Esqueceste teu coração em algum ponto da estrada.
Há tanto, tanto tempo atrás, que tuas memórias traem-te, fazendo-te pensar que nunca o teve. Parece que dia após dia, o peso das rudezas da vida te fizeram portador de pesada armadura, asfixiando o ser que ama e que sorri.
Viajou os sete mares, provou os banquetes dos reis, viu as (hoje inúmeras) maravilhas do mundo, entretanto, quando senta-te a sós contigo mesmo, não consegues disfarçar o vazio que te habitas.
E tentaste: usaste de todas as fugas, procuraste todos os tóxicos, leste todos os livros. Teu cérebro, incapaz de encontrar a razão acima da razão, te conduziu a escuros labirintos de vãs filosofias apressadas, que te propuseram a imposição de teus pontos de vista através desta ou daquela revolução de cunho imediato, que no entanto, jamais chegou a se realizar.
De dentro de tua concha, clamas auto-suficiência, mas apesar de molhares o pavio de tua lamparina n'água de falso pedestal, esta insiste a brilhar, em despeito a tuas mais fortes injunções contra ti mesmo.
Quando, em nome de tua própria sanidade, irás te libertar das teias que teceste pra ti?
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