Aquelas lembranças que deixei para trás
Sobre as coisas que aconteceram cedo ou tarde demais
O que não devia ter feito e o que deixei de fazer
As pessoas que me enganaram, e as pessoas que enganei
As pessoas que me queriam mal, e as pessoas que eu não mais quis ver
Sobre o medo de dizer "Eu amo você"
O medo de ouvir "mas eu não e jamais irei"
O desejo de ouvir "Eu também"
O choro triste de sentir-se rejeitado
O riso triste de ter cometido uma vingança
O terror banal de não saber viver
O mal que eu fiz
O bem que deixei de fazer
As lágrimas que não pude secar
Os dias que não fiz brilhar
São algumas das lembranças que deixo para trás. Não por que eu me esquecerei delas, mas por que o sentimento a elas associados já não me pertence. Muita coisa já não me pertence.
Para começar vida nova, é preciso deixar a vida velha. As vezes é mais compensador atravessar a fronteira nu e sangrando do que coberto da velha armadura enferrujada. As vezes é melhor deixar os móveis velhos e cheios de pó para trás e comprar móveis novos no destino.
Somos quem podemos ser, nos instantes em que podemos ser. E por vezes, ainda diante das coisas mais belas, sinto meus joelhos fraquejarem e caio. Mas há outras vezes, diante das coisas mais simples e singelas, que ninguém provavelmente vê valor, que simplesmente sinto-me cheio de gratidão por aqui e estar e por viver. E algo dentro de mim grita com toda força: você pode não saber ainda, mas é um vencedor.
É o que acontece, quando vemos que um dia seremos quem sonhamos ser.
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