quarta-feira, outubro 20, 2004

Perdão

Perdoem-me.

Um dia os ofendi, e se não o fiz, é quase certo que virei a fazê-lo um dia. Portanto, perdoem-me.
É tão difícil perdoar. É até mais dificil do que ser sincero, neste mundo que nos ensina a mentir.

Dizemos: "Eu perdoo. Mas não atravesse na minha frente".
Como se isto fosse perdoar.
Ou então: "Perdoo mas não esqueço". Tá certo, não precisa esquecer, ao menos não esquecer o que houve. Mas é perfeitamente possível esquecer a ofensa, no sentido de deixar para trás.

As vezes sou tão egoísta. Fico envolto em minhas próprias paranóias e esqueço que o mundo segue tal qual é. Que as obrigações não esperam por mim. Nada, nem ninguém, espera por mim, e é assim que deve ser.

Perdoem-me. Se tenho esta imensa vontade de voar, mas não tenho para onde. Se tenho esta imensa vontade de fugir, mas não tenho o porquê.

Se, não importa quanto goste de vocês, não consigo entender certas coisas.
Se quando se aproximam demais, ou se afastam demais, eu me revolto.

E sobretudo, perdoem-me se não consigo perdoá-los, por vezes. Mesmo das ofensas que nem sequer cometeram.

Não é fácil ser humano. Todos o sabemos. Mas nem por isso precisa ser triste, penoso. Infelizmente, desaprendi isto, e o trabalho de reaprendizado é mais complicado do que pensei.

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