quarta-feira, novembro 10, 2010

Quem planta vento...

Tomar consciência é muito mais do que estar informado, fazer leve ideia, enxergar detalhes em um retrato em poucas dimensões. Não basta decompor fragmentos e se acercar deles, tampouco basta ter uma visão geral à distância, sem foco. É necessário estar imerso, fazer parte do contexto, e aí receber ideias contrárias, percepções diferentes. O atrito (que não precisa ocorrer necessariamente em estado de contrariedade) gera a agitação térmica, a entropia que falta para estimular novos aprendizados.

Tudo isto é verdadeiro. A vivência não poderia ser simplesmente abstração à distância, ato imaginativo ou deslocamento intelectual momentâneo, desprovido do devido aprofundamento, sob diversos ângulos e conseqüências.

Entretanto, nisto, como em tudo, existe a possibilidade do abuso, do "overshoot": se é bem verdade que há uma miríade de aprendizados que só se realizam com o comprometimento e a imersão, podemos dizer mesmo que apenas com a experiência, esta, por si só, se não for internalizada, é inútil; Em alguns casos mesmo danosa, e, nestas circunstâncias, visivelmente desnecessária.

Temos todos a inteligência mais ou menos desenvolvida, para que seja utilizada em suas máximas potencialidades.

Nos atirarmos em direção a penhascos, ou empreendermos vôos noturnos ignorando as probabilidades, a devida preparação, e a necessária motivação, é dirigirmo-nos rumo a decepção, é expormo-nos a experiência francamente inútil (no melhor dos cenários), cujas conseqüências poderiam ser antevistas pelo pensamento, dispensando aventuras empíricas.

O que é ainda mais grave é quando, além de não usar a inteligência, não consideramos as experiências mal sucedidas do pretérito, insistindo na fórmula mística improvável de que seria possível obter resultado diferente combinando os mesmos elementos, nas mesmas proporções e circunstâncias.

Paulo, o apóstolo, registrou: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me conveem; Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam", num claro uso da razão em prol da análise qualitativa  das possibilidades do mundo, já que tempo desperdiçado não volta.

De que pode se queixar aquele que produz para si, conscientemente, conseqüências inúteis evitáveis?

3 comentários:

Anônimo disse...

Será que alguém que sempre cai produz para si as mesmas consequências inúteis é realmente consciente?

Anônimo disse...

Faltou um "e" entre "cai" e "produz" :P

Camila Custodio disse...

Mais uma vez a prova da sincronicidade! Não escrevi nada a respeito, mas justamente pensava nisto esses dias!
Colhe tempestade ou inutilidade? De qualquer forma, é importante estarmos atentos ao plantio.
Muitos frutos e flores para nós!
Beijo enorme!

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