainda combinada com nossos ideais, se não estamos sendo pretenciosos ou tímidos demais...

A verdade é que quase todos os objetivos são possíveis, exceto quando os imaginamos com uma determinada feição, por que aí eles se tornam particulares demais. Vou tentar exemplificar melhor.

Se um dos seus objetivos é ter um fusca transparente com motor de ford mustang, você tem um problemão. Se o seu objetivo é ter um fusca, e os detalhes não importam tanto, você tem uma alta chance de realizar.

E não estou implicando em sonhar baixo. Mas particularizar demais as coisas torna mais difícil conseguí-las.

As vezes faço isso, espero que as coisas sejam assim ou assado, e deixo de identificar oportunidades de fazê-las acontecer ainda hoje.

Seja como for, semana que vêm começa uma etapa nova na minha vida, e estou ansioso, confesso. Tem o começo das aulas, mas também vou trocar de turma nos cursos que eu fazia a noite, terei que passar para a tarde ou fim de semana. Pretendo aceitar também outras responsabilidades que confesso tenho medo de não estar preparado, embora eu saiba que através destas talvez possa encontrar finalmente uma forma de libertar-me de algumas sérias limitações que identifico em mim. Um dia escreverei sobre isto em detalhes, ainda não me vejo em condições de fazê-lo...

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Comfortably numb

"Hello. Is there anybody in there?
Just nod if you can hear me
Is there anyone at home?

Come on, now
I hear you're feeling down

I can ease your pain
And get you on your feet again

Relax ...
I'll need some information first
Just the basic facts
Can you show me where it hurts?

There's no pain
You are receding
A distant ship smoke on the horizon
You're only coming through in waves
Your lips move but I can't hear what you're saying

When I was a child, I had a fever
My hands felt just like two baloons
Now I've got that feeling once again
I can't explain, you would not understand
This is not how I am

I have become comfortably numb
(2x)
I have become comfortably numb

Ok.
Just a little pinprick
There'll be no more: Ahhhhhhhhh
But you may feel a little sick
Can you stand up?
I do believe it's working
Good...
That'll keep you going through the show
Come on, it's time to go

There's no pain
You are receding
A distant ship smoke on the horizon
You're only coming through in waves
Your lips move but I can't hear what you're saying

When I was a child, I caught a fleeting glimpse
Out of the corner of my eye
I turned to look but it was gone
I cannot put my finger on it now
The child is grown, the dream is gone

I have become comfortably numb"


Não sei exato por que gosto tanto desta música. Em parte é o solo de guitarra, em parte não.
Um dia eu descubro.

É isso. semana corrida. Cansado. A cama me espera. Amanhã é um novo dia.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Por enquanto

Há tantas palavras aqui e agora, uma pena que não consigo organizá-las... Mas estou acostumando, já não me incomoda tanto.

Afinal, tem coisas que escrevi aqui que levei meses para conseguir, e ainda de um tosco modo, acho que consegui expressar algumas coisas que me eram difíceis, mas que considerava importante fossem ditas.

Assim, vamos levando, e aos poucos, as idéias vão se ordenando em torno de palavras e se torna possível continuar escrevendo...

Gostei do texto que escrevi no outro blog. Foi meio na louca, mas ficou bem o que eu imaginava... raramente consigo isso, as coisas costumam tomar um rumo diferente durante a escrita.

Por enquanto, é só... :-)

Canção da vida

Dizia assim verdade verdadeira não leva
Ao tempo e a miséria e a discografia de quem nunca cantou

A canção do tempo da vitória
Conquista o universo
O universo é minha vida
Tua vida é vitória

Verdade verdadeira chega assim
De mansinho ou com ímpeto incomum
Nestes dias de luta e amizade

Sou teu caro companheiro
Na estrada de dia
Na noite do desfiladeiro

Sou errante, caixeiro viajante
Sou cigano
Sou de casa, de ficar contigo domingo
O dia inteiro

Sou a vida que vem
Sou a paz que se vai
Sou a casa em chamas
Sou a paz que volta a viver

Vem olha lá
Tanto tempo já se foi
Tanta vida já viveu

Vem olha lá
Eles tentam
Eles correm

Vivem atrás
Vivem sem saber

Vem olha lá

Sou o que vem
Sou o que vai

Aqui estou
Aqui eu sou

Meu amor...

A vida vem e vai
Corrida...


Corrida como esta letra
Assim sem saber
Se vim de cá ou vou pra lá

É assim
Como a vida
Que se vive

De viver
Em paz

(Espero que dê pra musicar isso... a letra saiu em 30 segundos :P)

sábado, fevereiro 12, 2005

Pra frente

A princípio, pensei em escrever sobre algo engraçado. Pensei em bochechas avermelhadas, de alguém que nos é especial, quando fica com vergonha. É algo ao mesmo tempo lindo, intrigante e ... engraçado. Mas acho que ninguém entenderia exatamente do jeito que eu entendo, e aí talvez não fosse assim, engraçado.

Pensei em escrever sobre o George Bush, fazer alguma piada depreciativa. Mas não tem nada de engraçado nele. Se caisse uma bigorna de aço na cabeça dele, talvez o mundo se tornasse um lugar melhor, talvez não, mas de qualquer forma eu não veria graça nisso, seria uma cena de mau gosto.

Então desisti de escrever sobre algo engraçado. Resolvi escrever sobre coisas sérias. Sobre algo que me intriga. A discrepância entre como vejo o mundo e o mundo me vê.

Eu as vezes acho que sou de aço inox, de titânio, enfim, de qualquer coisa invulnerável. É claro que estou enganado quando penso assim.

O mundo as vezes acha que sou de vidro, de cristal, de papel. As pessoas tentam me poupar das menores coisas, como se eu não tivesse estrutura para tolerar a verdade. Eu tenho lá minhas fraquezas com relação a mentira, odeio descobrir por meus próprios meios que mentem pra mim. Mas a verdade, por pior que seja, é a realidade, a gente tem que viver com ela e seguir em frente, não há segunda opção. Então é igualmente óbvio que, do meu ponto de vista, as pessoas se enganam ao tentar me preservar.

Eu me considero bastante independente do ponto de vista de tomar decisões. Não gosto nem um pouco que tomem decisões por mim. Quando decidem me preservar, estão escolhendo o que eu posso ou não posso suportar, e limitando minhas opções de escolha. Oras, ainda que eu não pudesse fazer a escolha certa, ela seria minha escolha, e quero ser responsável por ela. Então, por favor, se algum dia a bomba endereçada a minha pessoa cair na mão de vocês, não sentem em cima e deixem explodir. Simplesmente me passem.

Tem uma diferença muito grande entre tentar ter um bom coração e ser "bonzinho". Este último tenta agradar a todo mundo, ainda que para isto ele fique em cima do muro ou se abstenha de fazer a coisa certa. Não quero ter nada a ver com esta postura, então não me confundam como tal.

Eu prefiro estar errado por conta própria do que certo na imaginação dos demais. Então, por favor, não me guardem numa redoma. Eu sou gente. E tento ser gente boa, na medida de minhas possibilidades. Nem sempre é possível, ainda.

Mas a gente segue em frente. É para onde se vai, quando se quer chegar a algum lugar. Quando não se quer, qualquer recanto nas laterais da estrada serve. Mas neste caso, onde se está nunca está bom; E a vida continua uma busca incessante por coisa nenhuma, por momentos que não se perpetuam e por lembranças que perdem seu valor. O tempo passa e não espera, enquanto vendemos por trocados tudo aquilo que não tem preço.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Tão Você

Você, que habita meus sonhos, minha realidade e meu coração.
Você, que de um sorriso tira um dia de sol
Que faz chover paz na selva em chamas do meu coração

Você, que nunca conheci alguém igual
Me faz assim, sem querer, um bem maior

Me sinto importante, de alguma forma
Por que você me vê assim
E se para você algo sou,
Também sou para mim

Queria deste pequeno grande coração
Tirar teus medos e trocá-los por flores
O cansaço, trocar por beijos
E a dúvida, pela esperança

Mas, se não puder, já sou feliz
Feliz por saber
Que você, só você, é mesmo assim...
Tão você.

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Para pensar...

"O amor não condena nossos erros. Ele torce pelos nossos acertos"

Nem todas as palavras vão ao vento

Não esperem muito de mim. Não sou assim tão forte.

Peço a Deus que me permita ser suficientemente forte para impedir que aqueles que amo se machuquem. Mas, se isto não for possível, que ao menos eu esteja ao lado deles, segurando suas mãos, enxugando suas lágrimas, e, se isto ainda me for possível, as trocando por sorrisos.

Gostaria de ser um homem bom, e que a paz em meu coração fosse permanente, a ponto de poder dá-la de presente ao mundo. Mas ainda estou muito longe disso. Me contentaria já se conseguisse ferir menos as pessoas, e com menos frequência.

Quando olho para quem sou, e para a frente, tenho medo. Pois vejo que grandes obstáculos me aguardam. Ao mesmo tempo, quando observo quem já fui e as coisas que hoje já não me são difíceis, quando vejo as ferramentas que a vida me equipou e que a cada dia vai me ensinando a usar, eu só posso sentir confiança e alegria.

Não compreendo por que depositou tanta confiança em alguém tão propenso a falhar.
Não posso prometer vitória. Mas posso assegurar todo o meu esforço.
Peço que me permita sentir tua presença nas horas difíceis. Nada posso sozinho.

Auxilie as pessoas a compreenderem que não há nada de especial em mim. Não gosto quando esquecem que sou apenas humano, com tudo de bom e de ruim que isto implica. Até por que geralmente se afastam, e não é o que eu quero. Sei que minha principal ocupação na vida foi, por muito tempo, manter as pessoas longe. Mas isto ficou para trás. Necessito da presença delas em minha vida, pois o bem que me fazem ainda é em muito superior ao que eu poderia fazer por elas.

Obrigado por esperar, pai. Obrigado pela paciência. Sei que jamais me abandonou. Nos momentos mais difíceis, sei que esteve comigo. Nos mais felizes, sei que compartilhava de minha alegria.

Eu não estou pronto para voar. Mas estou pronto para caminhar, um passo de cada vez.

Sê presente, hoje e sempre, e inspira-me boas idéias, para que eu tenha melhores condições de separar da impostura a verdade. Faz-me simples, para que eu não me perca na teia do orgulho, como tantas vezes. Quando eu esquecer de minhas responsabilidades, mostra-me o que estou perdendo, e deixa-me a responsabilidade de arcar com as consequências...

Um dia fiz uma promessa a meu pai e minha mãe. Sei que tem me feito cumpri-la. Gostaria de poder cumpri-la integralmente. Mas se não for possível em tempo hábil, pretendo continuar tentando ainda assim.

Guarda a todos que já amo, e os protege com tua força, já que a minha frequentemente não está a altura da tarefa.

Por último, mas não menos importante, perdoa-me, e ajuda-me na tarefa de perdoar-me a mim mesmo. Necessito tanto disto quanto de alimento.

Obrigado, por tudo.

sábado, fevereiro 05, 2005

The river flow

Tem horas em que as palavras simplesmente me escapam
Há uma agitação, uma calma agitação em minha alma. Algo que não consigo definir, e por isso mesmo, fica difícil falar disso.

As vezes temo pelos meus sentidos. Pareço um rádio velho daqueles com problema no botão de volume, uma hora fica alto demais, noutra hora não dá para ouvir, e em meio a estas variações de extremos, vou tentando "pescar" o que consigo.

Eu não sabia por que era assim. Por que ter de lidar com coisas tão complicadas?

Quando comecei a entender, é que percebi que aquela história de usar as adversidades vem mesmo a calhar. Acho que algumas lições precisamos aprender na marra, já que não cooperamos. E eu sou um teimoso de marca maior.

Sinto paz. Ontém me questionava o que era a paz. Acho que são muitas as respostas possíveis, a maioria delas ao menos parcialmente corretas.

Mas sei apenas que sinto a paz... A paz de quem espera.

Piada

Os amigos se surpreenderam, de fato, quando Frank e Jennifer terminaram seu noivado.
Mas Frank tinha uma explicação pronta:
"Por um acaso vocês casariam com alguém habitualmente infiel, que mente a cada oportunidade, que é só egoísmo, preguiça e sarcasmo?"
"- Claro que não!" Disse um amigo compadecido.
"Bom, " - Continuou Frank - "Jennifer também não."

(Favor rir. Obrigado.)

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Epa! Falou!

... E não é que a vida fala mesmo?

Confesso que estou com medo. Essa coisa do desconhecido. Adentrar novos terrenos. Pisar em ovos no escuro.

Situação engraçada. Acredito que sei o que fazer. Acredito que é a coisa certa. Acredito que posso fazer, e que será uma coisa boa, antes de tudo. E ainda assim, tenho medo. Medo de não estar a altura da tarefa. Medo de não saber lidar com responsabilidades tão grandes.

Mas... ao mesmo tempo, esse medo não é suficiente para me impedir de prosseguir, eu sei. Não quer dizer que isto o anule. Mas já é uma boa coisa. Estou determinado a seguir desbravando territórios novos. Mas com calma. Com paciência. Determinação. Disciplina (vai ser o mais difícil, manter a disciplina).

A vida me pede nova responsabilidade. Eu fico honrado, e não posso responder senão: aceito. Eu deveria estar assustado, afinal, eu já tenho novas responsabilidades, uma a mais deveria ser um problema. Por que então vejo como uma benção?

Mas estou com medo :-)

Me desejem sorte, na vida nova (lembram do post de ano novo, onde eu dizia: nada de vida nova?! Esqueçam: ano novo, vida nova ... mesmo não tendo planejado!)

A vida humana

Já falei sobre valor aqui, e como é difícil conceituá-lo, definí-lo, e quantificá-lo.

Sobre o valor da vida humana então, seria pretensão minha chegar a alguma conclusão. Vou narrar apenas alguns fatores que considero. Não vou contrapô-los, como geralmente tento fazer. Isto fica a critério de cada um.

Fico imaginando o que sentiram os então "herdeiros" da terra, os primitivos homens de cro-magnon, ao observar as estrelas. Provavelmente a maioria deles ficaram indiferentes, pois na vida do homem primitivo, a prioridade, a ocupação da relativa capacidade de pensar, é certamente empregada na sobrevivência e na satisfação dos sentidos, portanto a busca do alimento e a necessidade de reprodução lhes ocupava a mente tanto quanto ainda parece ocupar a de muitos representantes da nossa própria espécie, o homo-sapiens, cujas capacidades comprovadamente desenvolvem-se de maneira diferente em cada indivíduo.

Mas creio, sem nenhuma base no entanto, que talvez alguns destes primitivos cro-magnons tenham um dia sentado sob uma pedra ou o que quer que seja, numa destas noites estreladas que a nossa iluminação artificial obscurece em nossas cidades, e indagado sobre o que seria aquilo. E em algum ponto, provavelmente em época posterior, algum homem, talvez já homo sapiens, deve ter se incomodado: "Que tipo de mundo é este, onde há estrelas? O que haverá além de onde posso ver? Que sou eu, afinal?".

E sem querer, provavelmente ali nasceram, ao menos em nossa esfera azul, a filosofia e a ciência. Sem com que o filósofo-cientista sequer soubesse o que um dia viriam ser estas coisas.

Nós, homens contemporâneos, vivemos em tempos curiosos. Não só já sabemos que os átomos, que receberam este nome por que acreditava-se serem particulas elementares, indivisiveis, na verdade são compostos por partículas ainda menores, e como "dividir o indivisível" artificialmente, o que deu origem a era nuclear, de cujas pesquisas sairam, dentre outras coisas, o conhecimento sob a bomba atômica e a geração ade energia, através do mesmo processo que originou a bomba, executado, no entanto, de forma lenta e controlada.

Em toda a parte, arranha-céus que certamente os próprios engenheiros que os construiram teriam sérias dúvidas sobre suas possibilidades, enquanto ainda eram estudantes. O conhecimento evolve em toda parte, transformando a face do mundo em uma velocidade que as vezes pensamos não conseguir acompanhar.

E, talvez por que pareça acontecer assim, tão rápido, as vezes nem tentamos entender o mundo. Passamos pela vida, e quando vemos, estamos onde sempre estivemos, no frio e na chuva, mas já não temos o mesmo vigor de antes. Descobrimos que a vida também passou por nós. E talvez alguns de nós descubram então que ela sussurava em nossos ouvidos "vive-me", mas não tinhamos algo. Não tinhamos tempo, coragem, vontade ou disposição de ouvi-la.

A vida não nos pede que sejamos cientistas ou filósofos. Não nos pede que sejamos santos, que não erremos. O convite da vida é para que saibamos ouvir. Talvez tenhamos dificuldades em operar dois ouvidos, embora eles funcionem tão integrados que ouvimos como fosse um só. Mas a boca é mais fácil de operar, pois a faculdade da fala nos salta relativamente bem desenvolvida mesmo até aos dois anos de idade.

Confesso que tenho enormes dificuldades em entender a vida. Intelectualmente, são muitas as teorias, e embora eu aprenda coisas novas todos os dias, e muita coisa me faça sentido, eu sei que o que parece ser uma poça d'agua as vezes não passa de uma gota, diante do infinito de coisas que ignoro.

Mas, quando me sento sob uma pedra, a observar as estrelas, um não-sei-que se apodera de meus pensamentos, que então se calam, e ali, no silêncio, tentando pensar apenas no que sentiria o cro-magnon, eu me sinto em paz, e todas as coisas deixam de fazer sentido. Por que então, por breves instantes, cessa-me a necessidade de que as coisas façam sentido. Elas são o que são, da pedra as estrelas.

E se elas tem a paz de não precisarem-se descobrirem-se e definirem-se, e se não precisam incomodarem-se com o desconforto intelectual de não saberem o que são, tampouco podem maravilhar-se com o fato de saberem-se aquilo que fizeram de si mesmas: são, o que conseguiram, até então, e serão o que conseguirem fazer de si mesmas, sob a égide do tempo que constrói, destrói e reconstrói pelos seus próprios critérios, critérios estes que por mais observemos, quando queremos, não chegamos a apreender senão de forma parcial.

Há grandiosidade na vida, e ela não vem em carros alegóricos, e não faz barulho. Não requer discursos, não requer atenção, não exige revoluções, nem a força que não temos.

Tudo que a vida parece pedir é atenção.

Eis a minha. Fala-me...

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Adversidade

Certa vez, assisti uma entrevista com o ator Michael Caine.
Ele estava contando suas experiências de vida, e lembro de um trecho particularmente interessante.

Narra ele que em uma peça de teatro, em uma de suas primeiras aparições, se deparou no palco com uma cadeira que estava trancando a porta. Ele não sabia o que fazer, por que ele deveria, de acordo com o script, abrir a porta, mas a cadeira estava na frente, impedindo a ação.

Se lembro bem ele ficou meio desesperado, e saiu do palco. E então alguém lhe disse: - você precisa usar a adversidade.
- Usar a adversidade? - Perguntou ele.
- Sim, use a adversidade.
- Mas como?
- Oras, improvise, se for um drama, destrua a cadeira, se for uma comédia, faça do fato da cadeira não dever estar ali algo engraçado. E conta ele que esta lição ele nunca esqueceu, e que foi muito importante durante o desenvolvimento de sua capacidade de atuar, pois, se é um dos brilhantes atores de sua geração, ele teve que aprender, como todos nós, através de dificuldades.

Pena que esta seja uma arte tão difícil, a arte de usar as adversidades. Mas desconfio que faça algum sentido aquela afirmação que as melhores coisas na vida costumam mesmo ser difíceis, ao menos no começo.

Fica aqui uma lição que um dia espero aprender.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Convite à Esperança

"Tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre." (I Coríntios: 13-7)

Não obstante estejam cararncudas as nuvens do teu céu, prenunciando borrasca próxima aflitiva, espera. Após a tempestade, que talvez advenha, talvez não, defrontarás dia claro pelo caminho.

Embora a soledade amarga a fazer-te sofrer fel e dor como se já não suportasses mais a lenta e silenciosa agonia, espera. Amanhã, possivelmente dois braços amigos estarão envolvendo-te e voz veludosa cantará aos teus ouvidos gentil canção ...

Mesmo que tudo conspire contra os propósitos abraçados, ameaçando planos zelosamente cuidados, espera. Há surpresas que constituem interferência divina, modificando paisagens humanas, alterando rumos considerados corretos.

Apesar de a chibata caluniosa fazer-te experimentar reproche e desconsideração, arrojando-te à rua do descrédito, espera. A verdade chega após a calamidade da intrujice para demonstrar a grandeza de sua força, renovando conceituações.

À borda do abismo do desespero, incompreendido e em sofrimento, estuga o passo e espera. Reconsidera atitudes mentais e recomeça o labor. O futuro se consolida mediante as realizações do presente...
Esperança expressa integração no organograma da vida.

O rio muda o curso, a montanha desaparece, a árvore fenece, o grão germina, enquanto esperam...
A mão grandiloquente do tempo tudo muda. O que agora parece sombras, logo mais surge e ressurge em ouro fulvo de luz.

Espera, diz o evangelho, e ama.
Espera, responde a vida, e serve.
Espera, proclamam os justos, e perdoa.

Espera no dever distribuindo consolo e compreensão, porquanto, a fim de que houvesse a gloriosa ascensão do Senhor, na montanha da Betânia, aconteceram a traição infame, o cerco da inveja, a gritaria do julgamento arbitrário e a Cruz odienta, que em sublime esperança o Justo transformou na excelsa catapulta para o Reino dos céus.

(Joanna De Ângelis, pelas mãos de Divaldo Pereira Franco, extraído do livro Convites da Vida)

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