quinta-feira, julho 28, 2005

Se ...

Se és capaz de manter a tua calma quando todo mundo ao redor já a perdeu e te ocupa de crer em ti, quando estão todos duvidando e para estes, no entanto, achar uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares, ou, enganado, não mentir ao mentiroso, ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, e não parecer bom demais nem pretensioso;

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires; De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores;

Se, encontrando a derrota e o triunfo, conseguires tratar da mesma forma a estes dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que dissestes, e estraçalhadas as coisas pelas quais lutaste nesta vida, e refazê-las com o bem-pouco-quase-nada que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, e perdes, e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida; De forçar coração, nervos, músculos, tudo, a dar, seja o que for, que neles ainda existe e a persistir assim quando exausto, contudo resta a vontade em ti, que ainda ordena: persiste!

Se és capaz de falar com a plebe, e não te corromperes; Andar entre reis, e não perder a naturalidade, e de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se todos podem contar contigo, mas nenhum sequer espera demais de ti;
E se és capaz de dar, segundo por segundo ao minuto fatal todo valor e brilho;
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo e - o que é muito mais - serás um homem, meu filho!

(Rudyard Kipling, Poeta e Escritor, cuja criação mais popular é Tarzan; A tradução recebi por e-mail, mas como me pareceu mais uma adaptação do que outra coisa, eu dei umas pinceladas para "desadaptar" alguns excessos que a meu entender empobreciam o sentido original. Talvez ao fazê-lo eu tenha piorado as coisas, mas a intenção era boa...)

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