segunda-feira, janeiro 24, 2011

Mesmo homem, mesmo rio

É. Heráclito de Éfeso disse que um homem não cruza o mesmo rio duas vezes. Justificava ponderando que, da segunda vez que tentasse, nem seriam as mesmas águas, e nem seria ele o mesmo homem.

De um ponto de vista material, é fácil ver sentido, no que tange ao rio. Quanto ao homem, ainda de um ponto de vista material, é sabido que com o tempo, grande parte de sua composição molecular já foi substituída, pois que quase todas as células do corpo possuem vida relativamente curta, em comparação a expectativa de vida do conjunto.

No entanto, do ponto de vista das sensações, quando cruzei o rio pela segunda vez, me pareceu o mesmo. E eu percebi, forçadamente, que ainda era o mesmo homem, com as mesmas conquistas, mas, sobretudo, com as mesmas limitações e falhas.

Até pior, do ponto de vista das percepções mais imediatas, pois que, desta vez, eu já não demonstrava a mesma tolerância, a mesma esperança. As mesmas águas que me conduziram a margem, somando-se as minhas forças, agora pareciam, na ausência destas últimas, me dragar ao fundo.

Mesmo rio, mesmo homem. Até quando?

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