sexta-feira, agosto 17, 2012

Feliz dia do Amor - Com sutileza!

Gandhi afirmou, com muita propriedade, que "o amor é a força mais sutil do mundo".

E muitas pessoas (muitas mesmo) tem dificuldades em visualizar os termos "sutil" e "força" na mesma sentença, sem uma negativa entrelaçando-as, ainda que de forma indireta.

Acostumados que estamos com o ruído em alto volume, ignoramos a força do silêncio. As demonstrações do que entendemos por força, tem sido, ao longo dos séculos, ruidosas, patentes, severas.

Referimo-nos sempre às guerras, a grandes momentos de transição. Alguns de nós (excluo-me) sentem frenesi ao referir-se a certas passagens da história como revoluções, e aguardam esperançosa e pacientemente por aquela nova revolução, que, num passe de mágica (ou, as vezes, de tragédia), virá mudar o rumo das coisas estabelecidas.

Fala-se em revolução política, industrial, cultural, econômica. Em quedas de meteoros, incêndios, alagamentos, descobertas científicas de vulto; Aguardam-se heróis e mártires.

Até nas sutilezas de nossas vidas, esperamos barulho: há entre os homens em geral, especialmente os mais jovens (e não falo da idade corporal tão somente), verdadeira adoração, por exemplo, pelos motores a explosão de veículos; Quanto maiores os cilindros, a explosão, o ruído do escapamento, maior o frenesi.

Mas os motores a explosão, para me aproveitar do exemplo, são dos mais ineficientes. Via de regra (embora progressos importantes tenham sempre sido observados nesta área), quando deseja-se um motor potente, o faz-se grande, o que o torna necessariamente mais pesado, ainda que procure-se compensar, substituindo-se materiais; E busca-se com isso tudo não aumentar sua eficiência, mas torná-lo capaz de explosões maiores, e com isto, mais força bruta. Mais é mais, afirmamos.

Mas quais são os motores mais eficientes e simples do mundo? Não são os elétricos? O esportivo Roadster, da Tesla, um dos primeiros esportivos elétricos a serem apresentados, possivelmente o primeiro em escala comercial, possui um motor do tamanho de um liquidificador doméstico. Faz de 0 a 97 km/h (escala americana, 0 a 60 mph) em 3,6s, desbancando vários porsches por aí.

E o que se pode dizer da energia elétrica? Em seu estado contido, podemos vê-la? Produz fumaça, odor? Diretamente, possui massa que possamos mensurar usando apenas nossos sentidos?

Apesar de muitos de seus efeitos não serem nada sutis, a energia elétrica (e outras formas de energia) são sutis per se. É a força disponível, que pode ser empregada quando necessária, sem necessariamente provocar alarde.

E o Amor?

O Amor é uma força ativa. Semelhante a água, ele preenche. Novamente, nós, que julgamos precisar de ruído, sempre toma-mo-lo pela paixão, e se seu frenesi e ruído estiverem ausentes, aí não enxergamos o amor.

Mas o amor se faz presente ainda assim, e quando ele age, preenche. Dissipa questionamentos, faz-nos esquecer daquelas dúvidas com relação a nossas próprias capacidades. Resolve problemas em andamento, previne criemos novos problemas, mas, sobretudo (e o que vai muito além disso), nos possibilita descobrirmos novos caminhos, e simultaneamente, termos a disposição de trilhá-los.

Entendamos - a paixão não é uma coisa negativa ou indesejável. A paixão é uma das expressões do amor, e como tal, é uma energia, ou uma ferramenta, e como todo meio, perigoso desde que nos controle, multiplicador de possibilidades, desde que o controlemos.

Mas ao limitar as expressões do amor (que ainda estamos em processo inicial de conhecimento) tão somente aquelas primárias, que envolvem as sensações mais básicas, agimos semelhante a grandes motores: consumimos muitos recursos, e damos poucos resultados.

Fechamos nossos círculos de possibilidades àquelas do que nos é conhecido, do jogo de cintura, do medo do novo e de descobrirmos que nosso potencial de hoje é indigente, perto do nosso potencial provável de daqui a pouco, quando amamos, e amar começa - nunca termina - em nos amarmos a nós mesmos.

quarta-feira, agosto 15, 2012

Saudades

Que me importa saber sem sentir
Ou sentir sem notar
Ou notar sem saber.

Que me importa viver sem amar
Ou amar sem querer
Ou querer sem saber.

Que me importam caçadores de recompensas
Deputados, notários, ministros

Que me importam a rima,
As pessoas do imperativo afirmativo,
Que me importa saber sem saber.

Me importa tu, me importa ti, me importa nós!

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