quinta-feira, setembro 09, 2004

Clarisse

"Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado
Quem diz que me entende
Nunca quis saber" -- Clarisse / Legião Urbana

Que vazio é este que torna o ser humano, tão rico e cheio de possibilidades, num autófago, num suicida inconsciente e o permite a mais absoluta pobreza moral?

Este, que pode ser senhor de suas idéias, por que transforma-se em escravo delas, das mais absurdas utopias, por que tudo vira verdade absoluta, inquestionável, a ponto dele morrer por elas?

Por que se julga suficientemente forte para morrer por algo, e não percebe que é inexoravelmente mais digno viver pelo que acredita, todos os dias de sua vida? Somos tolos, suicidas insensatos. Se não nos matamos de uma vez, o fazemos aos poucos, encurtando nossas possibilidades no sofrimento evitável e na tortura incessante de nós mesmos.

Imolamos nossos corpos, nossa saúde, na busca de quimeras, do prazer fácil, de culpa, de perdão, do que quer que seja.

Se o ser humano carrega em si os germens de todas as virtudes, por que planta-os no pântano do egoísmo, para ver morrer sua sementeira?

Por que dizer "Amor omnia vinciti", se em pensamento, acrescenta "pero no mucho"?

Insensatos são sempre os outros, no que diz respeito a nós mesmos, estamos sempre certos, não? Pobres de nós.

Mas de que estou reclamando? The show must go on.

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