Se eu pudesse voltar o tempo, faria alguns pequenos ajustes.
Naquelas circunstâncias em que eu podia ajudar e me esquivei de fazê-lo, eu tentaria fazer melhor. Especialmente por que, hoje vejo, não me custaria nada, ou quase nada.
Nas vezes em que me revoltei por que as pessoas mentiram para mim, eu procuraria lembrar das vezes em que eu também menti, e sobretudo, das vezes em que fui perdoado por isto.
Todas as ocasiões em que apressei as coisas, em que não deixei o tempo agir com a naturalidade que lhe é própria, todas as muitas vezes que eu não soube esperar... Nestas, eu buscaria a paciência e o cuidado necessários, especialmente quando disto dependesse preservar as pessoas que me são caras.
Nos momentos em que eu busquei as fugas ao invés de enfrentar os problemas, eu tentaria respirar fundo e esperar aquela parte do cérebro que, apesar de ser meio lenta pra funcionar, acaba conseguindo resolver as coisas sem apelar para nenhum tipo de desespero; Tentaria pensar e agir ao invés de simplesmente reagir.
Não obstante, o tempo passa rápido. E com isto, vai deixando para trás as oportunidades aproveitadas ou não, e trazendo outras que se configuram diferentemente: as quase mesmas situações são reapresentadas em contextos distintos daqueles que já experimentamos, de modo que por vezes sequer nos damos conta que o que parece novo problema é tão ou mais antigo do que nós.
Cada um de nós carrega em si a soma daquilo que está desenvolvido bem como daquilo que ainda resta desenvolver. Do que em nós pode, com a mesma facilidade, construir ou destruir. A possibilidade da esperança ou da desistência, da realização ou do fracasso, sendo que este último é sempre temporário, e quem aprendeu isto provavelmente não o fez senão a duras penas.
Se não podemos voltar atrás, talvez possamos ao menos olhar para o hoje de uma forma diferente daquela a que nos permitimos acostumar, e, apesar do céu cinzento e da chuva tristonha, que cai incessantemente e por vezes parece não querer ir embora, talvez possamos nos lembrar que se pudessemos voar até o céu, veríamos acima do tapete cinzento que estaria sob nossos pés, o sol que brilha sobre todos, justos e injustos que o somos, indiferente a nossa descrença e esperando apenas pelo momento propício de raiar por através das nuvens, recobrando as esperanças daqueles que nos permitimos esquecer que o que viveremos amanhã é determinado quase que tão somente pelo que hoje completamos ou deixamos por fazer, sendo que neste último caso, vamos continuar desejando pudessemos voltar o tempo, tentando fugir do lugar e circunstâncias a que pertencemos: aqui e agora.
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