Por vezes nos vemos convidados a analizar a forma pela qual as pessoas passam a fazer parte de nossas vidas. Por exemplo, quando nos recordamos das amizades, ficamos tentando lembrar como foi que conhecemos estas pessoas, as coisas que compartilhamos, os momentos que passamos juntos, mas de maneira mais especial como foi que aquela pessoa passou a ser tão importante para nós.
As vezes fazê-lo é algo simples, mas por vezes ainda é complicado, ou mesmo engraçado, como aqueles casos de pessoas que no começo não nos damos bem mas que aprendemos a respeitar e podem, com o tempo, até estar no círculo de nossos melhores amigos.
Acho que parte desta dificuldade talvez esteja no fato que somos educados para valorizar as igualdades em detrimento das diferenças que nos compõe, noutras palavras, talvez sejamos instruidos a discriminar e estabelecer conceitos de piores e melhores seres humanos, como se (e supondo ainda que fazê-lo seja possível, tenho minhas dúvidas) fosse algo simples.
Não sei vocês, mas creio que até então eu nunca tinha feito o processo reverso: me perguntado como foi que entrei na vida das pessoas. Talvez por que tenha sido sempre algo dentro de um padrão de normalidade, e salvo poucas excessões, acho que nunca foi por nada muito especial, mesmo nos casos em que creio vim a me tornar algo representativo na vida das pessoas.
A pergunta que me fiz e que me levou a esta pastelada toda foi a seguinte: será que, por acaso, eu as vezes não entro na vida das pessoas do jeito errado? Será que eu não influo as pessoas de modo a tirá-las do seu caminho natural, a torná-las mais confusas? Me pergunto por que, para bem ou para mal, eu sou muito reflexivo e por vezes acabo contaminando as pessoas ao meu redor. Fico sempre querendo ver as questões pelos mais diversos ângulos, o que pode ser bom pra mim (de imediato lembro que há casos em que só me meto em confusão), mas pode ser que nem todo mundo esteja preparado pra isso e neste caso eu as estaria prejudicando.
Também me questiono se as vezes não fico tentando ocupar um lugar que não é meu. Tentar ser amigo, me achegar, rápido demais, no sentido de constranger as pessoas que não estão acostumadas a se exporem a fazê-lo, sem mesmo saber se podem confiar em mim e até que ponto, sem terem desenvolvido aquele nível de intimidade que só o tempo e a vivência constróem.
Eu faço tudo que posso para não influenciar as pessoas, por que em geral eu gosto delas como elas são (há excessões, naturalmente) e tenho receio de mudá-las. Acho que não aconteceu, mas em tese eu penso que as poderia influenciar negativamente.
Porém, ao mesmo tempo, me parece ser impossível conviver sem influir. Quando buscamos o nosso melhor, isto naturalmente influencia as pessoas (não necessariamente de uma forma correta), da mesma forma como quando damos vazão aquelas fraquezas de caráter que todos as trazemos conosco (por exemplo, me irrito facilmente quando estou envolto em meus pensamentos e sou interrompido para me perguntarem coisas que eu já havia respondido antes, sendo que eu também faço a mesma coisa com os outros e portanto não deveria me achar no direito de queixar -me, e ainda assim, me queixo). Também da mesma forma, dar mau exemplo, embora seja algo sempre condenável, não necessariamente influi em alguém de forma negativa (alguém pode me ver irritando e pensar lá com seus botões: credo, não quero ser como este daí, que perde a paciência por qualquer coisa. Neste caso, o meu mau exemplo vira um bom exemplo: não do que a pessoa deve fazer, mas do que não deve fazer. Na vida tive muitos referenciais do que não deve ser feito e não tantos quanto eu precisava do que deveria ser feito. Naturalmente que isto não escusa as faltas que servirem de exemplo, por que elas podem ter tido efeitos negativos a quem as gerou e a terceiros que lhes sofreram os danos).
Espero que, apesar dos pesares, algum bem que eu possa ter feito supere os eventuais dissabores que eu criei (que não foram poucos). Espero que as vezes que eu me meti na vida das pessoas, que fui me chegando onde talvez não fosse o meu lugar, que eu não as tenha prejudicado.
Antes de tudo creio que no meio desta confusão toda, eu vou aprendendo o significado de uma palavra que é muito mais usada do que compreendida, muito mais dita do que vivida, algo que em geral esperamos sempre dos outros mas nem sempre tentamos fazer nós mesmos: vou aprendendo o que é amar.
Espero eu que na melhor definição que esta palavra possa ter. Neste mundo há muita confusão em torno disso. E tenho muito a aprender.
Mas isto é assunto pra outro dia.
Eu os deixaria com toda a paz do mundo, se a ela eu tivesse acesso.
Na falta de possuir a luz do sol, deixo-vos com o reflexo de uma pequena e inconstante chama.
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