quinta-feira, setembro 09, 2004

Amigos, ainda não sei...

Ainda não sei como você vê a vida. Talvez, pelo que você me fale, eu consigo imaginar de leve, as vezes. Mas não consigo ainda ver a vida com os seus olhos, não importa se nos conhecemos ontém ou há 20 anos... Portanto tenha paciência com meus pontos de vista, e lembre-me quando eu esquecer que esta regra também vale para mim ...

Ainda não sei o que pensa a meu respeito, exceto pelo que você me diz. Lhe asseguro que ao menos parte do que lhe vai a mente é verdade. Mas não sei se te assusto as vezes, é provável que sim. É difícil me entender. Mudo de opinião como quem muda de roupa. Como já diziam, não tenho vergonha de mudar de idéia, vergonha é não ter idéia p/ mudar. Mas sei que isto assusta, as vezes. Outra coisa é que cansei, já há muito tempo, de tentar me fazer agradável. As vezes sou assim mesmo, espinhento, paciência. O que não prometo é ser perfeito, a esconder meus defeitos, a disfarçar meus temores, e minhas iras. Fiz isto a vida toda, e o resultado foi mais temores e mais ira. Se alguém se afastar de mim por isto, estará perdendo o lado bom, que não deve ser assim tão indigno do esforço. Não quer dizer que tenha que aturar minhas excentricidades. Quando eu for um pé no saco, alto lá. Sei calar-me quando é necessário, mas as vezes não sei quando é necessário, favor avisar :-)

Ainda não sei como me vê em sua vida. Não sei, a menos que me diga, se sou apenas mais um conhecido, mais um colega que chama de amigo por educação, se sou ou serei o ombro a quem você recorre quando tiver com problemas, ou se serei aquele que eventualmente se torna referêncial de alguma coisa. E não quero dizer eu que quero ser um dentre estes tipos, pois estou disposto a ser o que você me permitir ser. Eventualmente podemos discordar do tamanho de nossa amizade e do espaço que ela deve ocupar, mas com o tempo estas coisas se ajustam. Todos gostamos de ter nossos limites respeitados, inclusive este que te escreve. Mas este limite não deveria ser a distância entre a terra e a lua, talvez, entre uma quadra e outra.

Ainda não sei se você realmente estará em minha vida pelo tempo que eu gostaria que estivesse. Amanhã, você pode chegar e me dizer que está indo morar no exterior, ou sei lá onde. E isto pode até não influir na nossa amizade, mas pode criar mais daquelas saudades que já não são poucas.

Ainda não sei se você entenderá que este texto não é dirigido a alguém em particular, embora esteja na segunda pessoa do singular. É dirigido sim a você, e a vocês, que são ou estão, e a você, e a vocês, que ainda virão.

Ainda não sei se você, que já não é e não está, mas que um dia por ventura foi, entenderá o que digo. Talvez isto valha para você também, se estiver disposto a substituir as muralhas e os espinhos por pontes e rosas.

Ainda não sei se você compreende o que a sua amizade representa em minha vida. Talvez nem eu saiba, ainda. Mas de todo modo, mesmo que mal nos conheçamos, é sempre bom ter amigos. Insisto que a vida se encarrega de manter próximos de nós (apesar de toda a eventual distância física) aqueles que nos são importantes.

Ainda não sei por que escrevo, se, provavelmente, muitos de vocês jamais lerão isto aqui...

Obrigado pela amizade, pela paciência. Desculpem-me quando os decepcionar (e estejam certos de que o farei, mais de uma vez, se tivermos o tempo necessário para tal).

Espero, aos poucos, agregar estima a vossas vidas, um dia, tanto quanto, estejam certos, vocês agregam a minha.

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