terça-feira, agosto 17, 2004

Significantes

As vezes levantamos da cama filósofos, ainda que tenhamos horror a filosofia (e não o tenho).

Ontém estava assim. Levantei questionando qual meu papel no mundo. Qual a relevância do que eu fazia, se o que eu fazia trazia felicidade ou algo bom, a alguém que fosse, além de mim.

Além de mim, por que, quanto a mim mesmo, naquele instante, não me via com nenhuma utilidade.
De repente, todo o meu trabalho, quase todas as coisas pelas quais me interesso no mundo, pareciam muito distantes. E muito insignificantes.

Me sinto assim as vezes, com relação a um ou outro ponto, mas ontém todos os questionamentos se fizeram presentes, ao mesmo tempo.

Acho que ontém mesmo tive as respostas. Hoje, as vi reforçadas.
Se vistos individualmente, do ponto de vista dos bilhões de pessoas que há no mundo, realmente parecemos, todos, insignificantes. Mas não o somos.

Observemos o nosso mundo, as coisas que nos rodeiam. Observemos o universo, os corpos celestes em suas órbitas de perfeição matemática, que influem uma sobre as outras, como aliás, tudo parece influir em tudo...

A abundância de minerais, a perfeição dos cristais, cuja estrutura molecular é geralmente uma obra de arte do equilibrio.
Os vegetais, das mais diversas ordens, dos talófitos aos carvalhos, que medem vários metros e sobrevivem aos séculos...
Os animais, que demonstram inteligência limitada, porém dinâmica, maleável...

Este é o cenário de nossas vidas... Nele representamos nossos papéis...
E num cenário tão perfeito, não é possível que os atores sejam insignificantes...
É verdade que, muitas vezes, alguns de nós cometemos atos que levam alguns a dizer que preferem os demais animais, limitados, do que a espécie humana.
É igualmente verdade que o explendor de nossas civilizações deixa muito a desejar em todos os quesitos...

Mas é impossível não ver que há uma infinidade de possibilidades lá fora, esperando por aqueles que as desvelam, que as mostram ao mundo.

Exupery dizia que a perfeição é atingida não quando não há mais nada a se adicionar (e eu interpretaria que sempre há algo a se adicionar), mas quando não resta nada a ser removido, posto de lado.

Nós, em nossa perfeita imperfeição, somos os có-autores do universo. Não o criamos, e limitada é nossa capacidade de alterá-lo. Porém, ainda dentre destes limites, é infinito o nuance de construções que podemos realizar, em todas as áreas.

Não tenhamos medo de sermos nós mesmos, mas estejamos certos: além de arquitetos da superfície do mundo, somos arquitetos de nós mesmos, talvez seja esta nossa maior obra.

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