domingo, fevereiro 27, 2011

O Alienígena

"Pressentindo o momento derradeiro, ele lamentava a vala comum, o despojo que viria dos seus restos mortais sem pompa, cerimônia, mas sobretudo, percebia que ao deixar este mundo, em breves instantes não haveria memória de sua passagem pela terra.

Algo incomovido, percebi como são estranhos estes terrícolas, pois vivem sem tentar se destacar, muito ao contrário, muito esforço fazem para serem invisíveis e indistinguíveis, verdadeiros bois no rebanho, entretanto na hora da morte esperam algum milagre que os destaque, como se não tivessem eles mesmos tornado-se lamentavelmente esquecíveis".

domingo, fevereiro 13, 2011

A amizade é indispensável ao nosso ser

A amizade é a unica coisa cuja utilidade é unanimemente reconhecida. A própria virtude tem muitos detratores, que a acusam de ostentação e charlatanismo. Muitos desprezam as riquezas e, contentes de pouco, agradam-se da mediocridade. As honras, à procura da qual se matam tanto as pessoas, quantos outros as desdenham até olhá-las como o que há de mais fútil e de mais frívolo? E, assim, quanto ao mais! O que a uns parece admirável, ao juízo doutros nada é. Mas quanto à amizade, toda a gente está de acordo: os que se ocupam dos negócios públicos, os que se apaixonaram pelo estudo e pelas indagações sapientes, e os que, longe do bulício, limitam os seus cuidados aos seus interesses privados: todos enfim, aqueles mesmos que se entregaram todos inteiros aos prazeres, declaram que a vida nada é sem a amizade, por pouco que queiram reservar a sua para algum sentimento honorável.
Ela se insinua, com efeito, não sei como, no coração de todos os homens e não se admite que, sem ela, possa passar nenhuma condição da vida. Bem mais, se é um homem de natureza selvagem, muito feroz para odiar seus semelhantes e fugir do seu contacto, como fazia, diz-se, não sei mais que Timon de Atenas. É preciso ainda que este homem procure um confidente no seio do qual possa verter o seu veneno e o seu ódio. A necessidade da amizade será ainda mais evidente, se ele pudesse admitir que um Deus nos tirasse do seio da sociedade para nos colocar numa solidão profunda, onde, fornecendo-nos em abundância tudo o que a natureza nos pode propinar, nos subtraísse ao mesmo passo a esperança e os meios de ver jamais qualquer face humana.

Qual é a alma de ferro que suportaria uma tal existência e a quem a solidão não tornaria insípidos todos os gozos? Assim tenho por verdadeiras as palavras de Arquitas de Taranto, que entendi recordar a velhos que as ouviram eles próprios de seus pais: «se alguem subir ao céu, e de lá contemplar a beleza do universo e dos astros, todas essas maravilhas deixá-lo-ão indiferente, enquanto que o embasbacarão de surpresa se tiver de contá-las a alguém». Assim, a natureza do homem se recusa à solidão, e parece sempre procurar um apoio: e não o há mais doce que o coração de um terno amigo.

-- Marcus Cícero, in 'Diálogo sobre a Amizade'

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Obrigado, mais uma vez :-)

Volta e meia escrevo sobre você, por aqui. E as vezes, escrevo pra você.

Como você talvez imagine, isto as vezes me deixa numa situação complicada, pois as pessoas dão uma interpretação meio "tão profunda quanto uma poça d'água" e concluem que é por que eu ainda estou apaixonado. Aí rola uma crise básica de ciúmes, sabe como é.

Bom, se existir alguma forma não romântica de paixão, então, eu estou. E arrisco dizer que sempre estarei. E não é pra menos: poucas pessoas conseguem me fazer sentir especial, até hoje, nenhuma como você.

Por exemplo, as vezes me dizem coisas tentando me animar, e dá pra ver, que apesar da intenção ser a melhor, fica evidente que estão pintando os quadros com coloridos artificiais, tentando fazer a paisagem ser o que não é. Os argumentos são rebuscados, e por isso mesmo, acabam sendo fracos.

Não sei dizer a razão, mas quando você tenta fazer o mesmo, o colorido sai tão natural, me parece que você realmente consegue me ver, exatamente como se eu tivesse ao teu lado desabafando até o último ponto, coisa que, como bem sabes, eu nunca faço.

Você me passa a sensação de acreditar em mim de um jeito ... a ponto de conseguir realmente me animar.

E por isto acho que sempre lhe serei grato: não mais posso dizer, apenas, obrigado por existir, mas muito obrigado ainda por pensar em mim com tanto carinho. Mesmo estando longe, nunca está, e eu honestamente não sei o que fiz pra merecer tamanha confiança. Um dia talvez me explique. Ou um dia talvez eu apenas entenda.

Há tanto ainda pra aprender.

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