domingo, maio 09, 2010

Do coração materno

Feliz dia das mães.

Para toda as mães, das mais óbvias, as mais improváveis.
Para as mães-mães, dotadas pela natureza dessa faculdade fantástica, e ao mesmo tempo assustadora, de terem filhos biológicos.

Para as mães-pais, que suprem a ausência, voluntária ou não, daquele que a deveria auxiliar nesta tarefa tão complexa.

Para os pais-mães, que se vêem em situação análoga. Não pensem, meninas, que é coisa trivial a um homem tentar suprir a ausência materna. Contrariando qualquer coisa que possamos dizer em piadinhas machistas, vocês são absolutamente insubstituíveis, e só intentamos (sem jamais lograr sucesso absoluto) fazê-lo quando as circunstâncias excepcionais assim o exigem. É bem verdade que alguns de nós até conseguem fazer um trabalho exemplar, e prova disto está no reconhecimento da prole, mas sabemos que não seria a mesma coisa, se estivésseis disponíveis.

Para os amigos-mães, que nos aconselham na juventude, do corpo e da alma, muitas vezes dando conselhos duros que precisamos ouvir. Todos cometemos faltas e excessos cujas conseqüências muitas vezes só podem ser capturadas de antemão por este olhar externo, a nos guardar constantemente.

Para os filhos-mães e filhas-mães. Pois há pais que, em determinadas áreas, carecem, mais que seus filhos, de orientação. É a vida mostrando que "existe mais entre céu e a terra do que sonha a vossa vã filosofia", e se ainda não observou uma dessas situações entre pais e filhos, convido a prestar bastante atenção, pois é bastante improvável que lhe falte oportunidades de fazê-lo.

Enfim, desejo um ótimo dia das mães para todas as mães de coração, pois apesar da ciência apontar o instinto materno humano como versão sublimada daquele oriundo da natureza (apelo aqui para uma relação entre regra e exceções, estas últimas certamente são numerosas, mas não chegam a constituir maioria, ou não seriam chamadas como tal), existe no coração humano uma capacidade incrível de fazer coisas surpreendentes, tanto do ponto de vista criativo, quanto daquele destrutivo.

É assim que, se de um lado da história temos as mães (e pais) que adotam os filhos biológicos de terceiros, nem sempre atendendo a simples desejo íntimo (se tal coisa existe), ou ainda quando recebem de braços abertos, quer em caráter momentâneo ou permanente, aqueles que ainda possuem os pais biológicos mas que nestes novos braços recebem exímios substitutos, por outro lado, é inevitável perceber que o ser humano também está apto a dar-se com as suas sombras íntimas.

É assim no infanticídio generalizado, que alguns buscam justificar, mesmo em época em que o conhecimento dos processos reprodutivos e contraceptivos já não mais permitem recorrer-se ao argumento da ignorância e da surpresa; Seja este no ventre, ou no abandono por vezes doloroso, por vezes insensível, que se dá aos já gerados, em todas as idades, ou até mesmo em situações ainda mais cruéis e desumanas, onde se vê que, se o ser humano é dotado da capacidade de ir além de seus companheiros de fauna, também se observa que, também pode, facilmente, ficar muito aquém de seus exemplos.

Portanto, é louvável o apreço a toda as formas de maternidade e paternidade, sem cujos exemplos ainda seriamos selvagens, ensaiando sensações e sem ter desenvolvido ainda, sentimentos, embora alguns ainda tenham muito chão antes de conhecê-los de fato.

Dizem que o amor de mãe é, via de regra, o mais próximo do amor incondicional teórico que se possa conceber. Isto não impede que as mães tenham naturais expectativas quanto a correspondência de sua prole, mas podemos observar a paciência com que algumas mães se dedicam aos seus filhos, ainda quando isto se constitui tarefa de superar rejeições e impaciências das mais variadas ordens.

Ou quando ainda estes últimos concorrem para a desordem e a destruição, própria ou dos demais. Quando filhos encarcerados encontram-se abandonados e socialmente odiados, muitas vezes esquecidos até por esposa e filhos, é a figura terna da mãezinha que os visita e lhes transmite constantemente as últimas provas de que a civilização ainda tenta resistir, também nos corações, e de que se deve ter um olhar para frente, mesmo quando, aparentemente, cada um de nós possa experimentar impressão mais ou menos duradoura de que não existiria motivo para tal.

domingo, maio 02, 2010

About roads not taken

Que variáveis determinam a reação de uma pessoa?

Por que diante de uma bifurcação, algumas tomam o caminho da esquerda, e outras da direita, enquanto outras ainda paralisam-se, sem saber o que fazer?

Por que ainda algumas não se incomodam em pegar o caminho mais longo, enquanto outras buscam apenas andar aos saltos, pulando etapas e imaginando atalhos de antemão?

Aquele que, encontrando o problema, encontra-se apto resolvê-lo, o estaria, se não tivesse vivido qual ou tal experiência particular, que despertou nele a vontade de superar? E aquele que falha hoje diante do problema, não o superaria mais tarde, tivesse as próprias experiências?

Ser humano: com seus mistérios, segue avante, pelas próprias pernas, ou empurrado.

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