sexta-feira, janeiro 28, 2011

Do mal menor

Existe uma idéia algo tentadora de que, as vezes, seria possível fazer certa quantidade de bem, mas para isso, seria necessário fazer um pouco de mal.

Quando a proporção de bem parece absurdamente maior que o mal, especialmente quando este último parece, por comparação, tão insignificante, que chega mesmo a parecer, por contraste, que não é mal, especialmente quando te parece que qualquer efeito nocivo pode ser revertido, aí essa idéia parece mesmo inevitável, uma oportunidade em um milhão. Quem deixaria passar?

Você! Você, que lê, se ainda não caiu nesta cilada, não caia...

Quando as pessoas envolvidas se arvorarem em torno de teu julgamento, não pense que o prato do bem estará automaticamente preenchido e que seu peso na balança será automaticamente contabilizado a teu favor. As pessoas não enxergam automaticamente ações dúbias (e não posso tirar-lhes a razão) como passíveis de produzir quantidade representativa de bem.

Então, antes de, apressadamente, se colocar em uma situação que provavelmente não tens condição de medir o preço, pense bem: este pode ser bem maior do que aparenta. Há situações que não nos pertencem, e se o único meio (aparente) de fazer muito bem, é com uma atitude questionável, se abstenha: para o observador externo, é impossível fazer a coisa certa do jeito errado. E talvez, até mesmo de modo absoluto, o observador externo possa ter toda a razão do mundo, ainda quando você recorde da animação que a idéia te produziu e do bem que esperava almejar. Só você recordará, e se isto pode ter te parecido mais do que suficiente, eu te adianto, meu amigo, que dificilmente o será.

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