terça-feira, janeiro 18, 2005

Se eu pudesse...

... dizer todas as coisas que me ocorrem, e fazê-las entendidas;
... amar da mesma forma que sou amado;
... desatar todos os nós;
... derrubar todas as muralhas que nos separam, e no lugar destas, estender pontes;
... entender por que algumas pessoas precisam derrubar as outras para sentirem-se "bem";

Se eu pudesse, por alguns instantes, dizer o que me vai no coração, e conseguir fazê-lo de forma clara, mas, na verdade, nem eu mesmo entendo, as vezes, como as coisas são.

A verdade é que eu ainda começo a aprender sobre a vida. Que o mais importante não precisa ser dito. Que talvez nunca seja tarde demais para recomeçar.

Ela estava ali, sentada, pálida, abatida, com as lágrimas já secas marcando o rosto. No seu coração sentia imenso vazio, sem saber onde ir, nem por que. Pensava no que faria da sua vida, agora, que tudo havia mudado. Não sabia mais quem era, mas sabia que não era mais quem fora até então.

E foi nestas condições que Ele a encontrou, ao adentrar a porta de sua pequena moradia. Ao vê-lo, ela se aproximou e desabafou, contando da angústia que lhe invadia a alma. Do vazio. De não saber mais para onde ir.

Ele a acalmou, e levando-a até a janela, interrogou:
- Minha filha, o que vê, ali, logo adiante?
Ela olhou, e se apercebendo do lugar apontado, comentou:
- Eu vejo ruínas, do que antes fora uma casa. Há apenas destroços de madeira.
E ele, satisfeito com a observação, sorriu, mas acrescentou:
- Olhe com atenção. O que mais você vê?
- Eu vejo flores. Sim, há algumas pequenas flores, nascendo ali, entre os escombros.

Ele, sorrindo, a segura pelas mãos, e olhando em seus olhos, aponta para as ruínas da velha casa e exclama:
- Se meu Pai permite que a vida venha a renascer ali, entre os escombros de uma casa que já não tem serventia, por que não haveria de permitir que o mesmo acontecesse na intimidade de uma de suas amadas filhas?

E foi ali, naquele dia, diante daquela paisagem, que Maria Madalena percebeu o sentido da vida.

Todos queremos perdão quando erramos, mas quantos de nós estamos aptos a perdoar?

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