O preço da insegurança pode ser a eterna infelicidade?
Essa pergunta, à qual respondo em seguida, veio a propósito do artigo aqui publicado, "O Amor é Lindo", e que suscitou diversas manifestações de leitores sobre as maneiras e maneiras de relacionamentos íntimos nos tempos que seguem.
Uma dessas indagações dizia respeito, justamente, à insegurança que pode atrelar o "amante" ao "amado" de maneira tão brutal que a condição básica do relacionamento (ora, o amor...) simplesmente deixa de existir como tal. Passa a ser perversão ou apenas dominação, mas nada que chegue perto da generosidade e isonomia que são condições sine qua non do mais belos dos sentimentos.
Imagine aquele que ama com condições.
Sim, condições! Amo-te muito, mas você precisa corresponder a uma série de pré-requisitos, manter tais e tais atitudes, desempenhar quais e tantos papéis, senão estará fadado ao esquecimento que cruelmente vou dedicar a você.
O outro pode não aceitar, claro, mas quantos aceitam?
Aquele que é "amado", na insegurança de perder este suposto benefício, em tempos de tantas e tão massacrantes solidões, aceita o jogo. Anula-se, submete-se, molda-se. Pode parecer inconcebível, mas a tirania dessa concepção de amor tem características que só o incomensurável mistério da alma humana pode permitir supor. Ou seja, tudo é possível. Até deixar de ser feliz com medo da... infelicidade...
(Luis Caversan / Folha de São Paulo / 25/09/2004)
Nenhum comentário:
Postar um comentário