"The only thing necessary for the triumph of evil is for good men to do nothing" -- Edmund Burke
"A única coisa necessária para o triunfo do mal é que os homens de bem não façam nada".
Não é necessário roubar, matar, violentar. Basta cruzar os braços. Basta ser cúmplice. Basta fingir que não vemos. Permitir os abusos.
Não é preciso ser o gerador da corrupção, o que se convencionou chamar por corrupto ativo. Basta tirar proveito da corrupção, ou se calar sobre a sua existência. Não é preciso deixar de seguir a regra, basta abrir uma excessão, do mesmo modo como para vazar uma caixa d'agua não é preciso quebrá-la, basta abrir uma pequena rachadura.
Onde, o homem de bem em mim? Se não tenho sido senão egoísta? Desde que a condição se tornou desfavorável a mim, só tenho feito revoltar-me. Meus espinhos afloraram, e, uma vez mais, afastei e afastei-me daqueles que me são caros. Como se eu tivesse o direito de passar meus problemas adiante, sob qualquer justificativa.
Onde, o homem de bem, se a todo testemunho que sou chamado a dar, só tenho unhas e dentes? Se ao amor que me devotam, não respondo senão com mágoa e decepção?
Agora conheço, em parte, a causa de meus tormentos. Olhei mais além no espelho, e tenho vergonha do que vejo.
Muito tempo será necessário para reparar o mau que causei, mais pela minha negligência do que por ação ostensiva.
Nem todos os erros são facilmente corrigíveis. Alguns deixam cicatrizes.
Muitas pessoas desejariam ver o que eu vejo, sentir o que sinto, saber o que sei, e muito possivelmente saberiam melhor do que eu o que fazer com isto tudo. Eu, ingrato, renego as bençãos que recebo, e as trato fossem maldições, quando na verdade, só as são se eu assim quiser. Se bem que querer não é bem o termo, mas é o começo.
Tenho muito por fazer. Levará tempo. Mas já sei onde chegar, e como.
Só lamento não ter sido justo. Dia virá em que todas as injustiças que cometi serão reparadas. Ao menos, viverei, e se necessário for, morrerei tentando.
E isto levará muito tempo. Mas eu prevejo o futuro. E se num primeiro momento não acreditei, e depois me desesperei, agora vejo mais claramente. Não há o que temer. Não há por que ser assustador, quando se tem um pouco de confiança na vida.
Ainda isto por vezes me falta: um pouco de confiança na vida. No caso, em se tratando de mim, que sou pé atrás com quase tudo, é "um pouco muito", mas tudo tem jeito, não?
Espero que sim. Pois as vezes em que ousei confiar, a vida não me decepcionou. Foi quando duvidei, que os problemas começaram. Aposto que tem gente que trocaria de lugar comigo sem pensar duas vezes. E eu maldigo minha vida!?
Ah, a ingratidão! Me envergonho!
Mas não me rendo: Agora que sei as regras da batalha, lutarei com meu melhor. Humildemente espero vencer. Digo humildemente por que tenho sido arrogante, incrivelmente arrogante e grosseiro. Não sei a troco de quê.
Um dia ainda descubro por que fazemos as coisas pelo avesso, quando seria mais fácil ir direto ao ponto. Orgulho? Provavelmente...
Sei que já disse isso, e quando disse isso, falhei, mas insisto: eu hei de vencer. Não tem outro jeito :-)
Por enquanto, me calo. Palavras são só palavras. É necessário que os atos que lhes seguem as dignifiquem, para que valham alguma coisa.
P.S..: Quando eu faltar com a humildade, autorizo qualquer um a me cutucar. Se eu retrucar, diga que eu autorizei. Saberei me calar :-)
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