Imagine um agricultor, imensamente feliz pois seu filho pretende cursar agronomia na cidade grande, para mais tarde, voltar e cuidar da fazenda da família. Imagine ainda que esta felicidade é uma grata surpresa, por que antes, o filho nunca havia demonstrado nenhum interesse em nada.
Então, o pai banca os estudos, livros, moradia, lhe oferece um carro, e tudo mais. O filho retorna apenas para as férias, mas parece insatisfeito. Não para muito tempo em casa, vai as cidades vizinhas e só volta no dia seguinte, para dormir até tarde.
O pai pensa que seja muito justo, pois afinal, são as férias, e seu primogenito tem mais é que se divertir, aproveitar a vida, pois passa o ano com a cara nos livros.
Um dia, no inicio do ano que deveria ser o seu ano de graduação, vêm a notícia de que o seu filho morreu de overdose. Dirige-se a cidade, e toma as providências para retirada do seu corpo, e fica sabendo, através de colegas e professores, que o seu filho nunca havia sido um bom aluno. Faltava aulas, só pensava em festas, e, eventualmente, acabou tomando gosto pela droga, um caminho do qual jamais voltou.
O que passa na cabeça deste pai, eu não sei. Em seu coração, menos ainda.
Só sei que, metaforicamente, e mantidas as devidas proporções, este filho sou eu.
E não hei de morrer por overdose.
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