Tradeoff é um conceito usado em economia e descreve um aspecto simples porém fundamental ao processo decisório que, em suma instância, é a base das relações comerciais.
Uma entidade, seja uma pessoa, uma empresa, um governo, ou o que for, dispõe de recursos limitados, que são insuficientes para atender, ao menos de imediato, as suas necessidades.
O tradeoff consiste em ter de abrir mão de uma opção em detrimento de outra, como consequência de uma escolha, já que não se pode ter todas as coisas. Assim, também é dito que o preço que se paga por uma coisa é a soma do que abrimos mão para possuí-la.
Por exemplo, ao escolher estudar a noite, eu enfrentei um tradeoff. Abri mão do que eu podia fazer neste horário, sair com amigos durante a semana para bater papo, fazer cursos exporádicos ou não, ficar em casa vendo tv, etc.
Para realizar uma coisa, é necessário abrir mão de outra, ou de outras. Algumas vezes, abrimos mão apenas da prioridade, ou seja, deixamos de realizar algo agora, na esperança de podermos fazê-lo mais tarde. Mas nos expomos ao risco de jamais conseguir.
É interessante notar que embora este conceito já me fosse familiar (em informática existem muitos tradeoffs e são estudados com o mesmo termo e significado), eu confesso que não tinha usado o conceito para explorar melhor aspectos da minha própria vida pessoal.
Numa tentativa superficial de fazê-lo, percebi que nesta vida já enfrentei muitos "tradeoffs", mesmo sem necessariamente me dar conta que o fazia.
Não percebi que ao escolher ser quem eu sou, e me forjar neste sentido, optei por abrir mão de coisas que, por vezes, em vão tento encontrar. Ou de valores que não posso mais coadunar, conciliar.
Definitivamente, não se pode ter tudo. Não se pode querer tender as estrelas, mantendo os pés presos no pântano. Dirão alguns que não se pode alcancar as estrelas, e muito dos que isso dizem dão-se por satisfeitos em dividir o pântano malcheiroso com muitos que pensam de igual modo. Para justificar sua pusilanimidade, buscam refugio no fatalismo. "A vida é assim, as pessoas são assim, as coisas jamais vão mudar."
Concordo com este último ponto. As coisas jamais vão mudar. Ao menos enquanto esperarmos que o mundo mude, que os outros mudem, que tudo mude, enquanto que alguns de nós, com areia movediça até o pescoço, tentemos nos convencer que é a fatalidade que nos afoga no lodo, e não nossa própria covardia preguiçosa.
Se para seguir meu caminho, for preciso que minha mente aceite deixar para trás, de vez, aqueles aspectos da minha vida que, em verdade, já não fazem parte do presente, só me resta dizer: - Que assim se cumpra.
Nesta vida, escolhemos a trilha e a velocidade pela qual queremos percorrer. Em determinada altura, julgamos que não há mais outro caminho a tomar. E seguimos, ainda que este caminho seja tão errado a ponto de até nós sabermos. Ainda que saibamos que semeando há tanto tempo, jamais colhemos os frutos que imaginávamos que já teríamos colhido.
O conceito por detrás do tradeoff é que tudo na vida tem um preço, e só nós, os tolos metidos a espertos, pensamos que por vezes, conseguimos enganar esta lei da vida.
Mas enganar é enganar-se, e neste mundo verdadeiramente incrível, os tolos se acham sábios e os sábios se sabem tolos. Não que eu seja qualquer um dos dois, afinal, a mediocridade ainda me colhe, ao menos até aqui.
Eu já disse antes: Os tempos são chegados. É a hora. O mundo começa agora.
Quanto as estrelas, na metáfora das metas perfeitas e distantes, o desafio não consiste propriamente em alcança-las, visto ser pouco provável a qualquer homem conseguir. Assim como o cruzeiro do sul, que é um guia que nos mostra o sentido ao qual devemos percorrer, como fosse um farol a guiar aos navios o sentido da costa e das barreiras de corais, os ideais são objetivos que nos indicam uma direção. Encontrar um cais, o porto seguro, compete a cada capitão.
O objetivo não é atingir o farol, ou as estrelas, mas saber para onde se caminha e porquê tentamos tanto chegar lá.
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