quinta-feira, agosto 04, 2005

Primeira Impressão?

Dizem que a primeira impressão é a que fica.

Quando o caminho de duas pessoas se cruzam, momentâneamente, se estabelece uma conexão direta na teia da vida. Isto acontece a todo instante, quando somos clientes que entramos em um estabelecimento comercial e somos atendidos por alguém; Quando somos o médico que aperta a mão do paciente de longa data ou recém chegado, quando encontramos na rua ou em qualquer lugar aquela pessoa que pode vir a ser uma amizade por toda a vida ou pode seguir sua vida indiferente ao contato conosco.

Quando estes encontros se dão de forma casual, é quase certo que a primeira impressão é a que fica. Se somos bem atendidos em uma empresa ou perguntamos informações a um estranho, e o mesmo responde de forma cordial, guardamos desta pessoa boa lembrança, e a julgamos por esta impressão, já que, desta pessoa, a primeira impressão é provavelmente tudo o que temos.

No entanto, não somos rochas sólidas, somos criaturas bastante maleáveis e que agimos de acordo com muitas premissas: nosso estado emocional, nossos interesses pessoais, etc.

Por vezes, a pessoa que não nos trata como certamente mercemos, na primeira vez que com elas nos deparamos, talvez pudesse ser um dos nossos melhores amigos, não fossem as circunstâncias e a primeira impressão que delas conservamos: antipáticas, mal-educadas, pessoas terríveis.

E talvez ainda, a pessoa que se encontra neste estado de espírito se recupere, e mais tarde, enfrentando a mesma situação, saiba se sair bem, sem precisar recorrer ao mal humor, a grosseria, ao passo que aquela que nos passa a impressão de ser cordial e simpática não se saia nada bem, se tiver de enfrentar a mesma dificuldade.

Isto pra não mencionar o fato de que algumas das pessoas que nos tratam bem só o fazem por interesses excusos. Mas deixemos este ponto para lá.

O que pretendo imputar aqui é que a primeira impressão, seja boa ou ruim, não precisa ficar, podemos ir além. Aquela pessoa que nos parece boa, pode não ser, ou ser ainda muito mais do que a impressão que dela temos, o que frequentemente também é verdadeiro.

Os julgamentos de valor apressados tendem a ser superficiais, e por vezes mesmo aí são falsos.

Neste sentido é que mostram seu valor as boas amizades, daquelas que tendem a permanecer por toda a vida, mesmo quando estes amigos estão tão longe que deles não temos mais notícias, ou tão perto a ponto de conhecer todas as nossas imperfeições.

Por que a amizade é esta coisa maravilhosa que faz com que as pessoas, por idênticas ou diferentes que sejam entre si, possam compreenderem-se e apoiarem-se mutuamente.

Aquelas pessoas que já são capazes de abrirem mão de si, ainda que por breves instantes, para socorrerem a um amigo, ou apenas estarem presentes, nos momentos bons ou ruins, estas pessoas já começam a perceber que, muito além das impressões, a amizade verdadeira é fundada no mais puro e desinteressado amor.

Amigos de verdade são como irmãos que podemos escolher para formar a nossa família. A família do coração.

E a primeira impressão, na amizade, nunca fica. Boa, ótima ou ruim, ela sempre é superada.

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