quarta-feira, novembro 03, 2010

Até hoje

Nossos caminhos cruzaram em um momento imperfeito. O que daí adveio foi, inexorável e inevitavelmente, incompleto.

E como não poderia deixar de ser, aqueles breves momentos, aquele teu sorriso, ganharam outras significações, com o passar das luas.

Não sei ao certo o que levaste de mim, mas sei que de ti levei muita coisa. Coisas que sei não intentei roubar, e que talvez nem tenhas me ofertado, mas a intimidade possui mesmo esta capacidade de multiplicar no outro ser aquelas coisas que só existem em nós. Isto acontece em família, acontece nos amores completos, que formam planetas, mas, mais raramente, também acontece entre observadores e as estrelas cadentes (cuja passagem é notável, mas fugaz).

E é isto que foste, uma estrela cadente, que marcou minhas lembranças com teu sorriso e capacidade de brilhar, mas que continuou a trajetória própria, rumo ao destino que escolheste, muito antes de seres observada por este admirador de céus, que te identificou como luz sonora, em meio a negra madrugada silenciosa.

Nunca pude explicar, até por não compreender, este sentimento de gratidão em que te conservo. Lhe sou grato, até hoje, por nada menos que apenas existires.

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