sábado, fevereiro 12, 2005

Pra frente

A princípio, pensei em escrever sobre algo engraçado. Pensei em bochechas avermelhadas, de alguém que nos é especial, quando fica com vergonha. É algo ao mesmo tempo lindo, intrigante e ... engraçado. Mas acho que ninguém entenderia exatamente do jeito que eu entendo, e aí talvez não fosse assim, engraçado.

Pensei em escrever sobre o George Bush, fazer alguma piada depreciativa. Mas não tem nada de engraçado nele. Se caisse uma bigorna de aço na cabeça dele, talvez o mundo se tornasse um lugar melhor, talvez não, mas de qualquer forma eu não veria graça nisso, seria uma cena de mau gosto.

Então desisti de escrever sobre algo engraçado. Resolvi escrever sobre coisas sérias. Sobre algo que me intriga. A discrepância entre como vejo o mundo e o mundo me vê.

Eu as vezes acho que sou de aço inox, de titânio, enfim, de qualquer coisa invulnerável. É claro que estou enganado quando penso assim.

O mundo as vezes acha que sou de vidro, de cristal, de papel. As pessoas tentam me poupar das menores coisas, como se eu não tivesse estrutura para tolerar a verdade. Eu tenho lá minhas fraquezas com relação a mentira, odeio descobrir por meus próprios meios que mentem pra mim. Mas a verdade, por pior que seja, é a realidade, a gente tem que viver com ela e seguir em frente, não há segunda opção. Então é igualmente óbvio que, do meu ponto de vista, as pessoas se enganam ao tentar me preservar.

Eu me considero bastante independente do ponto de vista de tomar decisões. Não gosto nem um pouco que tomem decisões por mim. Quando decidem me preservar, estão escolhendo o que eu posso ou não posso suportar, e limitando minhas opções de escolha. Oras, ainda que eu não pudesse fazer a escolha certa, ela seria minha escolha, e quero ser responsável por ela. Então, por favor, se algum dia a bomba endereçada a minha pessoa cair na mão de vocês, não sentem em cima e deixem explodir. Simplesmente me passem.

Tem uma diferença muito grande entre tentar ter um bom coração e ser "bonzinho". Este último tenta agradar a todo mundo, ainda que para isto ele fique em cima do muro ou se abstenha de fazer a coisa certa. Não quero ter nada a ver com esta postura, então não me confundam como tal.

Eu prefiro estar errado por conta própria do que certo na imaginação dos demais. Então, por favor, não me guardem numa redoma. Eu sou gente. E tento ser gente boa, na medida de minhas possibilidades. Nem sempre é possível, ainda.

Mas a gente segue em frente. É para onde se vai, quando se quer chegar a algum lugar. Quando não se quer, qualquer recanto nas laterais da estrada serve. Mas neste caso, onde se está nunca está bom; E a vida continua uma busca incessante por coisa nenhuma, por momentos que não se perpetuam e por lembranças que perdem seu valor. O tempo passa e não espera, enquanto vendemos por trocados tudo aquilo que não tem preço.

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