quinta-feira, julho 22, 2004

Liberdade

Sartre dizia que estamos condenados a sermos livres (se ele bolou a frase ou plagiou a ideia, pouco me importa), o que é um paradoxo dos mais interessantes.

A liberdade é atributo essencial do ser humano. Onde quer que estejamos, o que quer que almejemos fazer, a liberdade lá está, pois, ainda que tolhida, ainda que estejamos impedidos de alcançar o objeto de nossa vontade, não deixamos por isso de sermos responsáveis, não perdemos com isto a liberdade de fazer escolhas.

A problemática das escolhas, daquilo que optamos fazer, é que configura a condenação de que discorre a sentença. Estamos condenados a fazer escolhas, e disto não podemos nos eximir. Quando cruzamos os braços e dizemos: "sinto muito, não posso fazer", ou "está além das minhas capacidades", ou "isto não é problema meu", ou coisas semelhantes, estamos optando por esta postura, ela não nos foi imposta, e nem poderia ser.

Quando as coisas não saem do jeito que queríamos e desistimos de tentar encontrar outros meios, escolhemos desistir.
Quando nos abstemos de escolher dentre uma das opções que imaginamos ou que nos são apresentadas, escolhemos não optar. Não podemos dizer que fomos obrigados, pois se nos obrigaram, escolhemos sermos subjulgados, provavelmente por não podermos suportar as consequências que nos seriam impostas, caso agissemos de outra forma.

Somos mais que liberdade. Somos consciência, somos o cogitar, somos uma variedade infinita de atributos que frequentemnete entram em choque, dificultando mas permitindo que encontremos nossas opções, e com base nelas, façamos nossas escolhas, nem sempre de forma racional, e frequentemente de forma subjetiva.

Somos escravos de nossa própria liberdade, somos escravos do que cremos.

Somos senhores, e escravos, de nós mesmos.

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