sábado, agosto 14, 2010

Misunderstandings

Cada pessoa tem um jeito próprio de expressar as sutilezas dos pensamentos, e que estão mais ou menos relacionadas com o que se convencionou chamar de temperamento.

Assim, formas de expressão como generalização ou objetivação, sarcasmo, ironia, (in)formalismo, e outras tantas, variam gravamente de pessoa para pessoa, a ponto de interferirem na compreensão do que se diz, que acaba ficando ao domínio do que se intentou dizer.

Por exemplo, eu não costumo generalizar nem particularizar demais. Não por considerar as generalizações injustas para as exceções, apenas porque estou acostumado a extrapolar as generalizações a partir do específico, quando isto se faz necessário, e vice-versa. Então quando eu tendo a apontar ao específico, a delimitar, o faço sem preocupações. Se me refiro a um subgrupo, o faço diferetamente. Aparentemente, a maioria das pessoas tende a apontar para o conjunto, e, num segundo movimento, delinear mais ou menos o subconjunto. Ou fazer sempre o movimento contrário, e tem dificuldades quando se deparam com outro cenário. Também as tenho, mas como estou sempre alternando entre uma e outra forma de vincular uma idéia a outra, é raro eu deixar de pensar que talvez tenha entendido da forma errada.

Com alguns casos, sou mais objetivo. Se digo que certas pessoas são assim ou assado, me refiro a elas. Não é uma referência indireta a qualquer outro grupo.

Se eu uso de sarcasmo? Sim, mas não gosto de subterfúgios, quando eu o uso, faço questão de deixar claro que a intenção foi essa. Se preciso dizer algo sério, digo de forma direta, de preferência sem usar recursos literários ou terceiras pessoas como fossem intermediários. Quando estou brincando, com quem tenho intimidade para tal, claro que me dou certas liberdades. As vezes isto funciona, as vezes não, mas se não funcionar, me pergunte o que quis dizer, e nos poupe problemas.

A pior coisa é assumir coisas, pensar que necessariamente as pessoas tentaram dizer exatamente o que você entendeu, que pode não ter sido *nada* daquilo. Conversando sobre este assunto com uma pessoa que me é muito próxima, contei algumas vezes em que estive envolvido em pequenas confusões devido a eu ter assumido um entendimento qualquer e não ter buscado esclarecimentos, bem como as vezes em que recordo de ter assumido o papel do carrasco por não terem me questionado sobre algo que disse. São pequenas coisas, cujos efeitos a longo prazo foram perto de nulos, como acredito aconteça na maioria dos casos, com a maioria das pessoas.

Mas para minha surpresa, esta pessoa me confidenciou que tomou uma atitude que mudou todo o curso de sua vida, por causa de uma decisão tomada com base em um mal entendido. Não falo de coisas pequenas, falo de rumos de vida de décadas, e com conseqüências que acompanharão a pessoa até o túmulo, ou além dele, se o preferir.

Ainda temos que aprender muito em termos de comunicarmo-nos, de entendermos e nos fazermos entender. Tentarei fazer minha parte, ainda que tenha ciência das minhas limitações neste sentido, pois não quero pra mim o que me foi contado, que não foi nada de ficção científica ou drama noveleiro: Poderia tranquilamente acontecer com qualquer um de nós.

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