quarta-feira, fevereiro 03, 2010

A coisa certa

Nem sempre é fácil fazer a coisa certa.

Naquela metáfora do diabo num ombro e o anjo noutro, cada um pesando os prós e os contras, podemos encontrar uma realidade e uma dicotomia muito mais íntimas, na constatação de que somos chamados a decidir entre lados opostos de nós mesmos.

O egoísmo diz: "faça o que é melhor para si, os outros são problemas deles mesmos, não importa nada senão obter o que quer a qualquer preço".

A consciência prudente, quando desenvolvida, diz: "Considere o que tuas atitudes representam para esta pessoa. Considere o que representariam se estivesse no lugar dela. Considere o que elas representariam se esta pessoa fosse o que há de mais importante para você."

Não fosse o lado egoísta, fazer a coisa certa nunca seria doloroso. Seria apenas gratificante. Mas, nas raras vezes em que a consciência vence esta batalha, ainda fica um gostinho amargo de falta. O ego deixou de ser satisfeito, e como criança, fica emburrado no canto, contando as supostas maldades que recebeu, com algum exagero.

O ego a tudo quer se agarrar, todos os laços, reais ou imaginários, quer acorrentar. O ego é o carcereiro das realizações humanas.

Somente a consciência liberta, e deixa voar. Ainda quando longe está de ser indolor.

6 comentários:

Marina S. disse...

mas algumas vezes devemos levar em consideração também o nosso egoísmo, pois infelizmente não podemos só dar, dar tdo de nós, temos que nos preservar um pouco para nós mesmos, é meio triste, mas eu acho que é assim hehehe

Alexandre disse...

A gente deve ouvir ao instinto de sobrevivência e ao bom senso :-) Não podemos permitir ser explorados, não é mesmo? Mas isto não é egoísmo, é cuidar do que temos de mais precioso: de nós mesmos. Não se pode dar o que não se possui, se não temos cuidado conosco, não podemos cuidar de ninguém.

O meu post é mais no sentido de não ser o explorador, pois sê-lo seria imensamente pior que ser explorado
:-)

E é onde o egoísmo nos leva, se deixamos que ele assuma o controle.

Crescer, de verdade, não é fácil. Tanto que tem gente que nunca consegue, os ossos cansam, as rugas vencem, mas a alma, continua de criança, incapaz de cuidar de si, e tudo exigindo dos outros. Felizmente, numericamente, são excessões, assim como o extremo oposto, que é ainda mais raro. :-)

E você ainda não me disse qual o end. do teu blog? :P

Anônimo disse...

Certas coisas sao vistas como ego. O Ego não é de todo ruim. Sem o ego nao reconhecemos o nosso proprop valor, sem o ego, nao nos sentimos orgulhosos de um feito nosso. E isso não é mal. A linha é o equilíbrio, sempre o equilíbrio.

Alexandre disse...

O conceito de ego que uso está mais pra uma extrapolação do termo egoísta do que propriamente o usado por Jung ou Freud, embora tenha semelhanças com a psicologia transpessoal: o ego sendo a parte superficial da consciência, a auto-imagem do ser.

Ora, o ser humano é dotado de orgulho, e dele exagera: Quando se percebe melhor que os outros, eis o egoísmo. O termo egoísmo é carregado de um exagero, um desequilibro inato, não dá pra dizer que ele (o termo) é neutro.

Todas estas coisas, tais como percebermos nosso próprio valor, ou termos ... eu diria felicidade (pq orgulho é um termo que deveria ser desambiguado) diante de nossas próprias realizações, são coisas que podem ser percebidas sem detrimento dos demais, sem ter que rebaixar ninguém. Quando uma pessoa com consciencia alcança algo, ela apenas sente felicidade, ignorando até o pensamento sobre o esforço feito. Uma pessoa egoísta envaidece-se de imediato, pensa que o seu pequeno ato foi um grande ato de heroísmo e gaba-se de tê-lo feito com perfeição que ninguém mais teria ...

Neste sentido, o meu termo "ego", aproxima-se do termo egoísta, não o interprete como neutro. No meu texto, ele é a criança birrenta, eternamente insatisfeita, que quer os brinquedos só pra si. Não tente passar a mão na cabeça dela hehehe :)

Eu precisaria conhecer mais de psicologia, em particular a transpessoal, pra escolher termos melhores, mas acredito q expliquei o significado do termo, *para o texto que escrevi tão somente* :P

Banana disse...

Gostei do texto!
Infelizmente (ou não) somos naturalmente egoístas, portanto, sempre será doloroso.
Bjos!

Alexandre disse...

Aí que tá. Dá mesma forma que os demais animais, não podemos escolher o que sentir. Mas podemos perfeitamente escolher o que fazer com o que sentimos. Ter o domínio disto é um exercício. E doloroso. Mas a medida em que percebemos que os maiores beneficiários deste domínio somos nós mesmos, tudo vai ficando mais fácil e compensador.

Então, controversamente, por egoísmo, podemos deixar de ser egoístas. E com o tempo, já não é por egoísmo que agimos, mas por quê sabemos dosar até onde vão nossos direitos e onde começam os dos demais. Mais que isto, ver o direito dos demais respeitados nos pode trazer tanta satisfação quanto ver os nossos próprios.

Novamente, é doloroso, leva tempo. Mas só requer força de vontade e convicção de que é um processo falho; Muitos erros são cometidos e repetidos, até obter o primeiro acerto.

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