segunda-feira, novembro 15, 2004

Once, upon a time.

- O
- Seja bem vindo. O que posso fazer por você?
- Gostaria de solicitar uma audiência.
- Uma audiência? Com alguém em particular?
- Com alguém que esteja apto a conversar comigo e me ajudar. Qualquer um.
- Pois não, irei chamar alguém. Aguarde aqui um instante, imperador.
- Por favor, não me chame assim. É embaraçoso. Sequer tenho império sobre minha própria vida. Estou aqui para pedir ajuda.
- Desculpe, não quis constrangê-lo. É que embora faça muito tempo, eu recordo daqueles tempos como se fosse ontém. O senhor foi grande, apesar dos pesares.
- Ninguém torna-se grande para cair. Se cai, é por que nunca fora verdadeiramente grande. Sou inferior a muitos dos que me serviram. Em verdade, carrego grande culpa, devido aos abusos que cometi naqueles tempos.
-Se me permitir a curiosidade, nunca entendi o porquê de os seus dias terem sido tão radiantes e depois tão trágicos. Libertou varios povos, e depois escravizou varios outros, terminando por empobrecer o seu próprio. O que houve?
- Ah, a ambição, soubesse eu o preço dela. O sentimento que me movia era o de liberdade, assim como a maioria de meus melhores generais e fieis conselheiros. Mas o poder é algo assim tão ilusório, é como uma paixão, que multiplica tuas forças desde que tu a uses para algum fim louvável, mas que te esmaga como fosses inseto caso deixe que ela assuma o controle. É semelhante a um carro que te permite ir rápido, mas que te leva a morte caso não segure firme as rédeas.
Outros povos, outros reinos, poder, sempre o poder. Quase perdi meu próprio povo pela fome e pela peste que permiti se instalasse em nosso reino, é verdade, porém a justiça me alcançou antes que eu fosse culpado pela extinção de toda uma gama de vidas, juntamente com sua cultura, que deixou legados que hoje formam as bases de grandes civilizações.
- Creio que entendo o que me diz. Então diria certamente que não valeu a pena?
- Todo o poder? De que vale ganhar o mundo e perder-se a única coisa que realmente se pode ter nesta vida ingrata, que é o império sobre si mesmo?
- Desculpe-me pela curiosidade, mas não é todo dia que se pode saciá-la. Ah, veja, recebi a comunicação. O senhor será atentendido pelo sr. Hernesto, que irá lhe encaminhar ao departamento diretor, onde será recebido pelos conselho tutelar de nosso estabelecimento.
- Agradeço a deferência, mas gostaria de ser tratado como fosse um transeunte qualquer, pois é o que sou, na verdade.
- Aqui não concedemos privilégios a ninguém. Se o conselho determinou atendê-lo diretamente, é por uma boa razão.
- Assim sendo, acato a determinação do conselho com muita honra, e me confio em vossas mãos.
- Olá, seja bem vindo. Me chamo hernesto, o senhor me siga, por gentileza.
- Agradeço por ser recebido. Guia-me os passos.

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